Variabilidade genética e morfológica inter e intrapopulacional de
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Variabilidade genética e morfológica inter e intrapopulacional de
Ana Carina Silva Pereira Variabilidade genética e morfológica inter e intrapopulacional de Syngonanthus mucugensis Giul. e S. curralensis Moldenke (Eriocaulaceae) espécies ameaçadas de extinção, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Feira de Santana - BA 2006 Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Ciências Biológicas Pós-Graduação em Botânica Variabilidade genética e morfológica inter e intrapopulacional de Syngonanthus mucugensis Giul. e S. curralensis Moldenke (Eriocaulaceae) espécies ameaçadas de extinção, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Ana Carina Silva Pereira Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana para obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientadora: Profª. Drª. Ana Maria Giulietti (UEFS) Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo Leite Borba (UFMG) Feira de Santana - BA 2006 ii Banca Examinadora ______________________________________________________ Prof. Dr. Cássio van den Berg ______________________________________________________ Prof. Dr. George Sephered ______________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Leite Borba Co-orientador e presidente da banca Feira de Santana - BA 2006 iii No mistério do Sem-Fim Equilibra-se um planeta E no planeta, um jardim E no jardim, um canteiro No canteiro, uma violeta E sobre ela, o dia inteiro Entre o planeta e o Sem-Fim a asa de uma borboleta. Cecília Meireles iv AGRADECIMENTOS O ato de agradecer e o sentimento de gratidão devem acompanhar a todos aqueles que buscam viver de maneira lúcida a sua existência. Assim, sinto-me muito à vontade em tecer alguns agradecimentos sinceros e necessários. Diante dos frutos de alguns meses de trabalho este sentimento se amplia e o primeiro impulso é o de agradecer a VIDA por todas as oportunidades de crescimento que se apresentaram nestes anos de vivência acadêmica, sim porque cresci como profissional, mas, sobretudo como ser humano... e algumas pessoas participaram deste processo de maneira muito intensa e que realmente marcaram a minha vida. Aos meus pais toda a minha gratidão, porque são acima de tudo meus grandes amigos...daqueles que sempre acham que agente é a melhor coisa do mundo! Sem vocês eu não estaria aqui, vencendo mais uma etapa de minha vida e já planejando ingressar em projetos ainda mais desafiadores. Ao meu grande amor, Samuel, obrigada por todo carinho e compreensão, mas acima de tudo pela confiança e cumplicidade! E agora mais do que nunca com a chegada de nosso filho tão desejado e amado! Aos meus queridos e inesquecíveis amigos: Andréa Karla, Paty Luz, Maria Lia, Alexa, Sabrina, Marlon, Ricardo (Lamol), Adilva, Reyjane Patrícia (Mamy), e a todos os colegas da pós-graduação. A minha irmã do coração Edlaine (Nane) pela cumplicidade amorosa em relação aos meus anseios como profissional e tudo o mais! Também não posso deixar de agradecer pelos momentos de “póia” que vivemos juntas desde a graduação (eu ainda vou escrever um livro!). Ah! Reyjane Patrícia também vai ser personagem desta obra literária. Agradeço sincera e profundamente a Eduardo L. Borba, que nestes anos de convivência, se tornou muito mais que um orientador, mas um referencial como v professor e pesquisador! O que aprendi com você vou levar por toda a minha vida em qualquer área em que esteja atuando, e uma das grandes lições que aprendi foi sobre a importância do compromisso pessoal que devemos assumir conosco mesmos em relação ao nosso trabalho. Obrigada! À professora Ana Maria Giulietti, também meus sinceros agradecimentos por ter me aceito como sua aluna, pela sua confiança e por todas as grandes contribuições a este trabalho! Não posso esquecer da sua capacidade em nos fazer acreditar sermos sempre capazes de fazer o melhor. A pós-graduação pelas oportunidades que dá a tantos alunos de desenvolverem seus trabalhos. Ao Projeto Sempre-Viva por todo o apoio, tão importante para desenvolvimento deste trabalho. Ao Irmão Delmar, cujo auxílio não foi menos importante. Ao CNPq pela bolsa concedida durante o mestrado. Ao Fundo Nacional do Meio Ambiente e a FAPESB pelo apoio financeiro. Enfim, a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho! Ana Carina vi SUMÁRIO Resumo …………………………………………………………………….........1 Abstract.…………………………………………………………………….........3 Introdução Geral……………………………………………………………......5 Capítulo 1 Variabilidade genética e morfológica Syngonanthus mucugensis Giul. (Eriocaulaceae), espécie ameaçada de extinção da Chapada Diamantina, Brasil: implicações para conservação e taxonomia....................................11 Capítulo 2 Variabilidade genética e morfológica em Syngonanthus curralensis (Eriocaulaceae) e espécies relacionadas, endêmicas da Chapada Diamantina, Brasil.......................................................................................54 Capítulo 3 Syngonanthus seabrensis e S. delfinensis: duas novas espécies de Eriocaulaceae de campos rupestres, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil.........................................................................................................102 Considerações Finais.............................................................................121 Referências Bibliográficas.....................................................................125 Apêndices................................................................................................133 vii RESUMO É apresentado um estudo multipopulacional utilizando isozimas e análise morfométrica multivariada, com espécies de Syngonanthus Ruhland (Eriocaulaceae), conhecidas popularmente como sempre-vivas. Foram estudadas no total 24 populações de 6 localidades da Chapada Diamantina: Mucugê, Rio de Contas, Catolés, Morro do Chapéu, Seabra e Delfino-Umburanas. O trabalho incluiu Syngonanthus mucugensis Giul. e o complexo S. curralensis Moldenke, S. hatschbachii Moldenke e S. harleyi Moldenke e dois outros morfos, inicialmente designados de S. aff. harleyi e S. aff. curralensis. De S. mucugensis foram estudadas populações dos municípios de Mucugê, Rio de Contas e Abaíra (Catolés). As análises desenvolvidas revelaram uma elevada diferenciação genética e morfológica entre populações do primeiro município e dos dois últimos, semelhante ao que é comumente registrado para populações congenéricas, o que é reforçado pela baixa identidade genética encontrada. Tal diferenciação encontra-se refletida morfologicamente no tamanho das estruturas vegetativas e reprodutivas, e optou-se pelo reconhecimento de uma nova subespécie para as populações de Rio de Contas e Catolés: S. mucugensis subsp. riocontensis A.C.S. Pereira & Giul. Desta forma, S. mucugensis subsp. mucugensis, a mais importante comercialmente, é um táxon micro-endêmico, o que agrava o seu status de conservação. Da mesma forma, a nova subespécie proposta tem distribuição muito restrita. O complexo S. curralensis e espécies próximas foi estudado através de populações coletadas nos municípios de Morro do Chapéu, Seabra e Umburanas. A variabilidade genética e morfológica foi considerada baixa para as populações de S. curralensis, sendo ainda menor em S. hatschbachii, S. harleyi e S. aff. curralensis. A estruturação genética e morfológica registrada para as populações de S. curralensis foi maior em relação às demais espécies. Foram encontradas diferenças genéticas e 1 morfológicas entre as populações de Morro do Chapéu e Delfino sugerindo a possibilidade de serem táxons distintos. A população de S. aff. curralensis apresentou divergência genética e morfológica em relação a S. curralensis tendo sido proposta a nova espécie Syngonanthus seabrensis A.C.S. Pereira, Giul. & Borba. Os resultados obtidos bem como observações em campo sustentam o reconhecimento de S. hatschbachii e S. curralensis como dois táxons distintos. A população de S. aff. harleyi apresentou elevada diferenciação aloenzimática, refletida na baixa identidade genética encontrada entre esta e as demais populações bem como elevada diferenciação morfológica, o que sustenta a proposição de uma nova espécie Syngonanthus delfinensis A.C.S Pereira, Giul. & Borba. Os resultados obtidos a partir deste estudo apresentam importantes implicações para a taxonomia deste complexo de espécies bem como para a conservação das mesmas. 2 ABSTRACT A multipopulational study was carried out in some species of Syngonanthus Ruhland (Eriocaulaceae), popularly known in Brazil as “semprevivas”. Isozyme patterns were investigated and a multivariate morphometric analysis employed, including 24 populations in six different municipalities of the Chapada Diamantina, Bahia, Brazil: Mucugê, Rio de Contas, Catolés, Morro do Chapéu, Seabra and Umburanas. The study included Syngonanthus mucugensis Giul. and the S. curralensis Moldenke species complex. This latter is composed by S. hatschbachii Moldenke, S. harleyi Moldenke and two other morphs, initially designated as S. aff. harleyi and S. aff. curralensis. Populations of S. mucugensis from three municipalities (Mucugê, Rio de Contas and Abaíra) were included in the study. The analyses revealed a high degree of genetic and morphological differentiation between populations from Mucugê and Rio de Contas/Abaíra, similar to what is usualy found in congeneric species. Such differentiation is also reflected morphologically, in the size of both vegetative and reproductive characters, leading us to recognize the populations from Rio de Contas and Abaíra as a new subspecies: S. mucugensis subsp. riocontensis A.C.S Pereira & Giul. The typical subspecies is a micro-endemic taxon, which is of considerable commercial importance and has an elevated conservation status. Similarly the new taxon has an restricted distribution, though it is less threatened. Populations of the S. curralensis complex, from the municipalities of Morro do Chapéu, Seabra and Umburanas were also studied. Those of S. curralensis displayed a low level of genetic and morphological variability, while populations of S. hatschbachii, S. harleyi and S. aff. curralensis showed even lower levels of variability. However, in S. curralensis, levels of genetic and morphological differentiation between populations exceeded that normally encountered between species. Those found between populations from Morro do 3 Chapéu and from Delfino suggested the possibility of recognizing them as a distinct taxa. Similarly, the S. aff. curralensis population showed significant genetic and morphological differentiation from populations of S. curralensis, leading us to recognize the former as a new species: Syngonanthus seabrensis A.C.S Pereira, Giul. & Borba. These findings corroborated field observations and also supported the recognition of S. hatschbachii and S. curralensis as two distinct species. The population of S. aff. harleyi showed high levels of alloenzymatic differentiation from all other populations, reflected in the low genetic identity, as well as the high degree of morphological differentiation, encountered between this and other populations. This suggest the recognition of a distinct new species: S. delfinensis A.C.S. Pereira, Giul. & Borba, to encompass this population. The results obtained from this study have important implications for the taxonomy of this species complex, as well as its conservation requirements. 4 INTRODUÇÃO GERAL A família Eriocaulaceae é constituída por cerca de 1.200 espécies, distribuídas em 11 gêneros, apresentando distribuição pantropical, porém com um maior número de espécies ocorrendo nos neotrópicos, especialmente nas montanhas da Venezuela e Brasil (Giuletti & Pirani, 1988; Lazzari, 2000; Sano, 2004). No Brasil, a distribuição geográfica da família está em grande parte restrita aos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço de Minas Gerais e Bahia, constituindo-se um dos grupos mais típicos destes ambientes (Giulietti, 1997; Lazzari, 2000; Sano 2004). Os campos rupestres são reconhecidos por sua grande riqueza de espécies e endemismo (Joly, 1970), sendo sua flora composta principalmente de elementos endêmicos, tanto no nível de espécies quanto de gêneros (Menezes & Giulietti, 2000). Em relação ao percentual de endemismo, estima-se que 30% dos táxons dos campos rupestres são exclusivos deste tipo de vegetação, sendo as taxas de riqueza e endemismo elevadas em Eriocaulaceae e Velloziaceae, de forma que os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço representam centros de diversidade destes grupos (Giulietti, 1997). De acordo com Giulietti & Pirani (1988), a família Eriocaulaceae apresenta interessante padrão de distribuição caracterizado por endemismo e microendemismo, compartilhado com outras famílias não relacionadas. É importante ressaltar que o grau de endemismo e raridade locais são importantes critérios para determinar áreas com potencial para conservação (Kruckeberg & Rabnowitz, 1995). O referido padrão de distribuição apresentado por diversas famílias comuns nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço pode ser explicado observando-se as áreas montanhosas, comparáveis a ilhas separadas umas das outras, senão por água ao menos pelas condições ecológicas muito diferentes que existem nas terras baixas (Harley, 1995). 5 Os representantes da família Eriocaulaceae podem ser distinguidos das demais monocotiledôneas pelo fato de apresentarem flores díclinas reunidas em inflorescências do tipo capítulo, que difere daquele apresentando pela família Asteraceae por se constituir de flores pediceladas (Lazzari, 2000). Giulietti (1997) descreve os capítulos das Eriocaulaceae como pequenos, alvos e delicados de textura paleácea, o que permite que conservem a aparência de vivos mesmo após a coleta. Por isso, algumas destas plantas são conhecidas popularmente como sempre-vivas, sendo comercializadas devido ao seu valor ornamental. A coleta de sempre-vivas constitui uma forma intensa de extrativismo e encontra-se associada à subsistência de comunidades que habitam as serras da Cadeia do Espinhaço (Giulietti et al., 1988) Grande parte das espécies de sempre-vivas pertencem ao gênero Syngonanthus Ruhl., que abriga cerca de 200 espécies, distribuídas nas Américas e África, estando a maioria delas localizadas no continente sul-americano, com altas taxas de endemismo no Brasil (Lazzari, 2000). Dentre as espécies de ocorrência restrita à Chapada Diamantina, porção baiana da Cadeia do Espinhaço, estão Syngonanthus mucugensis Giul. e S. curralensis Moldenke. Ambas as espécies têm sido comercializadas pelas comunidades locais como atividade econômica alternativa especialmente nas três últimas décadas em decorrência do declínio da atividade mineradora nestas áreas que conheceram grande riqueza durante os ciclos do ouro e diamante (Giulietti et al., 1996). A coleta dos escapos e inflorescências das semprevivas ocorre durante a floração, de forma que a retirada é feita antes do completo desenvolvimento dos frutos, o que certamente afeta a produção de sementes (Giulietti et al., 1996). O extrativismo destas plantas a partir das populações naturais, associado à sua distribuição restrita, tornou-as espécies atualmente ameaçadas de extinção. Embora ocorram outras espécies de sempre-viva em Mucugê-BA, S. mucugensis é a espécie com maior volume de comercialização na região, sendo 6 inclusive disponibilizada para exportação (Giulietti, 1996; Lazzari, 2000). As populações desta espécie formam manchas ou marimbas, razoavelmente bem distintas no alto das serras, as quais foram mapeadas e classificadas quanto ao seu status de conservação pelo Projeto Sempre Viva, mantido pela prefeitura no Parque Municipal de Mucugê-BA, em Boa, Regular, Ruim, Quase Extinta e Extinta, estando 17,5% destas populações enquadradas nas categorias Quase Extinta e Extinta (Funch & Borba, dados não publicados). Inicialmente a espécie foi considerada endêmica, com ocorrência restrita ao município de Mucugê, porção leste da Chapada Diamantina. Porém, Lazzari (2000) reconheceu outras áreas de ocorrência para o táxon na porção oeste da Chapada Diamantina, em Abaíra e Rio de Contas, o que teoricamente minimizaria a ameaça de extinção, uma vez que houve uma ampliação de sua distribuição. Lazzari (2000) relata algumas diferenças no tamanho das folhas, espatas, escapos e capítulos entre as plantas das diferentes localidades, sendo que os espécimes encontrados em Mucugê apresentam estas estruturas maiores em relação aos de Abaíra. Apesar de tais diferenças, a referida autora não propôs um novo táxon, uma vez que os demais caracteres vegetativos e florais são semelhantes entre si. Um estudo da variabilidade, tanto genética quanto morfológica, e sua partição, nestas populações possibilitam o melhor entendimento da variação encontrada para a espécie em questão. Syngonanthus curralensis apresenta distribuição disjunta entre a Serra do Curral Feio, município de Umburanas, e Morro do Chapéu, estando tais localidades separadas por terras baixas, encobertas de caatinga. Esta espécie de sempre-viva também tem sido alvo de comércio, além de suas populações estarem sendo ameaçadas devido a degradação do ambiente, registrada principalmente no município de Morro do Chapéu (Rêgo, 2003). A taxonomia do grupo tem se apresentado difícil, devido principalmente a 7 sua grande variação morfológica, que anteriormente serviu de suporte para o reconhecimento de categorias infra-específicas (Lazzari, 2000). Segundo Lazzari (2000), S. curralensis apresenta hábito semelhante a S. harleyi Moldenke, pois também pode apresentar rizoma ereto, ramificado dicotomicamente, sendo as características que as diferenciam indumento das folhas, tamanho dos capítulos e número de séries de brácteas involucrais. Ambas as espécies foram descritas a partir de materiais coletados em Umburanas, estando a distribuição de S. harleyi restrita a esta localidade. Em visita a áreas de ocorrência de S. curralensis em Morro do Chapéu, verificou-se a presença de populações compostas por plantas com caracteres muito semelhantes a S. harleyi, como caules alongados, ramificados e indumento foliar, coexistindo com populações de S. curralensis. Moldenke, em 1978, descreveu uma outra espécie relacionada, S. hatschbachii, a partir de material coletado em Morro do Chapéu. O mesmo autor posteriormente comentou a semelhança morfológica entre S. harleyi e S. hatschbachii, sugerindo que poderia tratar-se de categorias infra-específicas, sendo a segunda uma variedade da primeira. Recentemente, Lazzari (2000) propôs a sinonimização de S. hatschbachii em S. curralensis, apesar de o material tipo da segunda espécie apresentar caules mais curtos, folhas não densamente pilosas e flores maiores, quando comparado ao tipo de S. hatschbachii. Porém, a taxonomia deste complexo ainda não se apresenta satisfatória, levando a dificuldades de reconhecimento de espécimes coletados. Estudos de variabilidade genética podem ser utilizados como ferramenta de investigação por ecólogos e sistematas em diversos ramos, inclusive para verificar as afinidades e os limites entre espécies (Cava-Solé, 1999). Além de desenvolver análise de variabilidade genética por meio de marcadores isoenzimáticos, o presente trabalho se propõe a aliar a esta estudos de variabilidade morfológica, através de análise morfométrica multivariada, que também podem ser úteis para a taxonomia do grupo e 8 que poderão gerar implicações relevantes para a conservação da espécie. Além disso, o entendimento da estruturação genética das populações é de grande importância para o desenvolvimento de estratégias de manejo (Jesus et al., 2001). A variação genética de uma população pode ser mensurada pela heterozigosidade observada, que é o percentual de indivíduos que são heterozigotos para um dado loco gênico, sendo comum observar-se níveis muito baixos de heterozigosidade em espécies que estão ou que estiveram recentemente ameaçadas de extinção, uma vez que o endocruzamento e a deriva genética são inversamente proporcionais ao tamanho das populações (Cava-Solé, 1999). Estudos recentes com espécies de Acianthera (anteriormente Pleurothallis subg. Acianthera, Orchidaceae; Borba et al., 2001) e com Proteopsis argentea (Asteraceae) (Jesus et al., 2001) utilizando marcadores isoenzimáticos indicaram que a distribuição geográfica contribui na diferenciação genética das populações no sentido de que espécies endêmicas, com populações pequenas e fragmentadas, como P. argentea, podem estar sujeitas a reduzir a diversidade genética intra-populacional e aumentar a diferenciação entre as populações. Por outro lado, Borba et al. (2001) encontraram uma não esperada alta variabilidade genética em muitas populações de Pleurothallis e uma baixa a moderada diferenciação entre populações de uma mesma espécie. No caso de P. argentea, duas populações muito próximas, separadas por menos de 2 quilômetros na Serra do Cipó, apresentaram frequência de alelos invertidas e alelos restritos a uma população (Jesus et al, 2001). Tais estudos indicam que observando-se a diversidade genética no conjunto de populações de uma determinada espécie, a extinção de uma única população pode resultar na perda significativa de variação genética (Vitta, 2002), justificando a relevância de estudos de variabilidade para a conservação. 