negócios sustentáveis em angola
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negócios sustentáveis em angola
NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA AUTOR: ELSA BARBER CAPA: JOSÉ DIAS EDIÇÃO: PNUD CONCEPÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO : JOSÉ DIOGO APOIOS: PNUD, IRSE, SPICY, MCI, AGENDA SETTING NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA DEDICATÓRIA A Deus minha razão de ser Aos meus filhos (Ohzani e Hamilton), minha razão de viver Meus pais, minha origem Aos meus irmãos, razão da nossa união Ao meu companheiro e consultor oculto Aos meus familiares, irmãos em Cristo, padrinhos, amigos, vizinhos e superiores hierárquicos… Para todos os que contribuíram para a elevação do meu ser. NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA AGRADECIMENTOS Agradeço a todos com quem partilhei este projecto, a todos aqueles que acreditaram e aos que não acreditaram, pois deram-me mais força para mostrar, que era capaz. Ao Osvaldo, Bruno, Victor, Ladislau, Paula Valente, Roque Gonçalves, Romana, Mila pelo apoio e paciência. Agradeço aos meus pais pela consolidação da educação aos filhos, ao longo de cinquenta anos de casamento. Agradeço especialmente ao Dr. José Diogo, és sem dúvida um grande escritor, editor e amigo dos seus. Finalizo, com um agradecimento muito especial ao Dr. Eugénio Viassa e a todos os empreendedores angolanos. ÍNDICE INTRODUÇÃO ..................................................................................... 9 ALIMENTAÇÃO ...................................................................................... 12 Venda de água Fresca embalada .................................................. 12 O perigo das embalagens em plásticos em doses pequenas e a baixo preço ................................................................................... 15 Venda de sandes ........................................................................... 17 Distribuidoras de pão ................................................................... 18 Sopa e Almoço .............................................................................. 19 Cabrité........................................................................................... 20 Peixeira ......................................................................................... 20 Venda de Pinchos ......................................................................... 21 Venda de Bombó Assado e Banana Pã ......................................... 22 Salga de peixe ............................................................................... 22 Roulottes ....................................................................................... 23 Kitutes da Terra............................................................................. 23 Janela aberta................................................................................. 24 Venda de gelados.......................................................................... 25 Venda de produtos da terra ......................................................... 26 Cantinas ........................................................................................ 26 Venda de Mabanga e camarão ..................................................... 28 Venda de Iogurtes......................................................................... 29 Micates ......................................................................................... 29 Venda de kissangua ...................................................................... 30 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA ARMAZENAMENTO, LIMPEZA E HIGIENE ......................................... 31 Limpeza e Desinfecção ................................................................. 31 Acondicionamento dos produtos alimentares ............................. 34 SAÚDE ............................................................................................... 37 Vendedoras de produtos de medicina tradicional ....................... 37 Dr. Trata tudo ............................................................................... 38 HIGIENE NA MANIPULAÇÃO DOS ALIMENTOS ............................... 39 Higiene Pessoal ............................................................................. 39 Higiene das mãos .......................................................................... 41 Apresentação adequada ao trabalho (Indumentaria) .................. 43 Saúde nos manipuladores ............................................................ 45 Sala de refeições ........................................................................... 45 VACINAS ............................................................................................ 46 SERVIÇOS .......................................................................................... 48 A prestação de serviços é transversal como podemos constatar.48 Roboteiro ...................................................................................... 48 Kinguilas ........................................................................................ 49 Cartões de recarga ........................................................................ 50 Chamadas ..................................................................................... 50 Vendedoras de fardo .................................................................... 51 Matraquilhos................................................................................. 51 Zungueira ...................................................................................... 52 Serviços de beleza......................................................................... 