9 Embora exista proibição de coleta e comércio de sempre-vivas pelo IBAMA, o extrativismo para comercialização das inflorescências destas plantas ainda é elevado e até o presente momento não se conseguiu implementar o seu cultivo, o que aumenta o risco de extinção. A partir desta perspectiva o presente trabalho representa um esforço no sentido de contribuir na taxonomia das espécies em questão e fornecer subsídios para o melhor desenvolvimento de ações visando a sua conservação, e insere-se em um projeto desenvolvido pelo nosso grupo de conservação e manejo de espécies de Eriocaulaceae e outras famílias de plantas da Chapada Diamantina ameaçadas de extinção devido ao extrativismo, associando estudos de demografia, biologia reprodutiva, variabilidade, propagação e etnobotânica. 10 CAPÍTULO 1 Variabilidade genética e morfológica em Syngonanthus mucugensis Giul. (Eriocaulaceae), espécie ameaçada de extinção da Chapada Diamantina, Brasil: implicações para conservação e taxonomia. Artigo submetido para publicação no Botanical Journal of Linnean Society em dezembro de 2005. 11 RESUMO EXPANDIDO Dentre as espécies de Eriocaulaceae de ocorrência restrita à Chapada Diamantina, está Syngonanthus mucugensis Giul. que, devido ao seu valor ornamental, tem sido comercializada pelas comunidades locais como atividade econômica alternativa (Giulietti et al., 1988, 1996). Inicialmente acreditava-se que a espécie era microendêmica, com ocorrência restrita ao município de Mucugê, porção leste da Chapada Diamantina. Porém, Lazzari (2000) reconheceu outras áreas de ocorrência para o táxon na porção oeste da Chapada Diamantina, em Catolés e Rio de Contas, o que teoricamente reduziria a ameaça de extinção da espécie, uma vez que houve uma ampliação de sua distribuição. Lazzari (2000) relata algumas diferenças no tamanho das folhas, espatas, escapos e capítulos entre as plantas das diferentes localidades, sendo que os espécimes encontrados em Mucugê apresentam estas estruturas maiores em relação aos de Rio de Contas e Catolés. Apesar de tais diferenças, a autora citada não propôs um novo táxon, uma vez que os demais caracteres vegetativos e florais aparentemente seriam semelhantes, mas sugeriu que estudos posteriores deveriam ser desenvolvidos para elucidar a questão. Neste trabalho, foram investigadas a variabilidade e diferenciação genética e morfológica das populações de diferentes localidades de ocorrência registrada para a espécie. Foram desenvolvidas análises morfométricas multivariadas e estudos aloenzimáticos, e os resultados de ambas as análises foram correlacionados, com o intuito de esclarecer a taxonomia da espécie, e conseqüentemente, a sua distribuição real, e de levantar elementos que auxiliem no diagnóstico de seu status de conservação para o desenvolvimento de um plano de manejo de suas populações. Foram coletados 340 indivíduos provenientes de 10 populações naturais (seis de Mucugê; três de Rio de Contas e uma de Catolés). Desta amostragem, 200 indivíduos (20 por população) foram utilizados na análise morfométrica e a amostra total 12 empregada nos estudos aloenzimáticos. A variabilidade genética foi estimada de acordo com os seguintes parâmetros: proporção de loci polimórficos (P; critério 0,95), número médio de alelos por locus (A), heterozigosidade média observada (Ho) e esperada (He) por locus. A partição da diversidade genética entre populações conspecíficas foi estimada por meio da estatística F (Fis, coeficiente de endogamia que mensura deficiência de heterozigosidade devido a cruzamentos não ao acaso; Fst, mensura a diferenciação entre as populações; Wright, 1978). Análise de agrupamento foi desenvolvida a partir da matriz de distância genética (“unbiased genetic distance”; Nei, 1978) das populações utilizando UPGMA como algoritmo de agrupamento (Sneath & Sokal, 1973). A análise morfométrica foi conduzida a partir de 42 caracteres florais contínuos e descontínuos. Análise de discriminantes foi realizada e os coeficientes padronizados para as variáveis canônicas utilizados para detectar quais os caracteres responsáveis pelos padrões resultantes da análise. Foi desenvolvida análise de agrupamento utilizando a Distância Generalizada de Mahalanobis e UPGMA como algoritmo de agrupamento. A mediana da Distância Generalizada de Mahalanobis dos indivíduos ao centróide de suas populações foi calculada (D2m) (Goldman et al., 2004) e a partir de tais valores foi desenvolvida uma análise de variância não-paramétrica utilizando o teste de Kruskal-Wallis para verificar a ocorrência de diferenças significativas entre as medianas das populações conspecíficas. A análise de MRPP (“multi-response permutation procedure”) foi empregada para calcular a distância média entre os indivíduos das populações (Distância Euclideana Média - ED) e a “chancecorrected within-group agreement” (AMRPP) entre populações. Os valores de D2m e ED foram utilizados como índices de variabilidade morfológica, e AMRPP para mensurar a diferenciação morfológica entre populações conspecíficas, sendo correlacionado com o Fst (Borba et al., 2002). As análises de discriminantes e agrupamento foram desenvolvidas utilizando o pacote Statistica 5.5; MRPP utilizando PCOrd 4.10 (McCune 13 e Mefford, 1999) e análise de variância utilizando BioEstat 3.0 (Ayres et al., 2003). A análise de correlação não-paramétrica de Spearman foi desenvolvida entre variabilidade genética (He) e morfológica (ED e D2m), utilizando Statistica 5.5. O Teste de Mantel foi empregado para comparar as matrizes de distância genética (Nei, 1978), distância generalizada de Mahalanobis e de distância geográfica, utilizando a opção Monte Carlo no PCOrd (1000 aleatorizações). Os índices de variabilidade genética e morfológica encontrados foram considerados baixos a moderadamente baixos em todas as populações, sendo inferiores nas populações de Rio de Contas/Catolés (P= 14,3-21,4; A= 1,1-1,2; He= 0,03-0,06; D2m= 26,89-33,16) em relação às de Mucugê (P= 28,6-35,7; A= 1,3-1,5; He= 0,08-0,16; D2m= 29,00-45,08). Foi encontrado um elevado coeficiente de endogamia (Fis= 0,26), que pode ser explicado pelas características reprodutivas e de distribuição da espécie. Embora a espécie seja monóica e que não ocorra sobreposição temporal entre os ciclos de flores femininas e masculinas em um mesmo capítulo, o mesmo não é observado entre os capítulos de um mesmo indivíduo, entre os quais a sobreposição na antese dos ciclos ocorre, o que favorece o endocruzamento, uma vez que estas plantas são auto-compatíveis (Ramos et al., 2005). Além disso, a espécie é polinizada principalmente por insetos que voam curtas distâncias entre visitas (Diptera), podendo resultar em grande número de cruzamentos geitonogâmicos ou entre indivíduos aparentados, já que a dispersão de sementes é aparentemente limitada, gerando um padrão de distribuição dos indivíduos dentro das populações caracterizado pelo agrupamento de famílias (Ramos, 2005). Os valores de estruturação genética (Fst= 0,51) e morfológica (A= 0,18) foram elevados, evidenciando uma grande diferenciação entre as populações das duas localidades. A identidade genética média entre populações das duas localidades (0,81) foi muito inferior do que entre populações da mesma localidade (Mucugê = 0,98; Rio de 14 Contas/Catolés = 0,99), e são inferiores aos valores médios reportados para populações conspecíficas e próximo daqueles referentes a espécies congenéricas (Crawford, 1989; van der Bank et al., 2001). Estes resultados indicam tratar-se de dois táxons distintos embora relacionados, sendo proposto neste trabalho o reconhecimento das populações de Rio de Contas e Catolés como um táxon infra-específico, S. mucugensis subsp. riocontensis A.C.S. Pereira & Giul. As implicações taxonômicas decorrentes do reconhecimento de um táxon distinto para as populações da porção oeste da Cadeia do Espinhaço têm influência direta no status da conservação de S. mucugensis. Esta espécie é reconhecida novamente como uma espécie restrita aos campos rupestres da região de Mucugê, assim como o novo táxon proposto, que além de estar igualmente ameaçado devido ao seu valor ornamental, é endêmico das serras de Rio de Contas e Catolés. Desta forma, o status de conservação de S. mucugensis é agravado enquanto que a nova sub-espécie já é proposta com possível comprometimento de seu status de conservação. Os níveis de diversidade entre populações de uma espécie devem ser utilizados como critérios para priorização na conservação de populações (Chamberlain, 1998), de forma que, para espécies com altos valores de Fst, assegurar a preservação da diversidade alélica e genética implica em proteger um número maior de populações (Hamrick et al., 1991). Em relação às populações de Mucugê, que apresentaram uma maior variabilidade tanto genética quanto morfológica e maior estruturação desta variabilidade em relação às populações de Rio de Contas/Catolés, necessariamente mais populações e abrangendo uma área maior deverão ser protegidas a fim de conservar o patrimônio genético e potencial evolutivo da espécie. Porém outras estratégias relacionadas com o manejo devem ser delineadas, como o monitoramento de algumas populações e o enriquecimento a partir de genótipos provenientes de populações similares. Em relação às populações de Rio de Contas e Catolés, a diversidade genética e morfológica 15 encontrada foi menor, assim como a diferenciação de suas populações. Desta forma, em função da sua homogeneidade, uma única população pode conter uma maior proporção da variabilidade genética da espécie. Porém, é aconselhável a busca por novas populações e investigação de sua variabilidade, e se constatada a degradação das populações inicialmente estudadas, deve-se considerar o enriquecimento daquelas com baixa variabilidade, não sendo de forma alguma indicado fazê-lo a partir das populações de Mucugê. Em se confirmando a baixa variabilidade destas populações, deve-se desenvolver um plano consistente que assegure a conservação do novo táxon, uma vez que a referida condição natural de baixa variabilidade torna tais plantas vulneráveis a atividades como a coleta indiscriminada e degradação de habitat por atividades antrópicas. 16 Genetic and morphological variability of the endangered Syngonanthus mucugensis Giul. (Eriocaulaceae), from the Chapada Diamantina, Brazil: implications for conservation and taxonomy ANA CARINA S. PEREIRA1* , EDUARDO L. BORBA2 and ANA MARIA GIULIETTI1 1 Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Sistemática Molecular de Plantas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Rodovia BR 116, km 3, Feira de Santana, Bahia, 44031-460, Brazil. 2 Departamento de Botânica, Laboratório de Sistemática, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, 31270-901, Brazil Running title: Variability of Syngonanhus mucugensis (Eriocaulaceae) * Corresponding author. E-mail: [email protected] 17 Allozymic and morphometric studies were carried out on ten populations of Syngonanthus mucugensis (Eriocaulaceae), a species threatened by extinction from Northeastern Brazil. Genetic and morphological variability were low or moderately low in all populations, being lower in populations from Rio de Contas/Catolés (P= 14.3- 21.4, A= 1.1- 1.2, He= 0.026- 0.059, D2m= 26.893- 33.157) than in Mucugê (P= 28.6- 35.7, A= 1.3- 1.5, He= 0.078- 0.164, D2m= 28.99945.077). A high inbreeding coefficient (Fis= 0.257) was found, which can be explained by the reproductive characters and geographical distribution of the species. The values for genetic and morphological structuring (Fst = 0.512 and A= 0.175 respectively) were high, due to a differentiation between populations from the two areas. The mean genetic identity between populations from the two areas (0.812) was much lower than between populations from the same area (Mucugê = 0.980; Rio de Contas/Catolés = 0.997). These results indicate that we are dealing with two distinct taxa, and due to the nature of the morphological differences found, a new subspecies is described for the populations of the region of Rio de Contas and Catolés, S. mucugensis subsp. riocontensis. Such conclusions raise important implications for the conservation of Syngonanthus mucugensis, and will be used in drawing up management plans for its conservation. ADDITIONAL KEYWORDS: allozyme – campo rupestre – conservation – endemism – morphometrics – variability. 18 INTRODUCTION The Espinhaço range is the main mountain chain in Eastern Brazil, extending for more than 1000 km from north to south, from the middle of Minas Gerais State to the central-north of Bahia state. It consists of two main regions: the Diamantina Plateau in Minas Gerais and the Chapada Diamantina in Bahia. In these areas, the vegetation above an altitude of 900 m is known as campo rupestre, which is characterized by the occurrence of sandy and stony soils with herbaceous and shrubby vegetation in islands of outcropping, usually quartzitic, rock. The campos rupestres are renowned for their species richness (Joly, 1970) with many endemic elements, especially at the species level (Menezes & Giulietti, 2000). Due to the discontinuity between these mountain ranges, a large proportion of the species that occur on them are found as disjunct populations. This disjunction has been cited as one of the main factors in the differentiation of populations, leading to the high degree of endemism found in such areas (Giulietti & Pirani, 1988; Harley, 1988; Borba et al., 2001; Jesus et al., 2001). It has been estimated that 30% of the campo rupestre taxa are restricted to this vegetation type, with certain taxonomic groups, especially Eriocaulaceae and Velloziaceae, showing particularly high levels of species richness and endemism, and whose centres of diversity are to be found in these formations (Giulietti, 1997). According to Giulietti & Pirani (1988), the Eriocaulaceae present an interesting distribution pattern, also shared by other groups, characterized by endemism and micro-endemism. The genus Syngonanthus Ruhl. (Eriocaulaceae) contains around 200 species, distributed in the Americas and in Africa, with the greatest number occurring in South America and with a high degree of endemism in Brazil. Syngonanthus, and especially sect. Eulepis, with their beautiful flower-heads, are popularly known as “sempre-vivas” (Lazzari, 2000). Among of the species of this group which are restricted to the Chapada Diamantina, the Bahian part of the Espinhaço range, is Syngonanthus mucugensis Giul., which, owing to its ornamental value has been commercialized by local communities as an alternative source of revenue (Giulietti et al., 1988; Giulietti, 1996). The collection of the flowering scapes is made before the fruits have 19 developed, thus seriously affecting seed production (Giulietti et al., 1988; Giulietti, 1996). Extractivism of these plants from wild populations, together with their restricted distribution, is resulting in this and other species of Eriocaulaceae becoming seriously threatened with extinction. While other species of “sempre-vivas” are to be found in Mucugê, it is this species which presents the greatest volume of commercialization in the region, and is also among those available for export for decorative purposes (Giulietti, 1988, 1996; Lazzari, 2000). In Mucugê, populations of this species form patches on the tops of the mountains between 1100 and 1500 m. Such populations were mapped and categorized as to their conservation status, by the Projeto Sempre-viva (directed from the Municipal Park, which is maintained by the Mucugê corporation). The categories are: Good, Fair (Regular), Poor, Almost Extinct and Extinct. Of the populations on record, 17.5% of those examined were found to be in the categories Almost Extinct or Extinct. While IBAMA (Brazilian Institute for the Environment) has prohibited the collection and commercialization of this species, these activities are still continuing at an unacceptable level. Unfortunately, in spite of various attempts, it has still not yet proved possible to raise the plant in cultivation at a commercial level that would help to diminish the threat of its extinction in the wild. Giulietti (1996) in the original publication of this species treated it as a micro-endemic, restricted to Mucugê, on the eastern side of the Chapada Diamantina. However, Lazzari (2000) recognized other areas, in Catolés and Rio de Contas, on the western side of the Chapada, where she considered that S. mucugensis also occurred. Such an amplification of the species range would theoretically help to reduce the threat of its extinction. Lazzari (2000) mentions certain morphological differences that distinguish these plants from those from Mucugê, notably size differences of the leaves, spathes, scapes and capitula; these structures being larger in plants from Mucugê, compared to those from Catolés. In spite of these differences, the above author did not propose the recognition of the latter plants as a new taxon, as many of the vegetative and floral characters appeared to be similar in both groups. She suggested that further studies would be needed to elucidate this question. In this work, we propose to evaluate the variability and differentiation between the various populations from different localities, by means of genetic and morphological analyses 20 with the intention of clarifying the taxonomy of the species and consequently its actual distribution. Such information will aid the diagnosis of conservation status of the species, with a view to developing a management plan for conserving its populations. With this aim, we carried out an analysis of genetic variability using allozyme markers, and a morphological analysis using a multivariate morphometric analysis, correlating the results from both analyses. Such studies on Eriocaulaceae have been scanty, but they have already been employed in the Espinhaço range for other groups, such as Orchidaceae and Cactaceae, producing results that have proved useful in taxonomy, conservation and for an understanding of evolutionary processes and biogeographical patterns (Borba et al., 2001, 2002; Jesus et al., 2001; Lambert et al., 2006; Machado et al., submitted). This study is part of a project, developed by our group, on the conservation and management of species of Eriocaulaceae and other groups of plants in the Chapada Diamantina, which are threatened by extinction, due to extractivism and bringing together studies on demography, reproductive biology, variability, propagation and ethnobotany. MATERIALS AND METHODS SPECIES AND POPULATIONS SURVEYED Plants of Syngonanthus mucugensis (Fig. 1) used for this study were sampled from ten natural populations at three localities in the Chapada Diamantina, Bahia: Mucugê (six), Rio de Contas (three) and Catolés (one) (Fig. 2, Table 1). Great care was taken to collect individuals from different clones, because this species can reproduce vegetatively. We sampled a total of 340 individuals of which 200 were used in morphometric analysis and the total sample was used in allozyme electrophoresis. Leaves, for the genetic analysis, and inflorescences, spathes and scapes, for morphometric analysis, were collected. Vouchers are deposited in the herbarium of Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS, Table 1). ALLOZYME STUDY Small sections of leaf tissue were crushed in 0.3 mL of grinding buffer (100 mL Tris/HCl 0.1 mol/L pH 7.0; 6.846 g Sucrose; 0.6g PVP [Polyvinylpyrrolidone]; 0.0372g EDTA 21 [Ethylenediaminetetraacetic]; 0.145g BSA [Bovine Albumin]; 0.13g DIECA [Sodium Diethylcarbamate]; 0.6g BORAX and 100 μL β-mercaptoethanol; modified from Sun & Ganders, 1990). The extracts were absorbed in Whatman #3 paper and then applied to a Sigma starch gel. We used three buffer systems: system 1-electrode: boric acid 0.3 mol/L, NaOH 0.06 mol/L, pH 8.0; gel: Tris 0.01 mol/L, pH 8.5; modified from Shaw & Prasad (1970); system 2- electrode: histidine 0.065 mol/L adjusted to pH 6.5 with citric acid; gel: electrode buffer diluted 1:4; modified from Stuber, Goodman & Johnson (1977); system 3- electrode: lithium hydroxide 0.05 mol/L, boric acid 0.0935 mol/L, EDTA 0.0059 mol/L, pH 8.0; gel: electrode solution diluted 1:10; modified from Ridgway, Sherburne & Lewis (1970). Standard horizontal electrophoresis was performed until the inner marker (bromophenol blue) reached 9 cm from the application site using the following running conditions: system 1- 25 mA and 13mA; system 2- 150 V; system 325 mA. Eleven enzymatic systems gave enough resolution for reading and were used: buffer system 1: esterase (EST; EC 3.1.1.1), Acid Phosphatase (ACP; EC 3.1.3.2), Leucine Aminopeptidase (LAP; EC 3.4.1.1), Hexokinase (HK; EC 2.7.1.1), 6-Phosphogluconate Dehydrogenase (6PGD; EC 1.1.1.44), Glucose-6-Phosphate Dehydrogenase (G6PD; EC 1.1.1.49); buffer system 2: Malate Dehydrogenase (MDH; EC 1.1.1.37); buffer system 3: Phosphoglucomutase (PGM; EC 2.7.5.1), Phosphoglucoisomerase (PGI; EC 5.3.1.9), Isocitrate Dehydrogenase (IDH; EC 1.1.1.42), Shikimic Dehydrogenase (SKDH; EC 1.1.1.25). The staining procedures were similar to but slightly adjusted from Alfenas et al (1991; SKDH), Brune, Alfenas & Junghans (1998; LAP, ACP, EST, HK and G6PD), Corrias et al. (1991; IDH, 6PGD, PGI) and Soltis et al. (1983; PGM, MDH). Enzymatic systems showing more than one locus were numbered in ascending order from the locus with lowest mobility. The alleles were numbered according their mobility relative to the allele of a standard individual of Syngonanthus mucugensis present in all gels and designated as 100. The allelic frequencies were determinate by manually counting the banding patterns of the homozygotes and heterozygotes stained in the gels. Genetic variability for every population was estimated by the following parameters: proportion of polymorphic loci (P; 0.95 criterion), mean number of alleles per locus (A), observed (Ho) and expected (He) mean 22 heterozygosity per locus. Departures from the expected mean heterozygosis under HardyWeinberg (HW) equilibrium were tested using χ2 with a correction for small samples according to Levene (1949). Partitioning of genetic diversity among conspecific populations was estimated by F statistics (Fis, the inbreeding coefficient measures the reduction in heterozygosis due to nonrandom mating within a population; Fst, measures the differentiation among populations; Wright, 1978). Cluster analysis was performed with the genetic distance matrix (Nei’s [1978] unbiased genetic distance) of the populations using UPGMA (Sneath & Sokal, 1973). All analyses were done using the BIOSYS 1.0 software package (Swofford & Selander, 1989) except for the cluster analysis which was performed in Statistica 5.5 (StatSoft, 2000). MORPHOMETRIC ANALYSIS Forty-two continuous and discontinuous flower characters were measured (Table 2). Due to the minute size of the flowers, they were dissected and then drawn with the aid of a stereomicroscope equipped with a camera lucida, and measurements were then made from the drawings for greater precision. We conducted discriminant analysis for all characters. The standardized coefficients for canonical variables resulting from discriminant analysis were used to identify the characteristics that most significantly contribute to the resulting patterns observed. We carried out cluster analysis for the populations using the Mahalanobis generalized distance calculate from the pooled residual covariances within groups matrix and UPGMA (unweigthed pair-group method of arithmetical averages) as the clustering algorithm. We calculated the median values of the Mahalanobis generalized distance from the individuals to the centroid of their population (D2m) (Goldman et al., 2004) and carried out a nonparametric variance analysis using Kruskal-Wallis test to verify the occurrence of significant differences between medians of conspecific populations. We used a multi-response permutation procedure (MRPP) analysis to calculate the average within-group distance (mean Euclidean distance - ED) for all populations and the chance-corrected within-group agreement (AMRPP) among populations. D2m and ED values were used as measurement of morphological variability, and AMRPP as a measurement of morphological differentiation of conspecific populations and correlated to Fst. (Borba et al., 2002). Discriminant analysis and cluster analysis were carried out using Statistica 5.5, the 23 MRPP was run using PCOrd 4.10 (McCune & Mefford, 1999) and variance analysis using BioEstat 3.0 (Ayres et al., 2003). We also performed a univariate analysis for all characters of the average values of the pooled individuals of Mucugê and the pooled individuals of Rio de Contas and Catolés by the t-test using Statistica 5.5. CORRELATION ANALYSIS We carried out an analysis of Spearman’s nonparametric correlation between genetic variability (He) and morphological variability (mean Euclidean distance, ED; and median Mahalanobis distance, D2m). These analyses were run in Statistica 5.5. The Mahalanobis generalized distance matrix was compared with matrices of Nei’s (1978) distance and geographic distance of populations using the Mantel test, with the Monte Carlo option of PCOrd (1000 randomizations). The pair-wise geographical distances between the populations was computed with geodetic distances on WGS84 ellipsoid calculated using the INVERSE 2.0 program (National Geodetic Survey, 2002). RESULTS GENETIC VARIABILITY Using eleven enzymatic systems we obtained 14 loci that presented good resolution and were used in this study (Table 3).Three loci were monomorphic for all the populations studied (PGI-1, MDH-1 and EST-3), but most loci were polymorphic. PGM, ACPH and LAP presented the highest polymorphism, with 3 alleles. All populations, except R2 and C1, presented three alleles in at least one of the most polymorphic loci. Two diagnostic loci were found (PGI-2 and IDH), presenting fixed exclusive alleles for populations from Mucugê and for populations from Rio de Contas/Catolés. Five loci (6PGD, LAP, HK, EST-1 and EST-2) did not present activity for the Rio de Contas/Catolés populations. Populations M3, M5 and M6 presented specific rare alleles in the systems 6PGD, SKDH and LAP, respectively, while allele PGM-82 was found in only three populations, M1, R1 and R3, always in low frequency. 24 All populations presented low degree of genetic variability considering the parameters analyzed. Percentage of polymorphic loci (0.95 criterion) ranged from 14 to 35%, mean number of alleles per locus was between 1.1 and 1.5, and mean expected heterozygosity (He) ranged from 0.026 to 0.164 (Table 4). In general, populations from Rio de Contas/Catolés had the lowest variability. Of the 10 populations, only one (M2) did not show significant deviation from the expected values in HW equilibrium in all loci, and two populations (R2 and C1) showed significant deviation from equilibrium in all loci. No locus is in equilibrium in all populations, even considering the two regions separately, except ACP in Mucugê. Three loci are not in equilibrium in any of the populations (6PGD, MDH-1 and SKDH), although these are polymorphic in only one (SKDH and 6PGD) or three populations (MDH-1). All the polymorphic loci which are not in equilibrium, show a deficiency of heterozygotes, except EST-2 in population M1, which is reflected in the elevated Fis (Table 5). MORPHOLOGICAL VARIABILITY Morphological variability represented by the median Mahalanobis’ Generalized Distance (D2m) and by the Mean Euclidean Distance (ED) shows that the Mucugê populations contain higher variability levels than those of Rio de Contas and Catolés, with the exception of population M3 which shows the lowest variability of any of the Mucugê populations (Table 4). The analysis of Kruskal-Wallis confirmed the higher variability of the Mucugê populations and indicates that the Rio de Contas and Catolés populations show a similar degree of morphological variability. The Spearman test showed that there is a correlation between genetic (He) and morphological variability as given by the mean Mahalanobis’ Generalized Distance (r = 0.672; p = 0.033), although such a correlation is not shown to be statistically significant (r = 0.394; p = 0.259) when we use the Mean Euclidean Distance as a coefficient of variability (Fig. 3). 25 GENETIC AND MORPHOLOGICAL STRUCTURE Considering all populations, Syngonanthus mucugensis showed a high Fst, due mainly to the loci PGI-2 and IDH which are diagnostic in the identification of the populations by locality. This fact becomes apparent when we calculate the Fst separately for each locality, this value being greater for the Mucugê populations (Table 5). In the same way, the AMRPP values, taking all the populations together, were greater (AMRPP = 0.175) than when we analysed the populations separately, with the greatest values shown by those from Mucugê, as compared to those from Rio de Contas and Catolés. The higher Fst and AMRPP values for Mucugê indicate a greater genetic and morphological differentiation between the populations here, than for the other localities. The differentiation of population M1 is mainly responsible for the high value of Fst in this locality, while M3 is responsible for the high value of AMRPP. PHENETIC RELATIONSHIPS The genetic identity between the Mucugê populations is greater than 0.94, while between the Rio de Contas and Catolés populations these values rise to over 0.99 (Table 6), indicating a slightly greater similarity between the populations of this last region, as can be seen in the dendrogram (Fig. 4A). The classification matrix obtained from discriminant analysis shows a percentage of correct classifications of individual plants, in relation to the population from which they came, of 80 to 100%. Observed errors of classification arose exclusively between populations from the same locality, and the greater part of these occurred between populations from Rio de Contas/Catolés, demonstrating greater similarity between these populations (Table 7). The analysis of canonical variables (CVA) shows in the first axis two distinct groups, one formed by the Mucugê populations and the other by those from Rio de Contas and Catolés, while the second axis differentiates populations M5 and M6 from the remainder of those from Mucugê (Fig. 5A). The third axis provides evidence of the distinctness of population M3 (Fig. 5B). The characters which are responsible for the differences shown in the discriminant analysis were, in the first axis, mainly those related to the length and width of the involucral bracts, showing respectively a negative and positive correlation with the axis; in the second axis the 26 differentiation was mainly due to the length and width of the sepals and petals in the staminate flowers showing respectively a negative and positive correlation, and in the third axis by characters related to style and column size in pistillate flowers, both correlated positively to the axis. The difference between populations was statistically significant with p < 0.01, except for R2 and R3 (p = 0.0437). The majority of the 42 morphological variables show statistically significant different mean values between the two areas (Mucugê and Rio de Contas/Catolés) for p<0.01 (N = 30) or p<0.05 (N = 34) in the t-test (Tab. 2). The structure observed in the CVA is reflected in the dendrogram of Mahalonobis distance between populations, giving further evidence of the large morphological differentiation between the Mucugê populations as compared with those from Rio de Contas/Catolés and the greater similarity between populations from the latter region as compared with those from Mucugê (Fig. 4B). It is also found that population M3 can be differentiated from the other Mucugê populations, these later forming two subgroups. Mantel’s test demonstrates a significant correlation between the Mahalanobis Generalized Distance and Nei’s genetic distance (r = 0.711; p = 0.003); and between Nei’s genetic distance and the actual geographical distance between populations (r = 0.711; p = 0.001). However no significant correlation was observed between the Mahalanobis Generalized Distance and the geographical distance (r = 0.038; p = 0.342). DISCUSSION STRUCTURE AND VARIABILITY The populations of Syngonanthus mucugensis from Rio de Contas/Catolés show, from the parameters of variation just considered, low values in relation to the mean values reported for plants with similar characteristics (monocotyledons, herbs, endemic species, plants with wind-dispersed seeds and sexual reproduction) [Hamrick & Godt (1990)]. However the Mucugê populations, on the other hand, show values, while low, that are compatible with those found by Hamrick & Godt (1990). Some species belonging to families related to the Eriocaulaceae, such as the Poaceae, have also shown low indices of genetic variability (Novak, Mack & Soltis, 1991, 27 Wang, Wendel & Dekker 1995a, 1995b; Godt, Johnson & Hamrick, 1996). The same low values were found in Eriocaulon koernickianum Van Heurck & Muller-Argoviensis (Watson et al., 2002). The low variability in these cases could be due to the genetic marker used, and therefore other genetic markers, with greater resolution in detecting variability, should be used to verify if the low indices, originally found, are maintained. The coefficient inbreeding (Fis) obtained are high, considering that the species studied is monoecious and that there is no temporal overlap in flowering periods between pistillate and staminate flowers in the same capitulum (Ramos, Borba & Funch, 2005). However this situation is not observed between flowers of different capitula from the same individual, which favours geitonogamy, as the plants are self-compatible (Ramos et al., 2005). Syngonanthus mucugensis is pollinated mainly by insects that fly short distances between visits (Diptera), which results in a large number of geitonogamous crosses or crosses between closely related individuals. Considering that seed dispersal is normally over short distances, the pattern of distribution of individuals is generated results in family clusters within a population (Ramos et al., 2005). Such conditions favour endogamy and could explain the high Fis values which were obtained. The high values for genetic (Fst) and morphological structure obtained for this species, considering all the populations studied, indicates a large overall differentiation between populations from the two areas, as can be seen from the comparison of structure values obtained when analysing the two localities separately. The genetic structure of the Mucugê populations is mainly influenced by that of population M1, due to an inversion in the frequency of alleles 100 and 125 in the LAP enzyme system. With regard to the morphological structure, population M3 stands out, showing the greatest differentiation from the others from Mucugê as well as displaying the least morphological variability. This population, while not being the smallest visited, was found to be substantially degraded, mainly due to indiscriminate collecting. Recent studies on species of Acianthera (formerly Pleurothallis subg. Acianthera, Orchidaceae; Borba et al., 2001) and with Proteopsis argentea (Asteraceae) (Jesus et al., 2001), both restricted to the Cadeia do Espinhaço, using allozyme markers found moderate to high levels of genetic structure, associated with a disjunct geographic distribution of their 28 populations, reflected also in their morphological structure (Borba et al., 2002). Species endemic to this mountain range, with small and fragmented populations, such as P. argentea, have shown reduced genetic diversity within and raised differentiation between populations. In this species, two very close populations in the Serra do Cipó, separated by less than two kilometres, show frequent inverted alleles and alleles restricted to only one of the populations (Jesus et al., 2001). On the other hand, Borba et al. (2001) found an unexpectedly high level of genetic variability in many populations studied and a low to moderate differentiation between populations of the same species. Machado et al. (submitted) also found high Fst values, reflecting genetic and morphological differentiation of its populations, in Discocactus zehntneri Britton & Rose (Cactaceae), another species restricted to the Cadeia do Espinhaço, as indicated by the values of AMRPP obtained. These were associated with a north/south disjunction in its geographical distribution. Similar results have been obtained by Lambert et al. (2006) for species of Melocactus, another genus of Cactaceae. TAXONOMIC CIRCUMSCRIPTION AND CONSERVATION This study is the first involving populations from the Chapada Diamantina with an east/west disjunction; the municipalities of Rio de Contas and Abaíra (Catolés is a district of the latter) being situated on the western side of the Chapada Diamantina, while Mucugê is located in the east. These three localities are characterized by their floristic richness, with a high number of endemic species (Harley & Simmons, 1986, Harley, 1995, Stannard, 1995; Menezes & Giulietti, 2000; Souza, 2001; Zappi et al., 2002). The low genetic identity between populations from the two areas, representing two mountain ranges of the Chapada Diamantina, is less than the mean values found for conspecific populations and close to those recorded for populations of closely related congeneric species (Crawford, 1989; Van der Bank, Van der Bank & Van Wyk, 2001). Such data, together with the morphological data, which also indicates differentiation between the two areas, suggest that we are dealing with two distinct, though related, taxa. Due to the nature of the morphological differences between the populations of the two localities, mainly restricted to 29 size and not to the form of vegetative and reproductive characters, we propose subspecific status for the Rio de Contas and Catolés populations of S. mucugensis: Syngonanthus mucugensis subsp. riocontensis A.C.S.Pereira & Giul., subsp. nov. – TYPE: BRAZIL. Bahia: Rio de Contas, Serra do Itoibira,19 Apr. 2003, Pereira et al. 05 (holotype: HUEFS!). A subspecie typica bractea involucrali exteriori interiorique breviore angustioreque folio spatha et anthera brevioribus differt. Leaf 2.5−4.0 cm long. Spathe 3.7 − 5.3 cm long. Scape 28 − 46 cm long. Involucral bracts, outer 1.5−3 mm long, 0.7–1.4 mm wide; inner 6−8 mm long. Styles, free part 1−3.5 mm long. Anthers 0.2−0.8 mm long. Etymology. Refers to the municipality of Rio de Contas, where the type population is located. Geographic Distribution. This subspecies is endemic to the campos rupestres of the Chapada Diamantina, Bahia state, Brazil, being restricted to the municipalities of Rio de Contas, in the Serra do Itoibira, and Abaíra, in the fields of Virassaia in the district of Catolés. Representative Specimens Examined. BRAZIL. Bahia: Abaíra, Catolés, Serra do Bicota, campos do Virassaia, próximo à lapa do vaqueiro, 13º20'38" S, 41º50'15" W, 22 Apr 2003, Miranda et al. 560 (HUEFS); Cabaceira, Riacho Fundo, atrás da Serra do Bicota, 13°23' S, 41°51' W, 25 Oct 1993, Ganev 2725 (HUEFS); Catolés, Campos do Virassaia, 13°21' S, 41°51' W, 30 Dec 1993, Ganev 2665 (HUEFS). Rio de Contas, Serra do Itoibira, 13º23'43" S, 41º51'47" W, 19 Apr 2003, Pereira et al. 02 (HUEFS); 13º23'43" S, 41º51'47" W, 19 Apr 2003, Pereira et al. 03 (HUEFS); 13º23'43" S, 41º51'47" W, 19 Apr 2003, Pereira et al. 04 (HUEFS); 13º23'43" S, 41º51'47" W, 19 Apr 2003, Pereira et al. 05 (HUEFS); Trilha Catolés-Caimbola, próximo ao cruzamento para o Bicho, 23 Mar 1999, Nascimento & Tabarelli 142 (HUEFS); Caiambola, Serra da Mesa, 13º23' S, 41º52' W, 19 Apr 2003, Giulietti et al. 2404 (HUEFS); 13º23' S, 41º51' W, 19 Apr 2003, Giulietti et al. 2421 (HUEFS). Syngonanthus mucugensis subsp. riocontensis A.C.S.Pereira & Giul. is similar to the typical subspecies, differing mainly by leaf, spathe and scape lengths, outer and inner involucral 30 bracts length and width, free part of styles and anthers lengths, which are shorter in S. mucugensis subsp. riocontensis. The taxonomic implications of recognizing a distinct taxon for the populations on the western range of the Chapada Diamantina will directly affect the conservation status of Syngonanthus mucugensis. We suggest that a plan for conservation and management of the species should consider the two subspecies separately. The levels of diversity between populations of the same species should be used as criteria for prioritization in the conservation of populations (Chamberlain, 1998) in order to ensure, for species with high Fst values, the preservation of allelic and genetic diversity implicit in protecting a larger number of populations (Hamrick et al., 1991). The Mucugê populations exhibit greater genetic and morphological variability and a greater variability structure compared to the Rio de Contas/Catolés populations, mainly due to the populations M1 and M3. Therefore, it is necessary to protect more populations of the former, covering a greater area, in order to conserve the genetic variability and evolutionary potential of the subspecies. However, other strategies related to management should also be considered. Population M3 should be monitored, and its improvement with genotypes of populations M2 and M4 should be considered, which are located nearby and possess higher variability. The same could be done to the population M6 in relation to M5. The higher values of variability found in the populations of Mucugê can also be explained by the conservation efforts in that locality. The more variable populations are situated in the Parque Municipal de Mucugê (M1 and M2), created specifically to preserve the "sempre-vivas". The population M5 is one of the most abundant populations and consequently seek by collectors, and in spite of being outside of the park limits, it is situated in a frequently monitored area. Conversely, the populations of S. mucugensis subsp. riocontensis presented lower variability and lower differentiation. Thus, due to this apparent homogeneity, a unique population may contain a large proportion of the genetic variability of the subspecies. However, we must take in consideration the occurrence of two possibilities: 1) the genetic variability of the subspecies is naturally low, or 2) the studied populations are genetically depauperated. In both situations we suggest the search for new populations and assessment of their variability, and if 31 the second hypothesis is confirmed, the genetic improvement of the populations could be considered. However, improvement of populations of this subspecies using individuals from the populations of Mucugê should never be considered. Conversely, if the naturally low variability is confirmed, a project that ensures the conservation of this new taxon should be designed, because this condition makes those plants vulnerable to indiscriminate collection and to habitat destruction by human activities. ACKNOWLEDGEMENTS We thank Raymond M. Harley for improvements to the manuscript, and Delmar L. Alvim, Euvaldo R. Júnior, Francisco H. F. Nascimento, Oremildes A. Oliveira, Roy A. Funch and Sabrina M. Lambert for helping on field trips. This work was supported by a grant from Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA #75/2001). ACSP received a fellowship from Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Brazil (CNPq). ELB and AMG are supported by a grant from CNPq (PQ2 and PQ1A, respectively). 