53 Lavadores de carro ....................................................................... 54 Página | 6 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Arrumadores de carro .................................................................. 55 Fotografia e Fotocópia de Documentos (KONICA) ....................... 55 Raves (festas de bairro) ................................................................ 56 Arrendamento de quartos ............................................................ 56 Armazéns de processo .................................................................. 57 Venda de medicamentos .............................................................. 58 Boutique ambulante ..................................................................... 59 Quitanda ....................................................................................... 59 Venda de cabelo importado ......................................................... 60 Venda de resíduos sólidos (extracto jornal) ................................. 61 Venda de combustível e petróleo................................................. 68 Intermediários .............................................................................. 68 Engraxador de Sapatos ................................................................. 69 Biscateiro ...................................................................................... 69 Casa de tranças ............................................................................. 69 Venda de vernizes ......................................................................... 70 Ardinas .......................................................................................... 70 Alfaiate e Costureira (trajes africanos) ......................................... 70 Venda de disco .............................................................................. 71 Recauchutagem ............................................................................ 71 Barbearia....................................................................................... 72 Ajuda a carregar os sacos de compras ......................................... 72 Venda de vasilhame ...................................................................... 73 Venda de carvão ........................................................................... 75 Página | 7 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Construção civil ............................................................................. 75 Ensino............................................................................................ 76 Hotelaria ....................................................................................... 76 Venda de galinhas vivas ................................................................ 76 TRANSPORTE .................................................................................... 78 Os kupapatas ................................................................................ 78 Candongueiros .............................................................................. 79 Venda de carros: ........................................................................... 79 ECONOMIA SOCIAL .......................................................................... 81 Requisitos necessários para abertura do negócio ........................ 83 Requisitos para abertura do negócio Banco................................. 83 POUPANÇA........................................................................................ 85 TERMOS E CONDIÇÕES ................................................................. 89 Responsabilidade dos fornecedores............................................. 92 GRÁFICOS DOS NEGÓCIOS POPULARES............................................ 93 QUAL ‘BASE DA PIRÂMIDE’? ............................................................. 96 RUMO À FORMALIDADE ................................................................. 100 SABIA QUE… .................................................................................... 100 CONCEITOS ..................................................................................... 101 GLOSSÁRIO ...................................................................................... 102 Página | 8 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA INTRODUÇÃO Em Angola, após a guerra de 2002 começaram a surgir alguns negócios, até então pouco habituais na sociedade angolana. Estes negócios, uns desenvolvidos por cidadãos nacionais e outros por estrangeiros, nomeadamente chineses, oeste africanos e de outras etnias, tomaram conta do País inteiro, com prevalência, nas zonas suburbanas. A experiência destes povos, permitiu que os angolanos despertassem de uma letargia antiga e começassem também a empreender. Os negócios sustentáveis, versus os populares que entendemos aqui retractar, consistem em iniciativas privadas, ou seja transacções comerciais que envolvem poucos recursos financeiros e matéria-prima de baixo custo, mas são fonte de renda para muitas famílias. Ao mesmo tempo contribuem para a inclusão destes cidadãos na sociedade, auxiliando a melhoria da qualidade de vida daqueles com maior vulnerabilidade social, bem como Página | 9 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA contribui fortemente para a redução da pobreza. Podemos dizer que estamos perante negócios inclusivos. Com este livro, pretendemos despertar a Administração Pública em especial e o nosso executivo em particular para a elaboração de políticas mais inclusivas nesta área. Nomeadamente na identificação de espaços para o desenvolvimento destas actividades, construção de infra-estruturas básicas, atribuição de carteiras profissionais e acesso à segurança