32 LITERATURE CITED Alfenas AC, Peters I, Brune W, Passador GC. 1991. Eletroforese de proteínas e isoenzimas de fungos e essências florestais. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. 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Municipality – Population Mucugê – Projeto Sempre Viva 1 Name M1 Individuals (N) Location Morphometrics Genetics 21 30 12º59’48.6” S 41º20’40.2” W Mucugê - Projeto Sempre Viva 2 M2 20 30 M3 19 62 Pereira & Oliveira, 195 12º59’45.6” S 41º20’20,5`” W Mucugê - Serra do Leobino Voucher 12° 58’55.3’’ S Pereira & Oliveira, 197 -- 41°26’15.1’’ W Mucugê - Arredores do Proj. Sempre M4 20 33 Viva Mucugê – Gobira 13º01’11.4” S 41º19’59” W M5 20 62 13º05’30.7” S 41º22’09.6” W Mucugê - Serra da Tesoura M6 20 32 R1 20 31 R2 20 20 R3 20 20 C1 20 45 Pereira et al., 003 13º23’55.5” S 41º51’51” W Catolés - Campos do Virassaia Pereira et al., 005 13º23’43” S 41º51’47” W Rio de Contas - Itoibira 3 Borba et al., 1921 12º23’47” S 41º52’00” W Rio de Contas - Itoibira 2 Borba et al., 1820 13°08’32.2” S 41º20’14.9” W Rio de Contas - Itoibira 1 -- Pereira et al., 004 13º20’38” S 41º50’15” W Miranda et al. 560 38 Table 2. Morphological characters used in the morphometric analysis of 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. Values presented for the pooled populations of Mucugê and pooled populations of Rio de Contas and Catolés, as mean ± standard deviation (minimum-maximum). Values in millimeters, except scape length, presented in centimeters. Morphological character Mucugê Rio de Contas/Catolés 11.8±1.6 (9.0-16.0) 9.7±1.5 (7.0-16.0) 4.9±0.6 (3.6-6.7) 2.4±0.4 (1.7-3.3) 35.4±8.9 (14.053.0) 42.4±6.2 (23.061.0) 0.8±0.2 (0.3-1.3) 0.7±0.1 (0.3-0.9) 1.3±0.2 (0.7-1.8) 0.9±0.1 (0.7-1.2) 1.6±0.2 (1.0-2.2) 1.0±0.1 (0.8-1.3) 1.5±0.2 (0.9-2.0) 1.0±0.1 (0.6-1.3) 9.4±1.0 (6.4-12.0) 6.5±0.6 (4.8-8.0) 1.5±0.4 (0.7-2.3) 1.0±0.2 (0.6-1.4) 1.4±0.4 (0.7-2.2) 1.1±0.2 (0.7-1.6) 1.0±0.3 (0.6-1.9) 0.9±0.1 (0.7-1.3) 0.9±0.2 (0.6-1.6) 0.8±0.1 (0.4-1.0) 3.0±0.3 (2.3-3.7) 3.1±0.4 (0.3-3.8) 0.34±0.1 (0.2-0.6) 0.27±0.1 (0.1-0.8) 0.5±0.1 (0.3-0.7) 0.4±0.1 (0.2-0.5) 0.61±0.1 (0.4-0.9) 0.55±0.1 (0.4-0.9) 0.6±0.1 (0.3-1.0) 0.6±0.1 (0.4-0.9) 1.7±0.4 (0.8-2.3) 1.5±0.3 (0.7-2.2) 2.28±0.3 (1.3-3.3) 2.42±0.3 (1.7-3.2) 0.19±0.0 (0.1-0.3) 0.16±0.0 (0.1-0.3) 0.2±0.0 (0.1-0.3) 0.2±0.0 (0.1-0.3) 0.2±0.1 (0.1-0.3) 0.2±0.1 (0.1-0.4) Involucral bracts Number of series of bracts * Bract length of the outermost series * Bract apex angle of the outermost series * Bract width of the outermost series at 1/5 of its length * Bract width of the outermost series at 2/5 of its length * Bract width of the outermost series at 3/5 of its length * Bract width of the outermost series at 4/5 of its length * Bract length of the innermost series * Bract width of the innermost series at 1/5 of its length * Bract width of the innermost series at 2/5 of its length * Bract width of the innermost series at 3/5 of its length * Bract width of the innermost series at 4/5 of its length * Pistillate flower Sepal length Sepal width at 1/5 of its length * Sepal width at 2/5 of its length * Sepal width at 3/5 of its length * Sepal width at 4/5 of its length Length of the conate part of the petals * Length of the free part of the petals * Petal width at 1/5 of its length * Petal width at 2/5 of its length Petal width at 3/5 of its length ** Petal width at 4/5 of its length ** 0.2±0.1 (0.1-0.3) 0.2±0.1 (0.1-0.4) 39 Length of the free part of the styles ** Length of the free part of the appendages ** Column length 2.9±0.6 (1.2-4.2) 2.7±0.4 (1.0-3.6) 1.0±0.3 (0.1-1.7) 1.0±0.2 (0.3-1.5) 1.1±0.3 (0.4-1.7) 1.2±0.2 (0.0-1.8) 3.1±0.3 (2.1-3.6) 3.0±0.2 (2.2-3.4) 0.6±0.1 (0.3-0.9) 0.5±0.1 (0.3-0.8) 0.8±0.1 (0.4-1.1) 0.6±0.1 (0.4-0.9) 0.7±0.1 (0.4-1.1) 0.6±0.1 (0.4-1.1) 0.5±0.1 (0.3-0.8) 0.4±0.1 (0.3-0.7) 1.3±0.3 (0.8-2.8) 1.3±0.1 (0.9-1.7) 1.7±0.3 (0.4-2.5) 1.9±0.2 (1.4-2.4) 0.6±0.1 (0.3-1.1) 0.5±0.1 (0.3-0.7) 0.7±0.1 (0.3-1.3) 0.6±0.1 (0.4-0.8) 0.6±0.1 (0.3-0.9) 0.6±0.1 (0.4-0.8) 0.43±0.1 (0.1-0.8) 0.36±0.1 (0.2-0.6) 46.6±10.6 (24.077.0) 42.0±8.6 (21.060.0) 3.3±2.5 (2.2-30.5) 3.4±0.4 (2.7-4.6) 0.7±0.2 (0.4-2.3) 0.6±0.1 (0.3-1.0) Staminate flower Sepal length * Sepal width at 1/5 of its length * Sepal width at 2/5 of its length * Sepal width at 3/5 of its length * Sepal width at 4/5 of its length * Length of the conate part of the petals Length of the free part of the petals * Petal width at 1/5 of its length * Petal width at 2/5 of its length * Petal width at 3/5 of its length Petal width at 4/5 of its length * Petal apex angle * Filaments length Anther length * Scape length * Spathe length * 45.4±9.7 (9.6-72.0) 69.6±9.1 (50.092.3) 30.5±5.7 (19.846.0) 39.1±4.5 (27.553.0) Statistically significant different mean values for p<0.01 (*) or p<0.05 (**) in the t-test. 40 Table 3. Allele frequencies at 14 allozymic loci in 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. See Table 1 for the names of the populations. N= sample size. Locus M1 M2 M3 M4 M5 M6 R1 R2 R3 C1 100 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 46 100 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 - - - - 107 - - - - - - 1.000 1.000 1.000 1.000 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 46 100 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 - - - - 105 - - - - - - 1.000 1.000 1.000 1.000 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 46 94 - - - - 0.016 - - - - - 100 1.000 1.000 1.000 1.000 0.984 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 27 82 0.036 - - - - - 0.032 - 0.026 - 100 0.768 1.000 1.000 1.000 0.960 0.984 0.968 0.868 0.789 0.739 110 0.196 - - - 0.040 0.016 - 0.132 0.184 0.261 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 44 100 1.000 1.000 0.982 1.000 1.000 1.000 - - - - 110 - - 0.018 - - - - - - - PGI-1 PGI-2 IDH SKDH PGM 6PGD 41 (N) 28 15 56 24 43 31 31 19 19 46 85 - - 0.185 0.141 0.032 - - - - - 100 0.571 0.655 0.637 0.578 0.758 0.677 0.903 0.737 0.594 0.685 115 0.429 0.345 0.177 0.281 0.210 0.323 0.097 0.263 0.406 0.315 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 16 46 78 - - - - - 0.059 - - - - 100 0.250 0.632 0.700 0.625 0.438 0.941 - - - - 125 0.750 0.368 0.300 0.375 0.563 - - - - - (N) 8 19 10 8 16 17 31 19 19 46 100 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 - - - - (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 46 71 - - - 0.094 - - 0.065 0.053 - - 100 1.000 1.000 1.000 0.906 1.000 1.000 0.935 0.947 1.000 1.000 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 46 100 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 (N) 28 29 62 32 62 31 31 19 19 46 100 0.571 0.845 0.778 1.000 0.938 1.000 - - - - 105 0.429 0.155 0.222 - 0.063 - - - - - (N) 28 29 36 28 40 16 31 19 19 46 0.500 0.818 0.903 0.788 0.591 0.400 - - - - ACPH LAP HK MDH-1 MDH-2 EST-1 EST-2 100 42 110 0.500 0.182 0.097 0.212 0.409 0.600 - - - - (N) 17 22 31 26 33 15 31 19 19 46 100 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 (N) 1 1 2 1 2 1 8 8 3 25 EST-3 43 Table 4. Genetic variability at 14 allozymic loci and morphological variability based on the morphometric analysis of 42 morphological characters in 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. See Table 1 for the names of the populations N= mean sample size per locus; A = mean number of alleles per locus; P= percentage of polymorphic loci; Ho= observed and He= expected mean heterozygosity per locus (Nei, 1978; unbiased estimate); D2m= median of the Mahalanobis generalized distance of the individuals to the centroid of the population; ED= mean of the Euclidean distance between the indivduals of the population. Standard deviations in parentheses. See Table 1 for the names of the populations. A locus was considered polymorphic if the frequency of the most common allele did not exceed 0.95. Pop. N M1 A D2m ED P Ho He 23.9 (2.4) 1.4 (0.2) 35.7 0.144 (0.065) 0.164 (0.062) 44.371 8.390 M2 24.8 (2.2) 1.3 (0.1) 28.6 0.095 (0.042) 0.108 (0.049) 45.077 8.146 M3 49.5 (5.6) 1.4 (0.2) 28.6 0.069 (0.041) 0.110 (0.051) 28.999 5.537 M4 26.8 (2.6) 1.4 (0.2) 28.6 0.081 (0.053) 0.113 (0.055) 36.755 7.251 M5 49.4 (5.3) 1.5 (0.2) 28.6 0.108 (0.056) 0.115 (0.051) 42.213 8.387 M6 25.6 (2.5) 1.3 (0.1) 21.4 0.077 (0.051) 0.078 (0.045) 39.986 8.620 R1 18.6 (4.0) 1.2 (0.1) 14.3 0.014 (0.010) 0.026 (0.015) 33.157 7.081 R2 11.8 (2.4) 1.2 (0.1) 21.4 0.011 (0.008) 0.053 (0.032) 26.893 7.356 R3 11.2 (2.4) 1.2 (0.2) 14.3 0.027 (0.023) 0.061 (0.042) 28.539 6.421 C1 26.9 (5.7) 1.1 (0.1) 14.3 0.016 (0.014) 0.059 (0.040) 27.467 6.254 44 Table 5. F statistics (Wright, 1978) at 14 allozymic loci and A value of the MRPP analysis of 42 morphological characters in 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. Calculated using all populations pooled and with the populations of the two regions apart, Mucugê (MC) and Rio de Contas/Catolés (R/C). Locus Fst Fis All pop. MC R/C All pop. MC R/C PGI-2 --- --- --- 1.000 --- --- IDH --- --- --- 1.000 --- --- SKDH 1.000 1.000 --- 0.015 0.013 --- PGM 0.523 0.460 0.553 0.115 0.132 0.062 6PGD 1.000 1.000 --- 0.016 0.015 --- ACPH 0.254 0.041 0.667 0.050 0.034 0.064 LAP -0.004 0.004 --- 0.368 0.205 --- MDH-1 1.000 1.000 1.000 0.055 0.079 0.031 EST-1 0.606 0.606 --- 0.234 0.182 --- EST-2 0.020 0.020 --- 0.291 0.149 --- Mean 0.257 0.144 0.651 0.512 0.134 0.061 0.175 0.115 0.021 A MRPP 45 Table 6. Matrix of mean genetic identity (Nei, 1978; unbiased estimate) between 10 populations of Syngonanthus mucugensis of the regions of Mucugê (MC) and Rio de Contas/Catolés (MC),Chapada Diamantina, Brazil. Minimum and maximum values are in parentheses. Region No. of pops. MC R/C MC 6 0.980 (0.943-0.999) -- R/C 4 0.812 (0.756-0.833) 0.997 (0.991-1.000) 46 Table 7. Matrix of classification of the individuals in the discriminant analysis of 42 morphological characters in 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. See Table 1 for the names of the populations. Pop. Percent M1 M2 M3 M4 M5 M6 R1 R2 R3 C1 Correct M1 95.2 20 - - 1 - - - - - - M2 90 2 18 - - - - - - - - M3 100 - - 19 - - - - - - - M4 100 - - - 21 - - - - - - M5 89.5 - - - - 17 2 - - - - M6 95 - - - - 1 19 - - - - R1 80 - - - - - - 16 1 1 2 R2 85 - - - - - - 1 17 1 1 R3 95 - - - - - - 1 - 19 - C1 90 - - - - - - 1 - 1 18 22 18 19 22 18 21 19 18 22 21 Total 92 47 Figure Legends Figure 1. Syngonanthus mucugensis; individual of population of Mucugê. A. Individual with young inflorescences. B. Capitulum. Scale bar = 5 mm. Figure 2. Map of the Chapada Diamantina, Northeastern Brazil, showing the localities of occurrence of the populations of Syngonanthus mucugensis. Figure 3. Representation of the values of morphological variability (D2m= median of the Mahalanobis generalized distance of the individuals to the centroid of the population; ED= mean of the Euclidean distance between the individuals of the population) and genetic variability (He= mean expected heterozygosity), in 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. See Table 1 for the names of the populations. Figure 4. Dendrogram showing the phenetic relationships among 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. Constructed using the matrix of genetic distances (Nei, 1978; unbiased estimate) based on 14 allozymic loci (A) and using the matrix of Mahalanobis generalized distance based on 42 morphological characters (B) with UPGMA as clustering algorithm. See Table 1 for the names of the populations. Figure 5. Representation of the scores on the three first canonical axes of the CVA using 42 morphological characters in 10 populations of Syngonanthus mucugensis occurring in the Chapada Diamantina, Brazil. (A) – Canonical axes 1 and 2; (B) – Canonical axes 1 and 3. See Table 1 for the names of the populations. Percentage of variance accumulated on the frist three axis= 35.15 (First axis= 26.45; second axis= 4.76; third axis= 3.94) 48 49 100 km 50 48 9.0 M6 M2 M1 M5 8.5 M5 8.0 M6 40 R2 7.5 M4 M4 R1 36 7.0 R1 R3 C1 32 28 24 0.00 R2 0.02 0.04 6.5 6.0 M3 R3 C1 mean Euclidean distance median Mahalanobis distance 44 M2 M3 5.5 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 5.0 0.18 D2M (L) ED (R) mean expected heterozigosity 51 Nei (1978) genetic distance / UPGMA A M1 M2 M3 M4 M5 M6 R1 R2 R3 C1 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 Linkage Distance Mahalanobis Generalized distance / UPGMA B M1 M4 M2 M5 M6 M3 R1 R2 R3 C1 0 20 40 60 80 100 120 140 Linkage Distance 52 A B B 53 CAPÍTULO 2 Variabilidade genética e morfológica em Syngonanthus curralensis (Eriocaulaceae) e espécies relacionadas, endêmicas da Chapada Diamantina, Brasil. ANA CARINA S. PEREIRA1, EDUARDO L. BORBA2 1 1 E ANA MARIA GIULIETTI Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Sistemática Molecular de Plantas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Rodovia BR 116, km 3, Feira de Santana-BA, 44031-460, Brasil. 2 Departamento de Botânica, Laboratório de Sistemática, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, 31270-901, Brasil 54 Estudos aloenzimáticos e morfométricos foram desenvolvidos em quatorze populações naturais representando cinco morfos de um complexo: Syngonanthus curralensis (seis), S. harleyi (uma), S. hatschbachii (cinco), S. aff. curralensis (uma) e S. aff. harleyi (uma), ocorrentes na Chapada Diamantina (Morro do Chapéu, Umburanas e Seabra). A variabilidade genética e morfológica foi considerada baixa para as populações de S. curralensis (P= 12,5-50; A= 1,1-1,6; He= 0,018-0,121; D2m= 30,3-54,81) sendo tais valores ainda menores em S. hatschbachii, S. harleyi e S. aff. curralensis. A população de S. aff. harleyi apresentou para os mesmos parâmetros valores similares aos encontrados para plantas com as mesmas características (P= 50; A= 2,1; He= 0,167; D2m= 27,64). Os coeficientes de endogamia encontrados (Fis) são elevados para S. curralensis e S. hatschbachii (0,475 e 0,525, respectivamente), o que pode ser explicado pelas características reprodutivas e fenológicas destas plantas. Os valores referentes à estruturação genética e morfológica para as populações de S. curralensis (Fst= 0,425 e A= 0,222) são altos, devido, no primeiro caso, à diferenciação entre as populações de Morro do Chapéu e a de Umburanas, e no segundo caso devido à diferenciação de duas populações de Morro do Chapéu em relação às demais. As diferenças genéticas e morfológicas encontradas sugerem tratar-se de dois táxons distintos. A população de S. aff. curralensis apresentou semelhanças em relação aos caracteres reprodutivos e genéticos com S. hatschbachi, porém devido a distribuição geográfica das populações em questão, a hipótese de hibridação e/ou introgressão é enfraquecida. Por outro lado, a divergência genética e morfológica encontrada para S. aff. curralensis em relação a S. curralensis sugere o reconhecimento da primeira como um táxon distinto a nível específico. Os resultados obtidos, bem como observações em campo, sustentam o reconhecimento de S. hatschbachii e S. curralensis como dois táxons distintos, anteriormente considerados sinônimos. Uma elevada estruturação genética foi encontrada para as populações de S. hatschbachii (Fst= 0,410), 55 possivelmente devido a hibridação/introgressão. A população de S. aff. harleyi apresentou elevada diferenciação genética e morfológica, o que sustenta a proposição de um novo táxon a nível específico. Palavras-chave: Eriocaulaceae; isoenzimas; morfometria; variabilidade. 56 INTRODUÇÃO A família Eriocaulaceae é constituída por cerca de 1.200 espécies, distribuídas em 11 gêneros, apresentando distribuição pantropical, porém com um maior número de espécies ocorrendo nos neotrópicos, especialmente nas montanhas da Venezuela e Brasil (Giulietti & Pirani, 1988; Lazzari, 2000; Sano, 2004). No Brasil, a distribuição geográfica da família está em grande parte restrita aos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço de Minas Gerais e Bahia, constituindo-se um dos grupos mais típicos destes ambientes (Giulietti, 1997; Lazzari, 2000; Sano, 2004). Os campos rupestres são reconhecidos por sua grande riqueza de espécies e endemismo (Joly, 1970), sendo sua flora composta principalmente de elementos endêmicos, tanto ao nível de espécies quanto de gêneros (Menezes & Giulietti, 2000). Em relação ao percentual de endemismo, estima-se que 30 % dos táxons dos campos rupestres são exclusivos deste tipo de vegetação, sendo as taxas de riqueza e endemismo elevadas em Eriocaulaceae e Velloziaceae, de forma que os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço representam centros de diversidade destes grupos (Giulietti, 1997). De acordo com Giulietti & Pirani (1988), a família Eriocaulaceae apresenta interessante padrão de distribuição caracterizado por endemismo e microendemismo, compartilhado com outras famílias não relacionadas. O referido padrão de distribuição apresentado por diversas famílias comuns nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço pode ser explicado observando-se as áreas montanhosas, comparáveis a ilhas separadas umas das outras, senão por água ao menos pelas condições ecológicas muito diferentes que existem nas terras baixas (Harley, 1995). Giulietti (1997) descreve os capítulos das Eriocaulaceae como pequenos, alvos e delicados de textura paleácea, o que permite que conservem a aparência de vivos mesmo após a coleta. Por isso, algumas destas plantas são conhecidas popularmente como sempre-vivas, sendo comercializadas devido ao seu valor ornamental. A coleta 57 de sempre-vivas constitui uma forma intensa de extrativismo e encontra-se associada à subsistência de comunidades que habitam as serras da Cadeia do Espinhaço (Giulietti et al., 1988). Grande parte das espécies de sempre-vivas pertencem ao gênero Syngonanthus Ruhl., que abriga cerca de 200 espécies, distribuídas nas Américas e África, estando a maioria delas localizadas no continente sul-americano, com altas taxas de endemismo no Brasil (Lazzari, 2000). Dentre as espécies de ocorrência restrita à Chapada Diamantina, porção baiana da Cadeia do Espinhaço, está Syngonanthus curralensis Moldenke, que apresenta distribuição disjunta entre a Serra do Curral Feio, município de Umburanas, e Morro do Chapéu, estando tais localidades separadas por terras baixas, recobertas por Caatinga. Essa espécie tem sido alvo de comercialização pelas comunidades de Morro do Chapéu para a elaboração de artesanato, sendo essa uma atividade econômica alternativa, especialmente nas três últimas décadas, certamente em decorrência do declínio da atividade mineradora nestas áreas que conheceram grande riqueza durante os ciclos do ouro e diamante como mostrado para Minas Gerais por Giulietti et al. (1996). Como para as espécies de Minas Gerais, também aqui a coleta dos escapos e inflorescências das sempre-vivas é efetivada durante a floração, de forma que a retirada é feita antes do completo desenvolvimento dos frutos, o que certamente afeta a produção de sementes (Giulietti et al., 1996). O extrativismo destas plantas a partir das populações naturais, associado à sua distribuição restrita tornou a espécie atualmente ameaçada de extinção. Além de serem alvo de comércio, as populações da espécie no município de Morro do Chapéu, estão sendo ameaçadas também devido a extração de areia, substrato onde ocorrem. Esse tipo de degradação do meio ambiente no município já foi registrado por Rêgo (2003). 58 Syngonanthus curralensis está incluída na Sect. Eulepis, a qual apesar de haver sido recentemente monografada por Lazzari (2000) ainda apresenta, como referido pela autora, uma série de problemas taxonômicos, principalmente nas espécies endêmicas da Bahia, devido principalmente a grande variação morfológica observada nas espécies, requerendo extenso trabalho de campo e especialmente utilização de abordagens diferenciadas para a análise das populações das mesmas. Moldenke (1978) descreveu S. hatschbachii a partir de material coletado em Morro do Chapéu e comentou a semelhança morfológica entre S. harleyi e S. hatschbachii. Um ano depois, o mesmo autor sugere que o táxon descrito poderia tratar-se de uma variedade de S. harleyi (Moldenke, 1979). No mesmo ano, descreveu S. curralensis var. harleyi, caracterizada por ter as folhas superiores eretas ou ascendentes e não reflexas como S. curralensis var. curralensis. Três anos depois, descreveu S. curralensis var. paucifolius caracterizada por ter um número de folhas por planta bem menor e longamente atenuadas, diferentemente de S. curralensis var. curralensis (Moldenke, 1982). Lazzari (2000) considerou S. curralensis num sentido bem amplo, incluindo na sinonímia S. curralensis var. harleyi (Moldenke, 1979), S. curralensis var. paucifolius (Moldenke,1982) e S. hatschbachii (Moldenke, 1978). A autora considera a espécie com hábito semelhante a S. harleyi Moldenke, pois ambas podem apresentar rizoma ereto, ramificado dicotomicamente, sendo as características que as diferenciam a presença ou não de tricomas nas folhas, tamanho dos capítulos e número de séries de brácteas involucrais. Syngonanthus curralensis e S. harleyi foram descritas a partir de materiais coletados na Serra do Curral Feio, município de Umburanas, estando a distribuição de S. harleyi restrita a esta localidade. Em visita a áreas de ocorrência de S. curralensis em Morro do Chapéu, verificou-se a presença de populações compostas 59 por plantas com caracteres muito semelhantes a S. harleyi coexistindo com populações de S. curralensis. Recentemente, diversos estudos empregando marcadores moleculares e análise multivariada morfométrica têm sido realizados a fim de verificar a delimitação de táxons específicos e infra-específicos e de contribuir na determinação de ações de conservação e manejo em espécies da Cadeia do Espinhaço, tanto em Eriocaulaceae (A.C.S. Pereira et al., Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil, dados não publicados) quanto em outros grupos de plantas (Borba et al., 2001, 2002; Jesus et al., 2001; Lambert et al., 2006; E.L. Borba et al., Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, dados não publicados; M.C. Machado et al., Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil, dados não publicados). A partir desta perspectiva, neste trabalho utilizamos marcadores alozimáticos e dados morfométricos para determinar os níveis de variação genética e morfológica e a partição desta variabilidade dentro e entre populações, empregando estes resultados no auxílio do entendimento da taxonomia de S. curralensis e espécies relacionadas ocorrentes na Chapada Diamantina, Nordeste do Brasil, e para fornecer subsídios para o melhor desenvolvimento de ações visando à sua conservação. MATERIAIS E MÉTODOS Espécies e populações estudadas – Os espécimes de Syngonanthus utilizados neste estudo foram amostrados a partir de quatorze populações naturais, representando cinco morfos, provenientes de três localidades da Chapada Diamantina, Bahia: Morro do Chapéu (dez), Umburanas (três) e Seabra (uma) (Tabela 1; Figura 1). Dos cinco morfos encontrados no conjunto de populações amostrado, três foram determinados: S. curralensis Moldenke, S. hatschbachii Moldenke e S. harleyi Moldenke, com base em 60 observações dos materiais-tipo, respectivamente: BA, Serra do Curral Feio, Harley et al. 16661, isotipo K!; BA, Morro do Chapéu, Hatschbach 39668, isotipo K!; BA, Serra do Curral Feio, Harley et al. 16662, isotipo K!, e nas descrições originais, respectivamente: Moldenke,1975a; Moldenke,1978 e Moldenke,1975b e, observações em campo, incluindo as localidades tipo. Os dois outros morfos não puderam ser incluídos em qualquer dos táxons descritos e por isso foram considerados provisoriamente como S. aff. curralensis e S. aff. harleyi, devido principalmente a semelhanças morfológicas referentes às partes florais observadas em campo e em material de herbário (Tabela 1; Figura 2). Os indivíduos foram coletados cuidadosamente, evitando a amostragem de clones, uma vez que as plantas estudadas reproduzem-se vegetativamente. Assim, os pontos de coleta dentro das populações foram determinados de forma que a distância entre eles assegurasse a não coleta de clones bem como de indivíduos aparentados. Para o desenvolvimento dos estudos aloenzimáticos utilizou-se um total de 284 indivíduos, enquanto que 256 indivíduos foram empregados na análise morfométrica multivariada. Foram coletadas folhas para a análise genética, e inflorescências e escapos para análise morfométrica. Vouchers foram depositados no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS; Tabela 1). Estudos aloenzimáticos – Pequenos fragmentos de tecido foliar foram triturados em 0,3 mL de tampão de extração (100 mL Tris/HCl 0,1 mol/L pH 7,0; 6,846 g Sacarose; 0,6g PVP [Polyvinylpyrrolidone]; 0,0372g EDTA [Ethylenediaminetetraacetic]; 0,145g BSA [Albumina Bovina]; 0,13g DIECA [Sodium Diethylcarbamate]; 0,6g BORAX e 100 μL βmercaptoethanol; modificado de Sun & Ganders, 1990). O extrato obtido foi absorvido por papel Whatman #3 e aplicado em gel de amido. Utilizaram-se três sistemas tampões de corrida: sistema 1-eletrodo: ácido bórico 0,3 mol/L, NaOH 0,06 mol/L, pH 8,0; gel: Tris 0,01 mol/L, pH 8,5; modificado de Shaw & Prasad (1970); sistema 2- 61 eletrodo: histidina 0,065 mol/L ajustado para pH 6,5 com ácido cítrico; gel: diluição da solução do eletrodo 1:4; modificado de Stuber et al. (1977); sistema 3- eletrodo: hidróxido de lítio 0,05 mol/L, ácido bórico 0,0935 mol/L, EDTA 0,0059 mol/L, pH 8,0; gel: diluição da solução do eletrodo 1:10; modificado de Ridgway et al. (1970). Cada corrida eletroforética, em sistema horizontal, se processou até o momento em que o marcador (azul de bromofenol) percorreu 9 cm a partir do sítio de aplicação, utilizando as seguintes condições de corrida: sistema 1- 13 mA; sistema 2- 150 V; sistema 3- 25 mA. Foram padronizados cinco sistemas enzimáticos para o complexo de espécies em estudo, sendo empregados os seguintes sistemas de tampões de corrida: sistema 1- Fosfatase Ácida (ACP; EC 3.1.3.2); sistema 2: Malato Desidrogenase (MDH; EC 1.1.1.37); sistema 3: Fosfoglucomutase (PGM; EC 2.7.5.1), Fosfoglucoisomerase (PGI; EC 5.3.1.9), Isocitrato Desidrogenase (IDH; EC 1.1.1.42). Os procedimentos referentes à coloração histoquímica dos géis foram similares, com algumas modificações, àqueles apresentados por Brune et al. (1998; ACP), Corrias et al. (1991; IDH, PGI) e Soltis et al. (1983; PGM, MDH). Os sistemas enzimáticos que apresentaram mais de um locus foram numerados em ordem ascendente a partir do locus de menor mobilidade. Os alelos foram numerados de acordo com sua mobilidade relativa ao indivíduo padrão de Syngonanthus curralensis presente em todos os géis e designado como 100. As frequências alélicas foram determinadas por contagem manual dos padrões de bandas de homozigotos e heterozigotos apresentados nos géis após a coloração. A variabilidade genética para cada população foi estimada de acordo com os seguintes parâmetros: proporção de loci polimórficos (P; critério de 0,95), número médio de alelos por locus (A), heterozigosidade observada (Ho) e esperada (He) por locus. A partir da heterozigosidade média esperada, testou-se o equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW) 62 utilizando χ2 com correção para pequenas amostras de acordo com Levene (1949). A partição da diversidade genética entre populações foi estimada por estatística F (Fis, coeficiente de endogamia, que mensura se a redução na heterozigosidade é devido a cruzamentos preferenciais dentro da população; Fst, mensura diferenciação entre populações; Wright, 1978). A análise de agrupamento foi desenvolvida a partir da matriz de distância genética (Nei’s [1978] baseada na distância genética) das populações utilizando UPGMA (unweigthed pair-group method of arithmetical averages) como algoritmo de agrupamento (Sneath & Sokal, 1973). Todas as análises foram feitas usando o software BIOSYS 1.0 (Swofford & Selander, 1989) exceto a análise de agrupamento que foi realizada no Statistica 5.5, versão para Windows (StatSoft, 2000). Análise morfométrica – Quarenta e dois caracteres florais contínuos e descontínuos foram mensurados (Tabela 2). Devido ao pequeno tamanho das flores, estas foram dissecadas e então desenhadas com o auxílio de um estereomicroscópio modelo Zeizz Stemi SV 11, devidamente equipado com câmara clara, e as medidas obtidas a partir dos desenhos, o que garantiu uma maior precisão na quantificação da variabilidade. A análise de discriminantes foi conduzida utilizando todos os caracteres. Os coeficientes padronizados para cada variável canônica, resultantes da análise de discriminantes foram utilizados para a identificação das características que contribuíram para a obtenção dos padrões observados. A análise de agrupamento foi realizada a partir da matriz de Distância Generalizada de Mahalanobis das populações utilizando UPGMA. Os valores medianos da Distância Generalizada de Mahalanobis dos indivíduos ao centróide de suas populações foram calculados (D2m) (Goldman et al., 2004) e submetidos a uma análise de variância não-paramétrica usando o teste de Kruskal-Wallis para verificar a ocorrência de diferenças significativas entre as medianas das populações conspecíficas. Foi desenvolvida uma análise de multi-response permutation procedure (MRPP) para calcular a distância média dentro dos grupos 63 (distância Euclidiana média - ED) e a “chance-corrected whitin-group agreement” (AMRPP), para os táxons que tiveram mais de uma população amostrada (Borba et al., 2002). Os valores D2m e ED foram usados para mensurar a variabilidade morfológica, e AMRPP para mensurar a diferenciação morfológica entre populações conspecíficas, correlacionando-se com o Fst. A análise de Discriminantes e de Agrupamento foram desenvolvidas utilizando Statistica 5.5, para o MRPP utilizou-se PCOrd 4.10 (McCune & Mefford, 1999) e a análise de variância foi obtida no BioEstat 3.0 (Ayres et al., 2003). Análises de correlação – Análise de correlação não-paramétrica de Spearmam foi realizada entre a variabilidade genética (He) e variabilidade morfológica (distância Euclidiana média, ED; e mediana da distância de Mahalanobis, D2m). Estas análises foram desenvolvidas no Statistica 5.5. A matriz de distância generalizada de Mahalanobis foi comparada com as matrizes de distância de Nei (1978) e distância geográfica das populações utilizando teste de Mantel, com a opção Monte Carlo no PCOrd 4.10 (1000 aleatorizações). As distâncias entre os pares de populações foram calculadas no sistema elipsóide WGS84 utilizando o programa INVERSE 2.0 (National Geodetic Survey, 2002). RESULTADOS Variabilidade Variabilidade genética – Utilizando cinco sistemas enzimáticos foram detectados oito loci com boa resolução, os quais foram analisados neste estudo (Tabela 3). Um único locus apresentou-se monomórfico para todas as populações estudadas (PGM-1). ACP e PGI-1 apresentaram os maiores níveis de polimorfismo, com 7 e 6 alelos respectivamente. Todas as populações apresentaram polimorfismo em pelo menos dois loci, exceto SC-02 e SAC-01, que apresentaram apenas um locus polimórfico. A população SC-03 apresentou polimorfismo em cinco loci, e as populações SH-05 e 64 SAY-01 em quatro loci. Considerando os cinco morfos, foi encontrado locus diagnóstico apenas para S. aff. harleyi (MDH-1). As populações SH-02, SY-01 e SH-04 apresentaram alelos raros exclusivos de cada uma delas nos sistemas PGI-1 (SH-02 e SY-01) e IDH (SH-04). A população SAY-01 apresentou cinco alelos exclusivos distribuídos nos sistemas PGI-2, ACP e MDH-1. O percentual de loci polimórficos (critério 0,95) variou de 12,5 a 50%, o número médio de alelos por locus entre 1,1 e 2,1 e a heterozigosidade média esperada (He) variou de 0,018 a 0,167 (Tabela 4). As populações SC-03 e SAY-01 apresentaram os maiores níveis de variabilidade. Nenhum locus apresentou-se em equilíbrio em todas as populações, mesmo considerando as populações separadamente por morfo. Os loci PGI-2, MDH-1, MDH-2 e PGM-2 não estão em equilíbrio em nenhuma das populações, sendo tais loci polimórficos em sete (PGI-2), duas (MDH-1 e PGM-2) e uma população (MDH-2). Todos os loci polimórficos que não estão em equilíbrio apresentaram deficiência de heterozigotos, o que se reflete nos altos valores de Fis (Tabela 5), exceto PGI-1 nas populações SC-02, SC-06 e SAY-01, MDH-1 e 2 na população SC-04 e IDH na população SY-01. Variabilidade morfológica -- As populações de S. curralensis e S. aff. curralensis apresentaram maiores níveis de variabilidade morfológica (D2m e ED) em relação às demais. As populações SY-01 e SAY-01 apresentaram os menores índices de variabilidade morfológica (Tabela 4). SAC-01, SH-05, SH-02 e SH-03 apresentaram valores de variabilidade morfológica discrepantes entre os dois coeficientes utilizados (D2m > ED em SAC-01 e SH-05, e ED > D2m em SH-02 e SH-03), que pode ser interpretado como maior variabilidade em forma do que em tamanho dos caracteres nas duas primeiras populações, e a relação inversa nas duas últimas. A análise de variância não-paramétrica (Kruskal-Wallis) demonstrou que não existe diferença 65 significativa entre a variabilidade morfológica das populações de S. curralensis, exceto pela população SC-05, com menor variabilidade. Não foi observada ocorrência significativa de correlação entre variabilidade genética (He) e variabilidade morfológica (D2m - r = -0,459, p = 0,098; ED - r= -0,281, p= 0,4), utilizando todas as populações agrupadas. Resultados similares foram obtidos utilizando os táxons separadamente. Estruturação genética e morfológica -- Considerando as populações de S. curralensis e S. aff. curralensis agrupadas, o Fst obtido é muito alto (Tabela 5), evidenciando uma grande diferenciação entre tais populações, em parte devido ao alelo fixado no locus IDH de S. aff. curralensis (90). Se considerarmos apenas as populações de S. curralensis s.s. (excluindo SAC-01), o valor do Fst continua bastante elevado, devido à fixação deste mesmo alelo no locus IDH da população SC-03. Com a exclusão desta última população, a estruturação da variabilidade apresenta-se reduzida (Fst = 0,057). Da mesma forma, os valores de AMRPP considerando as populações de S. curralensis e S. aff. curralensis agrupadas foi superior do que quando se considera apenas as populações de S. curralensis s.s (Tabela 5). As populações de S. hatschbachii apresentaram também uma elevada estruturação genética, similar à observada em S. curralensis, porém uma menor estruturação da variabilidade morfológica do que nesta última (Tabela 5). O conjunto das populações formado por S. curralensis e S. hatschbachii apresenta uma elevada estruturação da variabilidade genética, superior ao observado considerando os dois táxons separadamente. Relações fenéticas -- A identidade genética entre as populações de S. curralensis variou de 0,856 a 1,000, enquanto que entre as populações de S. hatschbachii estes valores variaram de 0,852 a 0,999 (Tabela 6; Figura 3A). De uma forma geral, a identidade genética entre todas as populações foi superior a 0,80, exceto entre S. aff. 66 harleyi e as demais populações (0,553 a 0,731). A elevada diferenciação de S. aff. harleyi em relação às outras populações deve-se principalmente ao aos alelos fixados presentes na MDH-1 e MDH-2, além de alelos exclusivos na ACP, um deles em freqüência moderada (Tabela 3). No dendrograma de distância genética (Figura 3A), três grupos principais podem ser detectados, sendo um deles constituído exclusivamente pela população de S. aff. harleyi (SAY-01). Outro grupo é constituído por cinco das seis populações de S. curralensis mais a população SH-01 de S. hatschbachii. O posicionamento desta população deve-se aos alelos presentes no locus IDH, sendo o alelo mais freqüente o mesmo do fixado nas populações de S. curralensis (exceto em SC-03) e ausente nas populações de S. hatschbachii (Tabela 3). O outro grupo subdivide-se em um pequeno grupo constituído por S. aff. curralensis e S. harleyi, devido à similaridade destas com S. hatschbachii nos alelos do locus IDH, mas diferenciando desta última no locus PGI-1 por apresentar o alelo 60 em elevada freqüência, e o subgrupo restante constituído pelas populações de S. hatschbachii (exceto SH-01) e pela população SC-03 de S. curralensis. Esta última população, que é disjunta das demais populações da espécie (Delfino; Fig. 1) agrupa-se com S. hatschbachii devido à presença do alelo 90 fixado no locus IDH, como na maioria das populações desta espécie (exceto SH-01, como mencionado acima) e ausente suas populações conspecíficas (Tabela 3). A matriz de classificação obtida a partir da análise de discriminantes demonstra um percentual de classificações corretas dos indivíduos em relação a sua população de origem variando de 72 a 100%. Em S. curralensis os erros de classificação observados se deram exclusivamente entre as populações do mesmo táxon, exceto na população SC-06 que teve dois de seus indivíduos classificados como S. hatschbachii (SH-01). Os erros de classificação encontrados nas populações de S. hatschbachii ocorreram entre as populações do mesmo táxon, variando de 85 a 100%. Os demais táxons tiveram 67 100% de classificações corretas (Tabela 7). A análise de variáveis canônicas (CVA) demonstrou a formação de um gradiente ao longo do primeiro eixo, sendo possível observar em um dos extremos as populações de S. curralensis e no outro as populações de S. harleyi e S. aff. harleyi, com as populações de S. hatschbachii e S. aff. curralensis em posição intermediária. O segundo eixo demonstra a diferenciação das populações SC-01 e SC-02 em relação às demais populações do mesmo táxon, bem como a diferenciação de SH-02 e SH-03 em relação às demais populações de S. hatschbachii (Figura 4A). O terceiro eixo combinado ao primeiro evidencia a formação de três grupos de populações, evidenciando a distinção de S. harleyi e S. aff. harleyi em relação a S. hatschbachii (Figura 4B). As características que respondem pelas diferenças encontradas na análise de discriminantes foram, no primeiro eixo, principalmente aquelas relacionadas com largura em 2/5 e 4/5 das pétalas das flores pistiladas, comprimento da coluna, comprimento das sépalas e do pedicelo das flores estaminadas, estando todas estas variáveis associadas positivamente ao eixo. No segundo eixo a diferenciação se dá principalmente devido à largura em 2/5 da sépala da flor masculina, comprimento do filete e pedicelo das flores estaminadas, e comprimento da coluna, estando apenas esta última correlacionada negativamente ao eixo; e no terceiro eixo principalmente devido ao comprimento da bráctea involucral da série mais externa, que se associa positivamente ao eixo. A estrutura observada na CVA está refletida do dendrograma da distância de Mahalanobis entre as populações, evidenciando a formação de um grupo pelas populações de S. curralensis, divididas em dois subgrupos, e a diferenciação da população de Seabra (SAC-01) em relação à esta espécie. Um segundo grupo é formado pelas populações de S. hatschbachii, também divididas em dois subgrupos, e incluindo S. aff. curralensis (SAC-01), e um terceiro grupo constituído por 68 Syngonanthus harleyi e S. aff. harleyi (Figura 3B). O teste de Mantel demonstrou a não ocorrência de correlação significativa entre a Distância Generalizada de Mahalanobis e a distância genética de Nei (1978) (r = 0,323; p =0,065) e entre Distância Generalizada de Mahalanobis e distância geográfica (r = 0,235; p = 0,097). Porém entre a distância genética de Nei e distância geográfica foi observada correlação negativa significativa (r = - 0,457; p = 0,003). 69 DISCUSSÃO As populações de Syngonanthus curralensis apresentaram, para os parâmetros de variabilidade genética considerados, baixos valores em relação aos valores médios reportados para plantas com características similares [monocotiledôneas, ervas, endêmicas, com sementes dispersas pelo vento e de reprodução sexuada (Hamrick & Godt, 1990). Mesmo a população de Delfino, que apresentou o maior nível de variabilidade genética em relação às demais populações conspecíficas, apresentou valores ainda considerados baixos. O mesmo foi observado nas populações de S. hatschbachii, S. harleyi e S. aff. curralensis, sendo ainda a variabilidade genética menor do que em S. curralensis. A população de Syngonanthus aff. harleyi apresentou tais valores similares aos valores médios encontrados por Hamrick & Godt (1990). Os valores observados de variabilidade genética e morfológica para as populações destas espécies são muito similares aos valores encontrados para Syngonanthus mucugensis Giul., espécie também endêmica da Chapada Diamantina (A.C.S. Pereira et al., Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil, dados não publicados). Algumas espécies pertencentes a famílias da mesma ordem de Eriocaulaceae, Poales, como Poaceae, têm apresentado também baixos valores de variabilidade genética (e.g. Novak et al., 1991; Wang, 1995a, 1995b; Godt et al., 1996) o que foi igualmente encontrado para Eriocaulon koernickianum Van Heurck & Muller-Argoviensis (Eriocaulaceae), espécie rara e de distribuição disjunta nas regiões montanhosas dos Estados Unidos (Watson et al., 2002). Os coeficientes de endogamia (Fis) obtidos são muito altos, considerando-se que as espécies estudadas são monóicas e que não há a sobreposição temporal entre os ciclos de flores pistiladas e estaminadas em um mesmo capítulo. Porém, isto não é observado entre os capítulos de um mesmo indivíduo, entre os quais a sobreposição 70 na antese dos ciclos ocorre, o que favorece o endocruzamento, além da ocorrência de polinização por insetos que exibem comportamento que favorecem a polinização cruzada entre flores da mesma planta e de autocompatibilidade no grupo (Ramos et al., 2005). Possivelmente a dispersão de sementes é bastante limitada, de forma que as sementes são dispersas a poucos centímetros da planta mãe, gerando um padrão de distribuição dos indivíduos dentro das populações caracterizado pelo agrupamento de famílias, conforme registrado para S. mucugensis, o que favorece cruzamentos entre indivíduos aparentados (Ramos, 2005). Tais condições favorecem a endogamia e podem explicar os altos valores de Fis obtidos. O alto valor referente à estruturação genética (Fst) e morfológica (AMRPP) obtidos para S. curralensis, indica a ocorrência de diferenciação entre as populações da espécie. Em relação à diferenciação genética, esta ocorre, sobretudo entre as populações de Morro do Chapéu e a de Delfino (SC-03). Porém a diferenciação morfológica ocorre, sobretudo entre populações de Morro do Chapéu (SC-01 e SC-02 x demais populações), não sendo refletida uma diferenciação geográfica como observada nos dados genéticos. Tal variação é observada em campo em diferentes indivíduos coletados na área, o que justificou a proposição de Moldenke (1979;1982) baseado exclusivamente nos materiais-tipo de S. curralensis var. harleyi (Harley et al.19306, isótipo K!) e S. curralensis var. paucifolius (Mori & Boom 14548, isótipo K!). Porém não foram encontradas nas populações estudadas indivíduos correspondentes morfologicamente às exsicatas dos tipos destas variedades anteriormente propostas, embora tenha sido observada grande variação entre as populações de Morro do Chapéu. Por esse motivo aceitamos as sinonímias propostas por Lazzari (2000), considerando todas as populações do Município de Morro do Chapéu como pertencente ao mesmo táxon, desconsiderando, portanto estas variedades. Diferentemente, porém, a população de Delfino apresenta diferenças em caracteres 71 vegetativos, não empregados na análise morfométrica, que permitem a sua distinção em relação às demais, como maior pilosidade das folhas, persistência da bainha das folhas no caule e caule aéreo mais desenvolvido. Esta diferenciação vegetativa e genética provavelmente está associada à limitação de fluxo gênico entre estas populações de Delfino e Morro do Chapéu, se enquadrando no modelo de isolamento por distância. A população aqui designada como S. aff. curralensis (SAC-01), que se diverge genética e morfologicamente das demais populações de S. curralensis, deve ser considerada um táxon distinto deste último. Apesar da semelhança no hábito e em caracteres vegetativos com S. curralensis, que nos fez associá-la com esta espécie, ela é mais similar em caracteres reprodutivos e genéticos com S. hatschbachii. Devido à distribuição disjunta destes táxons e à localização da população SAC-01, dificilmente as características desta população podem ser explicadas por hibridação e/ou introgressão entre S. curralensis e S. hatschbachii. Apesar do grau de divergência morfológica e genética desta população indicar que ela possa ser segregada como uma subspécie distinta, a maior similaridade genética com as populações de S. hatschbachii e maior similaridade morfológica com populações de S. curralensis dificulta uma decisão inequívoca de qual espécie esta população representaria uma subspécie. Desta forma, é mais apropriada a segregação desta população como um táxon distinto ao nível específico. Um abordagem filogeográfica constituiria uma importante contribuição para um maior entendimento das relações neste grupo. A população de Delfino, localidade de coleta do material tipo de S. curralensis, é mais próxima geneticamente das populações de S. hatschbachii, todas coletadas em Morro do Chapéu, evidenciando a relação entre os táxons, cuja sinonimização fora proposta por Lazzari (2000), apesar de o material tipo da segunda espécie apresentar caules mais curtos, folhas não densamente pilosas e flores maiores quando comparado 72 ao tipo de S. hatschbachii. A análise morfométrica e as observações de campo revelam a simpatria sintópica entre as referidas populações destas espécies em Morro do Chapéu, e sustentam o reconhecimento de S. curralensis e S. hatschbachii como dois táxons distintos. As populações de S. hatschbachii apresentaram também elevada estruturação genética, devido à diferenciação da população SH-01 no locus IDH. Excluindo esta população, ocorre uma diminuição acentuada da estruturação genética da espécie confirmada pela alta identidade genética média encontrada para as demais populações de S. hatschbachii, sendo encontrados valores comumente observados para populações conspecíficas (Gotlieb, 1977; Crawford, 1989; Van der Bank et al. 2001). Sugerimos três hipóteses para explicar esta diferenciação genética da população SH-01 associada à similaridade com as populações de S. curralensis de Morro do Chapéu: 1) diferenciação por isolamento, sem ocorrência de hibridação/introgressão com S. curralensis (convergência); 2) hibridação/introgressão com S. curralensis; 3) esta população trata-se na verdade de uma população de S. curralensis com hibridação/introgressão com S. hatschbachii. A primeira hipótese parece ser menos plausível, devido à proximidade geográfica desta população em relação às demais populações conspecíficas, com provável manutenção do fluxo gênico entre elas, e detecção desta diferenciação em um marcador aparentemente neutro (seria necessária uma forte seleção em um locus ligado ao locus IDH para explicar tal diferenciação). Porém, resultados muito similares têm sido encontrados em outros grupos de plantas ocorrentes nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Jesus et al., 2001). A freqüência alélica encontrada no locus IDH torna a segunda hipótese a menos plausível delas, devido os mesmos motivos expostos para a hipótese anterior. Consideramos que a terceira hipótese seja a de ocorrência mais provável nesta população, apesar da aparente maior similaridade morfológica desta com as populações de S. hatschbachii. Tem sido observado que a segregação de caracteres 73 morfológicos não necessariamente segue a intermediaridade esperada em híbridos ou maior similaridade à espécie original em introgressantes (Rieseberg, 1995). Além disto, a freqüência dos alelos desta população nos loci PGM-2 e ACP fortalecem esta hipótese. A população de Syngonanthus aff. harleyi (SAY-01), coletada em Delfino, apresentou grande diferenciação aloenzimática, refletida na baixa identidade genética encontrada entre esta e as demais populações, bem como elevada diferenciação morfológica. Embora ocorra o agrupamento com S. harleyi, a partir dos dados morfométricos, devido a semelhanças florais, as populações em questão apresentam diferenças importantes, principalmente em relação ao tipo de bainha, indumento das folhas, bem como seu tamanho. As diferenças apontadas, tanto genéticas quanto morfológicas são suficientes para que se reconheça tratar-se de uma espécie distinta daquelas envolvidas neste estudo, e propomos que esta seja reconhecida como um novo táxon. Estas alterações taxonômicas aqui propostas estão sendo formalizadas em um trabalho envolvendo a revisão taxonômica do grupo (Capítulo 3). Estudos recentes com espécies de Acianthera (anteriormente Pleurothallis subg. Acianthera, Orchidaceae; Borba et al., 2001) e com Proteopsis argentea (Asteraceae) (Jesus et al., 2001), ambas restritas à Cadeia do Espinhaço, utilizando marcadores aloenzimáticos encontraram valores moderados a elevados de estruturação genética, associados à distribuição geográfica disjunta das populações, com reflexo também na estruturação da variabilidade morfológica das populações (Borba et al., 2002). Algumas espécies endêmicas nestas formações, com populações pequenas e fragmentadas, como P. argentea, têm apresentado reduzida diversidade genética intrapopulacional e elevada diferenciação entre as populações. Nesta espécie, duas populações muito próximas, separadas por menos de 2 quilômetros na Serra do Cipó, apresentaram freqüência de alelos invertida e alelos restritos a uma das populações (Jesus et al., 74 2001). Por outro lado, Borba et al. (2001) encontraram uma não esperada alta variabilidade genética em muitas populações estudadas e uma baixa a moderada diferenciação entre populações de uma mesma espécie. M.C.Machado et al. (Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil, dados não publicados) também encontraram para Discocactus zehntneri (Cactaceae), também restrito à Cadeia do Espinhaço, elevada diferenciação genética e morfológica entre suas populações, ambos associados a uma disjunção norte-sul da distribuição da espécie. Resultados similares foram também obtidos por Lambert et al. (2006) para espécies de Melocactus, outro gênero de Cactaceae. Os níveis de diversidade dentro e entre populações de uma espécie devem ser utilizados como critérios para priorização na conservação de populações (Chamberlain, 1998), de forma que, para espécies com altos valores de Fst, assegurar a preservação da diversidade alélica e genética implica em proteger um número maior de populações (Hamrick et al., 1991). As populações reconhecidas até o momento como S. curralensis provenientes de Morro do Chapéu têm sido submetidas a fortes pressões antrópicas, como a coleta indiscriminada de inflorescências, em virtude de seu valor ornamental, além da destruição de habitat por atividades de mineração e agropastoris, o que tem comprometido a reprodução e a manutenção de suas populações, tornando-a espécie ameaçada de extinção. É possível que tal situação esteja contribuindo para a redução da variabilidade, tanto genética quanto morfológica destas populações, ao passo que a população de Umburanas, por não sofrer tais pressões, sustente uma maior variabilidade. Qualquer delineamento e execução de planos de conservação e manejo desta espécie devem levar em consideração as populações dos diferentes municípios independentemente. As populações de Morro do Chapéu devem ser monitoradas, e a re-introdução de indivíduos, inclusive com enriquecimento a partir de genótipos das demais populações do município, devido ao seu histórico de pressão antrópica e baixa 75 variabilidade. A população de S. curralensis proveniente de Delfino, apesar de ter apresentado a maior variabilidade entre as populações de S. curralensis, está aparentemente vulnerável, devido a sua raridade, tendo sido encontrada apenas uma pequena população na Serra do Curral Feio, mesma localidade do material tipo. Todos os demais táxons apresentaram distribuição restrita com grande diferenciação entre suas populações, tendo sido apontados como possíveis fatores distribuição disjunta, localização limitada das populações, hibridação e introgressão. Isto parece ser característica freqüente nestes ambientes de campos rupestres para diversos grupos de plantas, levando a grande riqueza de espécies e endemismo (Joly, 1970; Giulietti & Pirani, 1988; Menezes & Giulietti, 2000; Borba et al., 2001, 2002; Jesus et al., 2001; Lambert et al., 2006; A.C.S. Pereira et al., Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil, dados não publicados; E.L. Borba et al., Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, dados não publicados; M.C. Machado et al., Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil, dados não publicados). Desta forma, faz-se urgente a elaboração de um plano geral de conservação e manejo para todo este ambiente, que possui uma das mais elevadas diversidades biológicas do Brasil. 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Vouchers foram depositados no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). 82 Nº de indivíduos Táxon S. curralensis Município População Morro do Tabuleiro dos Chapéu Tigres Morro do Estrada para Chapéu Morrão Umburanas Delfino- Código SC-01 SC-02 SC-03 Morfometria Genética 20 20 18 11 20 20 Caminho para Localização Vouchers 11°36’9.4” S Giulietti et al. 41°9’44.3” W 2168 11°33.9’47” S Giulietti et al. 41°10.7’24” W 2112 10°21’58.7” S Pereira et al. 153 41°11’54.4” W Boa Vista Morro do Duas Irmãs SC-04 18 20 Chapéu S. aff. curralensis Morro do Margens do Chapéu Rio Jacuípe Morro do Tabuleiro das Chapéu Guaribas Seabra Seabra SC-05 SC-06 20 20 20 22 11°33’39.3” S Giulietti et al. 41°17’69.1” W 2125 11°33’35.3” S Giulietti et al. 41°07’37.1” W 2152 11°26’21.5” S Pereira et al. 76 41°11’49.8” W SAC-01 11 22 12°25’40.4” S Pereira et al. 33 41°59’45.3” W S. hatschbachii Morro do Estrada para Chapéu Morrão Morro do Dunas SH-01 20 20 SH-02 18 20 11°29’55.1” S Pereira et al. 172 41°10.7’24” W Duas Irmãs SH-03 20 20 Chapéu S. harleyi Pereira et al. 71 41°10.7’24” W Chapéu Morro do 11°33.9’47” S Morro do Tabuleiro das Chapéu Guaribas Morro do Tabuleiro dos Chapéu Tigres Umburanas Delfino- SH-04 20 20 11°33’39.3” S Giulietti et al. 41°17’69.1” W 72800 11°26’21.5” S Pereira et al. 74 41°11’49.8” W SH-05 SY-01 20 20 20 20 Caminho para 11°36’9.4” S Giulietti et al. 41°9’44.3” W 2169 10°21’58.7” S Pereira et al. 122 41°11’54.4” W Boa Vista S. aff. harleyi Umburanas DelfinoCaminho para SAY-01 20 20 10°21’58.7” S Pereira et al. 100 41°11’54.4” W Boa Vista 83 Tabela 2. Variáveis morfológicas utilizadas para o na análise morfométrica multivariada em 14 populações de Syngonanthus curralensis, S. aff. curralensis, S. hatschbachii, S. harleyi e S. aff. harleyi, ocorrentes na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Orgão / Caracter Brácteas involucrais Nº de séries de brácteas involucrais Comprimento da bráctea da série mais externa Largura em 1/5 da bráctea da série mais externa Largura em 2/5 da bráctea da série mais externa Largura em 3/5 da bráctea da série mais externa Largura em 4/5 da bráctea da série mais externa Comprimento da bráctea da série mais interna Largura em 1/5 da bráctea da série mais interna Largura em 2/5 da bráctea da série mais externa Largura em 3/5 da bráctea da série mais interna Largura em 4/5 da bráctea da série mais interna Flor pistilada Comprimento do antóforo Comprimento do pedicelo Comprimento da sépala Largura em 1/5 da sépala Largura em 2/5 da sépala Largura em 3/5 da sépala Largura em 4/5 da sépala Comprimento da porção conada das pétalas Comprimento da porção livre das pétalas Largura em 1/5 da pétala Largura em 2/5 da pétala Largura em 3/5 da pétala Largura em 4/5 da pétala 84 Comprimento dos estiletes em sua porção livre Comprimento dos apêndices em sua porção livre Comprimento da coluna Flor estaminada Comprimento do pedicelo Comprimento da sépala Largura em 1/5 da sépala Largura em 2/5 da sépala Largura em 3/5 da sépala Largura em 4/5 da sépala Comprimento da porção conada da pétala Comprimento da porção livre da pétala Largura em 1/5 da pétala Largura em 2/5 da pétala Largura em 3/5 da pétala Largura em 4/5 da pétala Comprimento dos filetes Comprimento da antera Escapo Comprimento 85 Tabela 3. Freqüências alélicas em oito loci aloenzimáticos de 14 populações de Syngonanthus curralensis, S. aff. curralensis, S. hatschbachii, S. harleyi e S. aff. harleyi, ocorrentes na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. N = tamanho da amostra. Veja tabela 1 para abreviações das populações. S. aff. curralensis S. curralensis S. hatschbachii S. harleyi S. aff. harleyi Locus SC-01 SC-02 SC-03 SC-04 SC-05 SC-06 SAC-01 SH-01 SH-02 SH-03 SH-04 SH-05 SY-01 SAY-01 160 0,025 0,075 --- 0,225 0,075 --- --- --- --- 0,025 --- 0,075 --- --- 110 --- --- --- --- --- 0,045 --- --- --- --- 0,025 --- --- 0,050 100 0,975 0,925 0,825 0,775 0,875 0,955 0,591 1,000 0,875 0,975 0,975 0,925 0,275 0,900 60 --- --- 0,175 --- 0,050 --- 0,409 --- 0,075 --- --- --- 0,675 0,050 50 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,05 --- 20 --- --- --- --- --- --- --- --- 0,050 --- --- --- --- --- (N) 20 20 20 20 20 22 22 20 20 20 20 20 20 20 105 0,050 --- 0,125 0,075 --- 0,136 --- --- --- --- --- --- --- 0,105 100 0,925 1,000 0,875 0,875 1,000 0,864 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,950 1,000 0,658 94 0,025 --- --- 0,050 --- --- --- --- --- --- --- 0,050 --- 0,184 69 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,053 (N) 20 20 20 20 20 22 22 20 20 20 20 20 20 20 120 --- --- --- --- --- --- --- 0,075 --- --- --- --- --- --- 100 1,000 1,000 --- 1,000 1,000 1,000 --- 0,925 --- --- --- --- 0,050 --- PGI-1 PGI-2 IDH 86 90 --- --- 1,000 --- --- --- 1,000 --- 1,000 1,000 0,950 1,000 0,950 1,000 57 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,050 --- --- --- (N) 20 20 20 20 20 22 22 20 20 20 20 20 20 20 100 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 (N) 20 20 20 20 20 22 22 20 20 20 20 20 20 20 110 --- --- --- --- --- --- --- 0,100 0,200 --- --- --- --- --- 100 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,900 0,775 1,000 1,000 1,000 1,000 0,950 70 --- --- --- --- --- --- --- --- 0,025 --- --- --- --- 0,050 (N) 20 20 20 20 20 22 22 20 20 20 20 20 20 20 130 --- --- 0,025 --- 0,050 0,068 --- --- --- --- 0,075 0,050 0,025 --- 114 --- --- --- --- --- --- --- 0,075 0,050 0,500 0,025 --- --- --- 100 1,000 1,000 0,975 1,000 0,950 0,932 1,000 0,925 0,950 0,500 0,850 0,875 0,975 0,658 90 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,050 0,750 --- --- 40 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,237 33 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,026 28 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,079 (N) 20 20 20 20 20 22 22 20 20 20 20 20 20 19 113 --- --- 0,125 --- --- --- --- --- --- --- --- 0,100 --- --- 100 1,000 1,000 0,875 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,900 1,000 86 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 1,000 (N) 20 20 16 20 19 22 22 20 20 20 20 20 20 20 PGM-1 PGM-2 ACP MDH-1 87 MDH-2 100 1,000 1,000 0,906 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 68 --- --- 0,094 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 1,000 (N) 20 20 16 20 20 22 22 20 20 20 20 20 20 20 88 Tabela 4. Variabilidade genética em oito loci aloenzimáticos e variabilidade morfológica baseada em análise multivariada de 42 caracteres morfológicos, em 14 populações de Syngonanthus curralensis, S. aff. curralensis, S. hatschbachii, S. harleyi e S. aff. harleyi, ocorrentes na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. N = média do tamanho amostral por locus; A = número médio de alelos por locus; P= proporção de loci polimórficos; Ho= heterozigosidade média observada e He= heterozigosidade média esperada por locus (estimativa baseada em Nei, 1978); D2m= mediana da Distância Generalizada de Mahalanobis dos indivíduos ao centróide da população; ED= média da Distância Euclidiana entre os indivíduos da população. Desvio padrão entre parênteses. Veja Tabela 1 para nome das populações. Pop. N A P Ho He D2m ED SC-01 20,0 (0,0) 1,4 (0,3) 12,5 0,013 (0,008) 0,024 (0,018) 46,31 65,07 SC-02 20,0 (0,0) 1,1 (0,1) 12,5 0,019 (0,019) 0,018 (0,018) 54,81 64,61 SC-03 19,0 (0,7) 1,6 (0,2) 50,0 0,058 (0,029) 0,121 (0,053) 35,53 67,79 SC-04 20,0 (0,0) 1,4 (0,3) 25,0 0,050 (0,034) 0,074 (0,050) 43,38 61,32 SC-05 19,9 (0,1) 1,4 (0,3) 25,0 0,006 (0,006) 0,041 (0,030) 30,30 77,46 SC-06 22,0 (0,0) 1,4 (0,2) 25,0 0,040 (0,023) 0,057 (0,032) 41,08 75,11 1,1 (0,1) 12,5 0,011 (0,011) 0,062 (0,062) 42,87 44,82 S. curralensis S. aff. curralensis SAC-01 22,0 (0,0) S. hatschbachii SH-01 20,0 (0,0) 1,4 (0,2) 37,5 0,013 (0,008) 0,059 (0,029) 33,06 38,97 SH-02 20,0 (0,0) 1,6 (0,3) 37,5 0,050 (0,034) 0,087 (0,050) 30,54 63,59 SH-03 20,0 (0,0) 1,3 (0,2) 12,5 0,019 (0,013) 0,070 (0,064) 30,35 61,97 SH-04 20,0 (0,0) 1,6 (0,4) 25,0 0,031 (0,025) 0,053 (0,034) 30,63 55,75 SH-05 20,0 (0,0) 1,6 (0,3) 50,0 0,050 (0,028) 0,082 0,034) 37,57 30,27 20,0 (0,0) 1,5 (0,3) 25,0 0,025 (0,013) 0,078 (0,059) 26,81 62,47 S. harleyi SY-01 S. aff. harleyi 89 SAY-01 19,8 (0,2) 2,1 (0,5) 50,0 0,071 (0,038) 0,167 (0,082) 27,64 64,47 90 Tabela 5. Estatística-F (Wright,1978) em oito loci aloenzimáticos para as populações de Syngonanthus curralensis (SC) e S. aff curralensis (SAC) agrupadas e excluindo esta última; S. curralensis (SC) e S. hatschbachii (SH) considerando todas as populações e separadamente por táxon. AMRPP – valor referente à estruturação morfológica das populações de S. curralensis e S. aff. harleyi agrupadas e de S. curralensis separadamente; e destas populações agrupadas com S. hatschbachii e deste último táxon separadamente (Ver tabela 1), obtidas a partir da análise de multi-response permutation procedure (MRPP) utilizando 42 variáveis morfológicas. Fis Locus Fst SC/SAC SC SC/SH SH SC/SAC SC SC/SH SH PGI-1 0,549 0, 437 0,412 0,351 0,152 0,075 0,076 0,044 PGI-2 0,475 0,475 0,529 1 0,056 0,046 0,068 0,040 IDH ---- --- 0,786 0,786 1,000 1,000 0,958 0,863 PGM-2 ---- --- 0,536 0,536 ---- --- 0,148 0,118 ACP 0,648 0,648 0,603 0,593 0,035 0,031 0,227 0,206 MDH-1 -0,067 -0,067 -0,094 -0,111 0,054 0,053 0,072 0,082 MDH-2 1 1 1 ---- 0,054 0,053 0,057 ---- Média 0,531 0,475 0,502 0,525 0,522 0,425 0,540 0,410 0,301 0,222 0,171 0,147 AMRPP 91 Tabela 6. Matriz de distância genética de Nei (1978) média entre as populações de Syngonanthus curralensis, S. aff. curralensis, S. hatschbachii, S. harleyi e S aff. harleyi. Valores mínimos e máximos entre parênteses. No. of Espécie S. curralensis S. aff curralensis S. hatschbachii S. harleyi pops. 0,952 S. curralensis 6 (0,856 – 1,000) 0,874 S. aff curralensis ---- 1 (0,845 – 0,991) S. hatschbachii S. harleyi S. aff. harleyi 0,898 0,948 0,938 (0,827 – 0,998) (0,853 – 0,982) (0,852 – 0,999) 0,846 0,990 0,910 (0,816 – 0,960) (0,990 – 0,990) (0,822 – 0,946) 0,589 0,683 0,669 0,644 (0,553 -0,731) (0,683 – 0,683) (0,564 – 0,712) (0,644 – 0,644) 5 ---- 1 1 92 Tabela 7. Matriz de classificação dos indivíduos na análise de discriminantes a partir de 42 caracteres morfológicos em 14 populações de Syngonanthus curralensis (SC), S. aff. curralensis (SAC), S. hatschbachii (SH), S. harleyi (SY) e S. aff. Harleyi (SAY), ocorrentes na Chapada Diamantina, Brasil. Ver tabela 1 para nomes das populações. Percentual POP. SC-01 SC-02 SC-03 SC-04 SC-05 SC-06 SAC-01 SH -01 SH-02 SH -03 SH -04 SH-05 SY-01 SAY-01 correto SC-01 90 18 2 - - - - - - - - - - - - SC-02 72.2 3 13 - - 1 1 - - - - - - - - SC-03 100 - - 11 - - - - - - - - - - - SC-04 100 - - - 18 - - - - - - - - - - SC-05 90 - - 2 - 18 - - - - - - - - - SC-06 85 - - - - 1 17 - 2 - - - - - - SAC-01 100 - - - - - - 11 - - - - - - - SH-01 100 - - - - - - - 20 - - - - - - SH-02 100 - - - - - - - - 18 - - - - - SH-03 100 - - - - - - - - - 20 - - - - SH-04 95 - - - - - - - 1 - - 19 - - - SH-05 85 - - - - - - - 2 - - 1 17 - - SY-01 100 - - - - - - - - - - - - 20 - SAY-01 100 - - - - - - - - - - - - - 20 93 Total 93,8 21 15 13 18 20 18 11 25 18 20 20 17 20 20 94 Figura 1. Mapa da Chapada Diamantina, Nordeste do Brasil, mostrando as localidades de ocorrência de populações de Syngonanthus curralensis e demais táxons relacionados estudados. 95 Figura 2. Indivíduos de Syngonanthus curralensis das populações de Delfino (A; SC-03) e Morro do Chapéu (B; SC-01), S. aff. curralensis da população de Seabra (C; SAC-01), S. hatschbachii de população de Morro de Chapéu (D; SH-05), S. harleyi de população 96 de Delfino (E; SY-01) e S. aff. harleyi de população de Delfino (F; SAY-01). Barras de escala = 2,5 cm (A-E); 1,0 cm (F). 97 A A B Figura 3. Dendrograma demonstrando as relações fenéticas entre 14 populações de Syngonanthus curralensis (SC), S. aff. curralensis (SAC), S. hatschbachii (SH), S. harleyi (SY) e Syngonanthus aff. harleyi (SAY), provenientes da Chapada Diamantina, Brasil. Obtido a partir da matriz de distância genética (Nei, 1978; unbiased estimate) baseado em oito loci aloenzimáticos (A) e a partir da matriz da Distância Generalizada 98 de Mahalanobis baseado em 42 caracteres morfológicos (B) com UPGMA como algoritmo de agrupamento. Veja tabela 1 para nome das populações. 99 A B Figura. 4. Representação dos três primeiros eixos canônicos do CVA utilizando 42 caracteres morfológicos em 14 populações de Syngonanthus curralensis (SC), S. aff. curralensis (SAC), S. hatschbachii (SH), S. harleyi (SY) e Syngonanthus aff. harleyi (SAY), provenientes da Chapada Diamantina, Brasil. Ver tabela 1 para nomes das populações. Percentual de variância acumulada nos três primeiros eixos = 22,12 100 (Primeiro eixo= 16,27; segundo eixo=3,7; terceiro eixo= 2,85). 101 CAPÍTULO 3 Syngonanthus seabrensis e S. delfinensis: duas novas espécies de Eriocaulaceae de campos rupestres, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. ANA CARINA S. PEREIRA1, EDUARDO L. BORBA2 1 1 E ANA MARIA GIULIETTI Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Sistemática Molecular de Plantas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Rodovia BR 116, km 3, Feira de Santana-BA, 44031-460, Brasil. 2 Departamento de Botânica, Laboratório de Sistemática, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, 31270-901, Brasil 102 Resumo São apresentadas duas novas espécies de Syngonanthus (Ruhland), descritas a partir do desenvolvimento de um estudo multipopulacional empregando análise morfométrica e eletroforeses de isoenzimas. Syngonanthus delfinensis e S. seabrensis, são espécies endêmicas da Chapada Diamantina, estando restritas aos municípios de Delfino (Umburanas) e Seabra, respectivamente. Syngonanthus delfinensis é semelhante por alguns caracteres florais a S. harleyi Moldenke, com quem ocorre em simpatria simtópica. Difere desta, principalmente em relação aos caracteres vegetativos, uma vez que Syngonanthus delfinensis apresenta rizomas curtos, recobertos por folhas glaucas, densamente pilosas em ambas as faces, com tricomas filamentosos na face adaxial e tricomas malpighiáceos na face abaxial, porção basal do caule com folhas senescentes e, espatas e escapos glaucos, com tricomas malpighiáceos nas espatas e escapos com tricomas filamentosos. S. seabrensis assemelha-se em seus caracteres vegetativos a S. curralensis, diferindo desta por apresentar por apresentar capítulos menores, brácteas involucrais das séries externas mais largas em 4/5 de seu comprimento, maior comprimento da porção livre das pétalas das flores femininas e maior largura das pétalas das flores estaminadas em 4/5 de seu comprimento. Em relação aos caracteres vegetativos, as diferenças entre as duas espécies estão principalmente relacionadas ao indumento do ápice e tamanho das espatas e indumento das folhas. Palavras-chave: Eriocaulaceae; Syngonanthus; Chapada Diamantina; endemismo. 103 INTRODUÇÃO O gênero Syngonanthus Ruhl. é constituído por cerca de 200 espécies, distribuídas nas Américas e África, estando a maior parte destas concentradas no continente sul-americano, com altas taxas de endemismo no Brasil (Lazzari, 2000). Dentre as espécies de ocorrência restrita a Chapada Diamantina, porção baiana da Cadeia do Espinhaço, está Syngonanthus curralensis (Moldenke, 1975a) que devido ao seu valor ornamental tem sido alvo de extrativismo com fins comerciais bem como da degradação ambiental devido a extração de areia, substrato aonde ocorre (Rêgo, 2003). Essa espécie, a exemplo de outras da Chapada Diamantina e da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais, devido ao extrativismo aliado a sua distribuição restrita, estão atualmente ameaçadas de extinção (Giulietti et al., 1996). Syngonanthus curralensis apresenta distribuição disjunta entre os municípios de Umburanas (Serra do Curral Feio) e Morro do Chapéu, estando as áreas mais altas onde ocorrem, separadas por terras baixas, recobertas por caatinga. S. curralensis está incluída em Syngonanthus sect. Eulepis, a qual foi recentemente monografada por Lazzari (2000), onde estão registrados diversos problemas taxonômicos decorrentes da grande variação morfológica observada. A autora sugere que o desenvolvimento de estudos populacionais empregando abordagens diferenciadas sejam de grande utilidade no esclarecimento da taxonomia da espécie. A variação morfológica da espécie já havia sido referida anteriormente e serviu de suporte para o reconhecimento de categorias infra-específicas para o táxon, tendo sido descritos S. curralensis var. harleyi (Moldenke,1979) e S. curralensis var. paucifolius (Moldenke, 1982), ambas a partir de espécimes coletados em Morro do Chapéu. Esse mesmo autor, descreveu ainda outras 104 espécies do mesmo grupo, S. hatschbachii (Moldenke,1978) e S. harleyi (Moldenke,1975b) descritas a partir de materiais coletados em Morro do Chapéu e Serra do Curral Feio respectivamente. Lazzari (2000) sugere a sinonomização em S. curralensis dos táxons infra-específicos e de S. hatschbachii . Visando o esclarecimento da taxonomia deste complexo de espécies, foi desenvolvido um estudo multipopulacional empregando análise morfométrica multivariada e eletroforese de isoemzimas (Capítulo 2). Foram coletadas 14 populações provenientes de três localidades da Chapada Diamantina, as quais representaram 5 morfos. Dos cinco morfos encontrados no conjunto das populações amostradas (Figura 1) três espécies poderam ser identificadas: S. curralensis Moldenke, S. hatschbachii Moldenke e S. harleyi Moldenke. Para tanto, utilizou-se a bibliografia necessária, observações em campo incluindo as localidades tipo e a comparação com os materiais-tipo: S. curralensis: BA, Mun. Umburanas, Serra do Curral Feio, Harley et al. 16661, isotipo K!; S. hatschbachii: BA, Mun.Morro do Chapéu, Hatschbach 39668, isotipo K!; S. harleyi: BA, Mun. Umburanas, Serra do Curral Feio, Harley et al. 16662, isotipo K!. Os dois outros morfos não puderam ser incluídos inequivocadamente em qualquer dos táxons descritos e por isso foram considerados naquele trabalho como S. aff. curralensis e S. aff. harleyi, devido principalmente a semelhanças morfológicas referentes às partes florais observadas em campo e em material de herbário. A população de Syngonanthus aff. harleyi, coletada em Delfino, apresentou grande diferenciação aloenzimática, refletida na baixa identidade genética encontrada entre esta e as demais populações, bem como elevada diferenciação morfológica (Capítulo 2). Embora ocorra o agrupamento com S. harleyi, a partir dos dados morfométricos, devido as semelhanças florais, as populações em questão apresentaram diferenças importantes, principalmente 105 em relação ao tipo de bainha, indumento das folhas e altura. As diferenças apontadas, tanto genéticas quanto morfológicas foram consideradas suficientes para que se reconheça a ocorrência de uma espécie distinta daquelas identificadas na análise. Desse modo, propomos que esta população seja reconhecida como um novo táxon, aqui denominado Syngonanthus delfinensis A população coletada em Seabra e que foi referida inicialmente como S. aff. curralensis, também diverge genética e morfologicamente das demais populações de S. curralensis (Capítulo 2). Apesar da semelhança no hábito e em caracteres vegetativos com S. curralensis, o que nos fez associá-la com esta espécie, os indivíduos examinados são mais similares nos caracteres reprodutivos e genéticos com S. hatschbachii. Devido à distribuição disjunta destes táxons, dificilmente as características próprias desta população poderiam ser explicados por hibridação e/ou introgressão entre S. curralensis e S. hatschbachii. Apesar do grau de divergência morfológica e genética desta população indicar que ela possa ser segregada como uma subspécie distinta, a maior similaridade genética com as populações de S. hatschbachii e maior similaridade morfológica com populações de S. curralensis dificulta uma decisão inequívoca de qual espécie esta população representaria uma subspécie. Desta forma, é mais apropriada a segregação desta população como um táxon distinto ao nível específico, aqui designado Syngonanthus seabrensis. Um abordagem filogeográfica constituiria uma importante contribuição para um maior entendimento das relações neste grupo. Syngonanthus delfinensis A.C.S. Pereira, Giul. & Borba sp. nov. 106 Typus: Brazil, Bahia, Umburanas, Serra do Curral Feio, Caminho para Boa Vista, ca. 8 Km após Lajes dos Negros, 10° 21’ 58.7” S, 41° 11’ 54.5” W, 25.set.2004. A.C.S. Pereira, E. L. Borba, J. Costa, P. L. Ribeiro & S. M. Lambert 117 (Holotipo HUEFS, Isotipo K). Figuras 2 e 3. Similar a Syngonanthus harleyi Moldenke pela organização dos capítulos e flores, porém apresenta brácteas involucrais das séries externas maiores, menor tamanho da coluna, e maiores comprimento do pedicelo das flores femininas e dos filetes, difere também pelo caule mais curto e folhas glaucas e densamente pilosas com tricomas filamentosos na face superior e malpighiaceos adpressos na face inferior, e não caule longo com folhas glabras exceto pela margem densamente alvo-ciliadas. Material adicional examinado: Brazil, Bahia, Umburanas, Serra do Curral Feio, Caminho para Boa Vista, ca. 8 Km após Lajes dos Negros, 10° 21’ 58.7” S, 41° 11’ 54.5” W, 25.set.2004., A.C.S. Pereira et al. 99 (HUEFS); Idem, A.C.S. Pereira et al. 100 (HUEFS); Idem,A.C.S. Pereira et al. 101 (HUEFS); Idem,A.C.S. Pereira et al. 102 (HUEFS); Idem, A.C.S. Pereira et al. 103 (HUEFS); Idem,A.C.S. Pereira et al. 104 (HUEFS); Idem,A.C.S. Pereira et al. 105 (HUEFS); Idem,A.C.S. Pereira et al. 106 (HUEFS). Plantas 14-35 cm alt., caulescentes. Rizoma ereto ou oblíquo, até 20 mm compr., porção aérea ramificada ou não, da porção subterrânea partem raízes. Folhas glaucas, fotossintetizantes partindo do ápice em forma de roseta, folhas senescidas distribuída ao longo da porção aérea do rizoma, coriáceas, côncavas, linear-lanceoladas, planas, 10-12 X 1 mm,bainha ca.1,5 mm larg. 107 ápice acuminado; densamente pilosas em ambas as faces, face adaxial com nervura principal espessada e tricomas filamentosos e face abaxial com tricomas malpighiáceos, margem densamente coberta por tricomas malpighiáceos, bainha membranácea, glabrescente. Espatas glaucas, 2-3,5 cm compr.; ápices laxos, acuminados, fendidos, membranáceos, face adaxial glabra, face abaxial densamente recoberta por tricomas malpighiáceos adpressos. Escapos 4-5 partindo do ápice do rizoma, eretos, 12-31 cm compr.; costelas retorcidas; pilosos, tricomas filamentosos esparsos, tricomas malpighiáceos adpressos. Capítulos radiados tornando-se hemisféricos na fase de dispersão das sementes, 4-6 x 3-5 mm. Brácteas involucrais em 6-9 séries; séries externas castanhas, 1,6-2,2 mm compr., oblongas, ápices agudo nas séries mais externas tornando-se arredondados nas séries mais internas,glabras em ambas as faces; séries mais internas hialinas e membranáceas, 3,9-6,6 mm compr.,espatuladas, ápice agudo, ultrapassam a altura das flores tornando-se deflexas durante a dispersão das sementes, glabras em ambas as faces. Flores estaminadas 1-1,5 mm compr.; pedicelo 0,7-1,7 mm compr.; antóforo reduzido; sépalas conadas até o terço inferior, côncavas, 1,1-1,7 mm compr., lanceoladas, ápices arredondados, hialinas e membranáceas, glabras em ambas as faces; pétalas conadas até o terço inferior, 1-2 mm de compr., elípticas, ápices obtusos a arredondados, hialinas e membranáceas; pistilódios ca. 0,4 mm compr., estames 1,7-2,5 mm compr. Flores pistiladas ca. 2 mm compr.; pedicelo ca. 0,5 mm de compr., alongando-se até 1,2 mm durante a fase de dispersão de sementes, antóforo 0,1-0,4 mm compr., alongando-se em ca. 0,2 mm durante a fase de dispersão de sementes; sépalas côncavas, 1,1-1,7 mm compr., elípticas, ápices obtusos a arredondados, hialinas e membranáceas, glabras em ambas as faces; pétalas 1,5-2,6 mm compr., hialinas e membranáceas, ápices 108 arredondados, glabras em ambas as faces; coluna 0,1-0,3 mm compr.; estiletes 1-1,9 mm compr.; apêndices 0,4-0,8 mm compr. Etimologia: O epíteto se refere ao município de Delfino, localidade aonde se encontra a população tipo da espécie. Distribuição: Brasil: Bahia: Esta espécie é considerada endêmica da Chapada Diamantina, estando restrita à Serra do Curral Feio, no município de Umburanas, entre as localidades de Delfino e Mimoso. A coleta de material foi realizada durante o mês de setembro. Syngonanthus delfinensis é semelhante por alguns caracteres florais a S. harleyi Moldenke, com quem ocorre em simpatria simtópica nos campos rupestres da Serra do Curral Feio. Difere desta, por apresentar brácteas involucrais das séries externas maiores, menor tamanho da coluna, maior comprimento do pedicelo das flores femininas e dos filetes (Figura 2). Em relação aos caracteres vegetativos, as diferenças entre as duas espécies são mais visíveis, pois enquanto Syngonanthus delfinensis apresenta rizomas curtos, recobertos por folhas glaucas, densamente pilosas em ambas as faces, com tricomas filamentosos na face adaxial e tricomas malpighiáceos na face abaxial, porção basal do caule com folhas senescentes e, espatas e escapos glaucos, com tricomas malpighiáceos nas espatas e escapos com tricomas filamentosos (Figura 3), S.harleyi apresenta folhas glabras apenas com as margens portando curtos cílios brancos e espatas e escapos portando tricomas brancos. Syngonanthus delfinensis por apresentar o capítulo com brácteas involucrais das séries externas maiores, e desenvolvimento do pedicelo da flor feminina 109 durante o processo de dispersão da semente, pode ser perfeitamente incluída em Syngonanthus sect. Eulepis Bong. Syngonanthus seabrensis A.C.S. Pereira, Giul. & Borba sp. nov. Typus: Brazil, Bahia, Seabra, 12° 21’ S, 41° 45’ W, 14.jun.2003. A.C.S. Pereira, S. M. Lambert, M. Machado 33 (Holotypus HUEFS!). Figura 4. Similar a Syngonanthus curralensis Moldenke pela organização dos capítulos e flores, porém difere pelo tamanho e indumento da face adaxial das folhas, espatas menores e com ápices glabros, capítulos menores, brácteas involucrais externas mais largas em 4/5 de seu comprimento, maior comprimento da porção livre das pétalas das flores femininas e maior largura das pétalas das flores masculinas em 4/5 de seu comprimento. Plantas ca. 30 cm alt., caulescentes. Rizoma ereto, porção aérea ramificada ou não, reduzida, até ca. 3 cm compr., coberta por folhas senescidas. Folhas em roseta, persistentes, não ultrapassam a altura das espatas, coriáceas, folhas do ápice eretas, folhas da base côncavas, linear-lanceoladas, planas, 15 - 20 mm x 1 mm, ápice agudo; face adaxial pilosa, tricomas malpighiáceos adpressos distribuídos por toda lâmina foliar, margens glabrescentes, face abaxial com tricomas malpighiáceos adpressos distribuídos ao longo das 5 nervuras, maior concentração de tricomas na nervura central; bainha ca. 1 mm larg., coriácea, glabrescente. Espatas 3,0 - 3,6 cm compr.; torcidas, ápices laxos, acuminados, paleáceos, glabros; face adaxial glabra, face abaxial pilosa, com tricomas malpighiáceos adpressos acompanhando as costelas. Escapos partindo do ápice do rizoma, eretos, 23 - 36 cm compr.; costelas retorcidas; tricomas 110 malpighiáceos distribuídos ao longo das costelas, região intercostelar glabra. Capítulos radiados, 8 x 5 mm. Brácteas involucrais em 6-11 séries; séries externas castanhas, 3,8 - 5 mm compr., ovais, ápices agudo nas séries mais externas tornando-se arredondados nas séries mais internas, face adaxial pilosa na região central, tricomas malpighiáceos adpressos; face abaxial glabra; séries mais internas creme e paleáceas, 1,4 – 2,3 mm compr., linear-lanceoladas, ápice obtuso, ultrapassam a altura das flores, glabras em ambas as faces. Flores estaminadas ca. 2 mm compr.; pedicelo 1 - 1,6 mm compr.; antóforo reduzido; sépalas conadas até o terço inferior, côncavas, 1,9- 2,4 mm compr., obovais, ápices arredondados, hialinas e membranáceas, glabras em ambas as faces; pétalas, 1,6- 3 mm de compr., conadas em 0,7 – 1,3 mm de sua porção inferior, elípticas, ápices obtusos, hialinas e membranáceas, glabras em ambas as faces; pistilódios ca. 0,5 mm compr., estames 1,9- 3 mm compr. Flores pistiladas ca. 2 mm compr.; pedicelo 0,4 – 0,7 mm de compr., antóforo 0,2 - 0,4 mm de compr.; sépalas côncavas, 1,9 - 3,8 mm compr., elípticas, ápices obtusos a arredondados, hialinas e membranáceas, glabras em ambas as faces; pétalas 2 - 3,4 mm compr., hialinas e membranáceas, linear-lanceoladas, ápices arredondados, glabras em ambas as faces; coluna 0,1 - 0,4 mm compr.; estiletes 1,4 - 2,4 mm compr.; apêndices 0,5-1,2 mm compr. Etimologia: O epíteto se refere ao município de Delfino, localidade aonde se encontra a população tipo da espécie. Distribuição: Brasil: Bahia: Esta espécie é considerada endêmica da Chapada Diamantina, estando restrita ao município de Seabra. Floresce de março a junho. 111 Syngonanthus seabrensis é semelhante por alguns caracteres vegetativos a S. curralensis Moldenke, e em relação aos caracateres florais e genéticos assemelha-se ao S. hatschbachii. Difere de S. curalensis, por apresentar capítulos menores, brácteas involucrais das séries externas mais largas em 4/5 de seu comprimento, maior comprimento da porção livre das pétalas das flores femininas e maior largura das pétalas das flores estaminadas em 4/5 de seu comprimento (Figura 4). Em relação aos caracteres vegetativos, as diferenças entre as duas espécies estão principalmente relacionadas ao indumento do ápice e tamanho das espatas e indumento das flohas, pois enquanto Syngonanthus seabrensis apresenta espatas menores em glabras em seu ápice e folhas densamente pilosas ao longo das nervuras da face adaxial, S.curralensis apresenta espatas maiores e com ápices pilosos, bem como folhas com face adaxial glabrescente. Além disso seus capítulos são maiores e apresentam menor quantidade de folhas na roseta, dentre outras diferenças. Chave de identificação para o complexo S. curralensis 1 Plantas com indumento glauco, espatas com ápices glabros........S. seabrensis 1’ Plantas com indumento branco ou castanho-claro, espatas com ápices pilosos 2 Caule não ramificado, coluna 0,2-1,2 mm de compr; pedicelo flor estaminada 2-3,3 mm de compr............................................................................S. curralensis 2’ Caule ramificado ou não, coluna 0,1 a 0,5 mm de compr.; pedicelo flor estaminada 0,7-1,7 mm de compr 3 Bainha foliar persistente; folhas glabras exceto pela margem com cilios brancos.....................................................................................................S. harleyi 3’ Bainha foliar não persistente ; folhas pilosas 112 4 Folhas com face abaxial com tricomas malpighiáceos e face adaxial com tricomas filamentosos........................................................................S. delfinensis 4’ Folhas com tricomas filamentosos em ambas as faces..............S. hatschbachii 113 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GIULIETTI, A. 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Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana. 55 p. 114 Figura 1. Mapa da Chapada Diamantina, Nordeste do Brasil, mostrando as localidades de ocorrência de populações de Syngonanthus curralensis e demais táxons relacionados estudados. 115 0,2 cm C B D 0,2 cm E (a) A 0,2 cm 0,2 cm 2 cm F (b) 116 Figura 2- Prancha ilustrativa de Syngonanthus delfinensis A.C.S. Pereira, Giul. & Borba. A – Hábito. B – Bráctea involucral da série mais ixterna; C- Bráctea involucral da série mais interna; D- Flor pistilada sem sépalas, (a) pedicelo; E- Gineceu; E- flor masculina sem sépalas, (b) pedicelo. 117 A B D C Figura 3 – Caracteres diagnósticos vegetativos de Syngonanthus delfinensis. A- Aspecto glauco das folhas na roseta. B- Folha mostrando a face abaxial com tricomas malpighiáceos. C- Folhas mostrando a face adaxial com tricomas filamentosos especialmente na bainha e tricomas filamentosos na bainha das folhas). D- Escapo com tricomas filamentosos. 118 H F E I D G A B C Figura 4- Prancha ilustrativa Syngonanthus seabrensis A.C.S. Pereira, Giul. & Borba. A- Hábito; BFace adaxial da folha de S. curralensis; C- Face adaxial da folha de S. seabrensis; D- Lascíneos glabros da espata; E-F- Brácteas involucrais, série mais externa e mais interna respectivamente; GPépala da flor estaminada; H- Flor masculina ;I- Flor feminina. 119 Considerações Finais As espécies de sempre-viva, Syngonanthus mucugensis Giul. e S. curralensis Moldenke (Eriocaulaceae), são endêmicas da Chapada Diamantina, Nordeste do Brasil, e suas populações apresentam distribuição disjunta. O extrativismo destas plantas nas populações naturais, associado à sua distribuição restrita, tornou estas e outras espécies da família atualmente ameaçadas de extinção, configurando-se de relevante importância abordagens que forneçam subsídios para o desenvolvimento de planos de manejo e conservação. Estudos de variabilidade genética e morfológica representam uma importante ferramenta para a compreensão da estrutura genética e morfológica das populações bem como para a taxonomia das espécies, principalmente quando estão envolvidos problemas de circunscrição taxonômica (Cava-Solé, 1999; Reinhammar, 1999; Backer et al., 2000; Jesus et al, 2001; Oja, 2001; Borba et al., 2002; Goldman et al., 2004; Schmalzel et al., 2004; Lambert et al., 2006), sendo tais informações relevantes para o desenvolvimento de ações que visem a conservação. Importante ressaltar também que a fitogeografia da Cadeia do Espinhaço tem sido pouco investigada, e os trabalhos que abordam a questão confirmam o que havia sido predito por Giulietti & Pirani (1988), verificando-se a forte correlação entre a fragmentação do ambiente e padrões de distribuição endêmicos e micro-endêmicos. Os objetivos deste estudo foram principalmente o de mensurar a variabilidade genética e morfológica inter e intrapopulacional, por meio de marcadores isoenzimáticos e de análise morfométrica multivariada respectivamente, das referidas espécies, correlacionando estes dados entre si, e 120 aplicando-os no delineamento de um plano de manejo e conservação. Naturalmente, em função dos problemas taxonômicos detectados a priori, bem como outros que surgiram no decorrer do trabalho, especialmente com o complexo de espécies relacionadas ao S. curralensis, os resultados obtidos com as análises desenvolvidas foram de grande utilidade para a resolução destes problemas, ou pelo menos a maior parte deles, o que gerou também implicações importantes no que diz respeito à conservação das espécies. Estudos desta natureza, até o presente momento eram inexistentes em espécies de Eriocaulaceae da Cadeia do Espinhaço, e mesmo para a família é conhecido apenas um trabalho com Eriocaulon koernickianum Van Heurck & Muller-Argoviensis, espécie com distribuição disjunta ao sudeste dos Estados Unidos (Watson et al., 2002). Porém tal abordagem tem sido empregada em outras famílias de plantas da Cadeia do Espinhaço, como Orchidaceae e Cactaceae, tendo produzido resultados úteis à sistemática, conservação e ao entendimento de processos evolutivos e padrões biogeográficos destes grupos e desta formação (Borba et al., 2001, 2002; Jesus et al., 2001; Lambert et al., 2006; M.C. Machado et al., Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil, dados não publicados). A variabilidade genética e morfológica encontrada para as populações tanto de S. mucugensis quanto de S. curralensis e espécies correlatas, foi considerada baixa quando comparada aos valores médios reportados por Hamrick e Godt (1990) para plantas com características biológicas similares. Os mesmos resultados foram obtidos por Watson et al. (2002) para Eriocaulon koernickianum e em outros grupos de plantas pertencentes a mesma ordem de Eriocaulaceae, Poales, como Poaceae (e.g. Novak et al., 1991; Wang, 1995a, 1995b; Godt et al., 1996). Tais resultados são também comuns em espécies que 121 estão ou que estiveram recentemente ameaçadas de extinção, uma vez que o endocruzamento e a deriva genética são inversamente proporcionais ao tamanho das populações (Cava-Solé, 1999). Desta forma, a baixa variabilidade encontrada para estas populações configura-se como fator de grande relevância no aspecto da conservação uma vez que se associa a uma possível vulnerabilidade destas populações, ao extrativismo e a qualquer tipo de degradação ambiental. A forma como tal variabilidade se distribui no conjunto de populações estudado, além de auxiliar na delimitação de áreas prioritárias para conservação, foi bastante útil na compreensão da diferenciação existente entre as populações, servindo de suporte tanto para estratégias de manejo quanto no entendimento da taxonomia das espécies. No caso do S. mucugensis, por exemplo, a baixa variabilidade registrada para as populações de Mucugê (porção leste da Chapada Diamantina) e Rio de Contas/Catolés (porção oeste), se distribui de forma estruturada entre as duas localidades, indicando a grande diferenciação existente entre tais populações. Desta forma, um novo táxon, a nível infra-específico, foi proposto para as populações de Rio de Contas/Catolés, o que também trouxe implicações relevantes para a conservação de S. mucugensis que teve sua área de ocorrência diminuída. A decisão de reconhecer as populações da porção oeste como uma subespécie e não uma espécie distinta, se fundamenta em questões práticas de ordem taxonômica e conservacionistas. O reconhecimento de uma subespécie, além de evidenciar que tais conjuntos de populações são distintos, indica por outro lado, sua semelhança, ou seja, esta categorização explicita uma importante informação biológica, embora não houvesse restrições em se reconhecer uma nova espécie. Em relação ao complexo S. curralensis, cuja taxonomia apresentava-se uma pouco mais complicada, os resultados possibilitaram a resolução de alguns 122 problemas como o reconhecimento de S. hatschbachii como uma espécie distinta de S. curralensis, ao contrário do que propusera Lazzari (2000), bem como o reconhecimento de novos táxons relacionados. É importante ressaltar que a baixa variabilidade genética pode ser decorrente das limitações do marcador utilizado, sendo aconselhável a busca de outros marcadores que tenham uma eficiência maior na detecção da variabilidade bem como a busca de novas populações para as espécies ameaçadas. Da mesma forma, em relação aos caracteres morfológicos utilizados na análise morfométrica, seria interessante a utilização de caracteres quantitativos vegetativos e de indumento, uma vez que ao longo do desenvolvimento do trabalho observou-se nas populações naturais a importância taxonômica destes caracteres, que aliados aos florais, podem ampliar a compreensão a cerca da variação das populações, especialmente em relação a S. curralensis e espécies relacionadas. O presente trabalho inseriu-se no projeto Conservação e manejo de espécies de Eriocaulaceae, Orchidaceae e Cactaceae da Chapada Diamantina ameaçadas de extinção, desenvolvido na Universidade Estadual de Feira de Santana sob a coordenação do Professor Dr. Eduardo Leite Borba e financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente, associando estudos de demografia, biologia reprodutiva, propagação in vitro e ex vitro, pré-aclimatação de plântulas, além de investigações a cerca do impacto causado pelas comunidades nas populações das espécies em questão devido à extração, que em conjunto estarão subsidiando a elaboração do plano de manejo e conservação destas espécies. 123 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alfenas AC, Peters I, Brune W, Passador GC. 1991. Eletroforese de proteínas e isoenzimas de fungos e essências florestais. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. Ayres MM, Ayres Jr, Ayres Dl, Santos AS. 2003. BioEstat 3.0 Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. 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Authors should aim to communicate ideas and information clearly and concisely, in language suitable for the moderate specialist. Papers in languages other than English 134 are not accepted unless invited. When a paper has joint authorship, one author must accept responsibility for all correspondence; the full postal address, telephone and fax numbers, and e-mail address of the author who is to check proofs should be provided. Papers should conform to the following general layout: Title page This should include title, authors, institutions and a short running title. The title should be concise but informative, and where appropriate should include mention of family or higher taxon. A subtitle may be included, but papers in numbered series are not accepted. Names of new taxa should not be given in titles. Abstract This must be on a separate page. The abstract is of great importance as it may be reproduced elsewhere, and is all that many may see of your work. It should be about 100-200 words long and should summarize the paper in a form that is intelligible in conjunction with the title. It should not include references. The abstract should be followed by up to ten keywords additional to those in the title (alphabetically arranged and separated by hyphens) identifying the subject matter for retrieval systems. Subject matter The paper should be divided into sections under short headings. Except in systematic hierarchies, the hierarchy of headings should not exceed three. Authors submitting papers to the Botanical Journal should consult Authors of Plant Names edited by R.K. Brummitt and C.E. Powell (Royal Botanic Gardens, Kew, 1992; ISBN 947-643-44-3).. Names of genera and species should be printed in italic or underlined to indicate italic; do not underline suprageneric taxon names. Cite the author of species on first mention. Use SI units, and the appropriate symbols (mm, not millimetre; µm, not micron., s, not sec; Myr for million years). Use the negative index (m-1, l-1, h-1) except in cases such as "per plant"). Avoid elaborate tables of original or derived data, long lists of species, etc.; if such data are absolutely essential, consider including them as appendices or as online-only supplementary material. Avoid footnotes, and keep cross references by page to an absolute minimum. References In the text, give references in the following forms: "Stork (1988) said", "Stork (1988: 331)" where it is desired to refer to a specific page, and "(Rapport, 1983)" where giving reference simply as authority for a statement. Note that names of joint authors are connected by "&" in the text. When papers are by three authors, use all names on the first mention and thereafter abbreviate to the first name et al. For papers by four or more authors, use et al. throughout. The list of references must include all publications cited in the text and only these. Prior to submission, make certain that all references in the text agree with those in the references section, and that spelling is consistent throughout. In the list of references, titles of periodicals must be given in full, not abbreviated. For books, give the title, place of publication, name of publisher (if after 1930), and indication of edition if not the first. In papers with half-tones, plate or figure citations are required only if they fall outside the pagination of the reference cited. References should conform as exactly as possible to one of these four styles, according to the type of publication cited. Burr FA, Evert RF. 1982. A cytochemical study of the wound-healing proteins in Bryopsis hypnoides. Cytobios 6: 199-215. Gould SJ. 1989. Wonderful life: the Burgess Shale and the nature of history. New York: W.W. Norton. Dow MM, Cheverud JM, Rhoads J, Friedlaender J. 1987b. Statistical comparison of 135 biological and cultural/history variation. In: Friedlaender J, Howells WW, Rhoads J, eds. Solomon Islands project: health, human biology, and cultural change. New York: Oxford University Press, 265-281. Gay HJ. 1990. The ant association and structural rhizome modifications of the far eastern fern genus Lecanopteris (Polypodiaceae). Unpublished D. Phil. Thesis, Oxford University. Other citations such as papers "in press" may appear on the list but not papers "submitted", "in review" or "in preparation". These may be cited in the text as "unpubl. data". A personal communication may be cited in the text but not in the reference list. Please give the initials and surnames for all authors of personal communications and unpublished data. In the case of taxonomic reviews, authors are requested to include full references for taxonomic authorities. Give foreign language references in ordinary English alphabetic form (but copy accents in French, German, Spanish, etc.), if necessary transliterating in accordance with a recognized scheme. For the Cyrillic alphabet use British Standard BS 2979 (1958). If only a published translation has been consulted, cite the translation, not the original. Add translations not supplied by the author of the reference in square brackets. Tables Keep these as simple as possible, with few horizontal and, preferably, no vertical rules. When assembling complex tables and data matrices, bear the dimensions of the printed page (225 x 168 mm) in mind; reducing typesize to accommodate a multiplicity of columns will affect legibility. Illustrations These normally include (1) half-tones reproduced from photographs, (2) black and white figures reproduced from drawings and (3) diagrams. Use one consecutive set of Arabic numbers for all illustrations (do not separate "Plates" and "Text-figures" - treat all as "Figures"). Figures should be numbered in the order in which they are cited in the text. Use upper case letters for subdivisions (e.g. Figure 1A-D) of figures; all other lettering should be lower case. 1. Half-tones reproduced from photographs Photographic prints, conventionally produced, with labelling applied to a transparent overlay or to a photocopy, continue to provide the best quality originals for image reproduction (see ARTWORK SUPPLIED ON DISK below). The manuscript should be accompanied by one set of original photographs suitable for reproduction, mounted in groups and labelled where appropriate, and two photographic copies for review purposes; both originals and copies should be of sufficiently high quality that all the detail referred to in the text is visible. Grouping and mounting: when grouping photographs, aim to make the dimensions of the group (including guttering of 2 mm between each picture) as close as possible to the page dimensions of 168 × 225 mm, thereby optimizing use of the available space. Remember that grouping photographs of varied contrast can result in poor reproduction. The group should be mounted on thin card. Take care to keep the surface of the prints clean and free of adhesive. Always provide overlays to protect the photographs from damage. Lettering and numbering: letters and numbers should be applied in the form of dry- 136 transfer ("Letraset") letters, numbers, arrows and scale bars, but not measurements (values), to transparent overlays in the required positions, rather than to the photographs themselves; this helps to avoid making pressure marks on the delicate surface of the prints, and facilitates relabelling, should this be required. Alternatively, pencilled instructions can be indicated on duplicates or photocopies marked "FOR LABELLING ONLY". Self-adhesive labels should be avoided, but if they are used, they should not be attached directly to either photographs or overlays, but to photocopies, to indicate where they are to be positioned. Labelling will be inserted electronically by the typesetter in due course. Colour: the provision of colour photographs to accompany papers in the Linnean Society journals needs to be discussed with the appropriate Editor. The main criterion is that the use of colour is essential. Authors will be charged for unnecessary colour figures. 2. Black and white figures reproduced from drawings These should be in black ink on white card or paper. Lines must be clean and heavy enough to stand reduction; drawings should be no more than twice page size. The maximum dimensions of published figures are 168 × 225 mm. Scale bars are the most satisfactory way of indicating magnification. Take account of proposed reduction when lettering drawings; if you cannot provide competent lettering, it may be pencilled in on a photocopy. 3. Diagrams In most instances the author's electronic versions of diagrams are used and may be re-labelled to conform to journal style. They should be supplied both as hard copy and on disk, as vector format Encapsulated PostScript (EPS) files. Please see http://www.blackwellpublishing.com/authors/submit_illust.asp for help in saving your diagrams in an appropriate format. Please be aware that if diagrams are not in vector format they will not reproduce well in the online version of your paper due to the low maximum screen resolution compared to print. Type legends for Figures in numerical order on a separate sheet. Where a "key" is required for abbreviations used in more than one Figure, this should be included as a section of the main text. Authors wishing to use illustrations already published must obtain written permission from the copyright holder before submitting the manuscript. Authors may, in the first instance, submit good xerox or photographic copies of figures rather than the originals. Authors may be charged for alterations at proof stage (other than printer's errors) if they are numerous. Copyright Authors receiving requests for permission to reproduce work published by the Linnean Society should contact Blackwell Publishing for advice. MANUSCRIPTS ON DISK When supplying the final accepted version of your paper please include an electronic copy of your manuscript on disk, prepared on PC-compatible or Apple Macintosh computers, along with two hard copy printouts. Please follow these guidelines carefully 137 Include all parts of the text of the paper in a single file. The ideal sequence is: (1) Header (running heads; correspondence; title; authors; addresses; abstract; additional keywords, etc.). (2) Body of article. (3) Acknowledgements. (4) References. (5) Figure Legends. (6) Tables (for each table, the legend should be placed before the body of the table). (7) Appendices. Include all figure legends, and tables with their legends if available. Do not embed figures in the text file: these must be supplied separately. The final version of the hard copy and the file on disk must be the same. Do not use the carriage return (enter) at the end of lines within a paragraph. Turn the hyphenation option off. Specify any special characters used to represent non-keyboard characters. Take care not to use l (ell) for 1 (one), O (capital o) for 0 (zero) or ß (German esszett) for (beta). ARTWORK SUPPLIED ON DISK Detailed instructions on preparing illustrations in electronic form are available from http://www.blackwellpublishing.com/authors/submit_illust.asp Photographic plates As mentioned above, photographic prints, conventionally produced, with labelling applied to a transparent overlay or to a photocopy, continue to provide the best quality originals for image reproduction. Desktop technology now allows authors to prepare plates by scanning photographic originals and then labelling them using graphics programs such as Adobe Illustrator. These are acceptable provided: 1. Resolution of the photograph is a minimum of 300 dpi at the final required image size. Any labelling or associated line drawings should be in vector format. If this is not possible then the figure must have a minimum resolution of 800 dpi. 2. Colour images are supplied in CMYK rather than RGB mode. 3. The hard copy is printed on glossy paper, preferably using an inkjet rather than a laser printer: this will provide the printer with a superior guide to the resolution and range of contrast of the image. 4. The hard copy and disk are accompanied by the photographic originals. When in production, quality considerations may require that the originals be scanned by the printer, with the author's hard copy used as a labelling guide. Electronic files should be saved uncompressed as TIFF or EPS files, and supplied on CD or Zip disk. JPEG, PowerPoint and .doc files are not suitable. Digital images Increasingly, authors' original images are captured digitally rather than by conventional film photography. In these cases, please use settings on your equipment for the highest possible image quality (300 dpi minimum). As with images assembled from photographic originals, the disk should be accompanied by photographic quality hard copy, preferably output to glossy paper using an inkjet printer. Black and white drawings Originals continue to be preferred, but if supplied on disk should be scanned at a minimum resolution of 800 dpi and saved as TIFF files or embedded in EPS files. No other file formats are suitable for publication. Diagrams 138 In most instances the author's electronic versions of diagrams are used and may be relabelled to conform to journal style. These should be supplied both as hard copy and on disk, as vector format Encapsulated PostScript (EPS) files. 139 Carta de recebimento do artigo referente ao Capítulo 1. --- Weitergeleitete Nachricht --Von: "Hassan Rankou" <[email protected]> An: <[email protected]> Betreff: MS2098 Datum: Fri, 2 Dec 2005 15:39:35 -0000 Dear Dr Borba, Thank you for your letter and for submitting your manuscript entitled: Genetic and morphological variability of the endangered Syngonanthus mucugensis Giul. (Eriocaulaceae), from the Chapada Diamantina, Brazil: implications for conservation and taxonomy. This will now be sent out for refereeing and I will be in touch once I have had a response from the referees. Please quote your manuscript reference number (MS No 2098) in all correspondence. With best wishes, Yours sincerely Hassan Hassan Rankou Linnean Society Editorial Assistant Centre for Plant Diversity & Systematics School of Biological Sciences Plant Science Laboratories The University of Reading Whiteknights Reading RG6 6AS United Kingdom Tel. +44(0)118 9378 5090 Fax. +44(0)118 9378 8161 140