social, dignificando todos negócios que servem de renda e contribuam para o bem-estar social dos angolanos bem como adopção de boas práticas que contribuíram para a segurança do consumo de bens e serviços. Página | 10 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Capítulo I ALIMENTAÇÃO Página | 11 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA ALIMENTAÇÃO Desenvolver acções no ramo alimentar, exige, sem dúvida grande rigor quer na higiene Pessoal, quer no manuseamento e acondicionamento. O respeito as normas de armazenamento e comercialização contribuem para uma melhor segurança do cidadão diminuindo sobretudo as doenças de origem Diarreica. Preocupando-nos com a higiene na preparação dos alimentos, garantimos tranquilidade e segurança aos consumidores. Tipos de negócios: Venda de água Fresca embalada Venda de sacos plásticos transparentes embalados com água fresca, de forma artesanal, nas zonas periféricas do País. Página | 12 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Este trabalho é executado, por mulheres elas próprias comercializam, por vezes vimos igualmente crianças a andar sobretudo nos mercados informais periféricos. Venda e produção de bebidas alcoólicas Em luanda existem muitas casas que fabricam e comercializem bebidas alcoólicas. Os seus potenciais clientes são jovens e adultos com idades compreendidas entre os 16 e 45 anos de idade. Página | 13 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Vivem somente de “biscates”, fazendo pequenos serviços como acarretar água, cavar buracos para tanques ou desentupir fossas de casas de banho. O dinheiro que é pago nestes serviços serve apenas para aquisição das bebidas. O preço das bebidas varia entre os 30 a 50 ou 100 kwanzas. As doses são medidas em pequenas latas de massa tomate e em copos de vidro, os vulgos reco-reco, para kaporroto e em latas de um litro para o quimbombo. Por estarem demasiado envolvidos no álcool para eles a alimentação não tem importância, pois o próprio kimbombo, kaporroto ou o macau fazem a vez da refeição. Apesar de saberem dos perigos que correm, estas pessoas dizem que o álcool tem servido de refúgio para esquecer os seus problemas sociais. Página | 14 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA O perigo das embalagens em plásticos em doses pequenas e a baixo preço A oferta em grande escala dos pacotinhos de whisky vendido nas ruas e nas cantinas provou baixa considerável à comercialização do kaporroto e outras bebidas caseiras. Muitos deles agora só bebem whisky em pacotes, já que com 50 kwanzas também conseguem ficar embriagados. Venda de gelo Venda de pedras de gelo colocadas em baldes. Este é um negócio realizado em todas as províncias de Angola, é um meio de subsistência, que não agrega muita matéria-prima, pois são utilizadas principalmente as arcas térmicas domésticas, a variáveis principais são a energia, água e os recipientes (baldes). Nas cidades, os principais compradores, são vendedores ambulantes de bebida refrigerada, não alcoólica. Página | 15 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de grelhados É frequente, nos mercados, esquinas e zonas de grande confluência popular, termos, senhoras a grelharem pinchos (espetadas de carne), coxas, peixe grelhado, tendencialmente o cacusso e o choco; estes produtos são consumidos com bastante gindungo, molho com cebola e acompanhados com bebida alcoólicas “cerveja” ou outras. Muitas vezes, nas zonas periféricas são improvisados tendas decoradas, ao gosto das vendedoras, oferecendo o cacusso grelhado com mandioca, batata-doce, farinha e molho a base de cebola, não faltando o nosso feijão de óleo de palma. Tanto homens como mulheres e de particamente todas as classes sociais, consomem estes produtos alimentares. A maior referência é a lona do Panguila que dista aproximadamente 20 a 25 km da capital. Página | 16 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de sandes É um negócio, gerido por mulheres, que colocam o pão e ingredientes em bacias para preparem a famosa, Motorola, Magoga e outras sandes com enchidos, repolho, cebola, sandes de atum, frango frito. Hoje em algumas zonas pode verificar-se, que as sandes já são cobertas, com papel transparente, os produtos são geralmente preparados na via pública. Página | 17 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Distribuidoras de pão Este negócio, geralmente realizado por mulheres e exercido em toda a extensão principalmente da capital. O pão e comprado, nas padarias das redondezas e estas mulheres transportam uma quantidade enorme de pães em bacias, cestos, cobertas com papelão para segurar o pão. Página | 18 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Sopa e Almoço Negócio executado geralmente por mulheres, em tendas, quintais e barracas. De entre os pratos que mais vendem, destacam-se o muito tradicional e angolano mufete, a sopa de feijão com chispe, pé de porco ou carne de vaca, o feijão de óleo de palma, churrasco e outros grelhados com batata frita e salada e o bitoque. Página | 19 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Cabrité Negócio exercido geralmente, por homens das Repúblicas Oeste africanas que consiste, em vender carne de cabrito grelhada na brasa envolta em papel. É servido com cebola picada a parte e gindungo opcional. Peixeira É um negócio ambulante de venda de peixe. São as peixeiras que ainda, mantêm o pregão, que muito caracteriza a nossa capital “...é peixe, é... peixeéé....” pode ouvir-se em muitas ruas de Luanda. Antigamente, o peixe era vendido em bacias de alumínio, feitas dos desperdícios das latas de leite e margarina, mas actualmente é vendido em bacias plásticas, envolvendo gelo em pano preto, ou em saco de ráfia ou cisal. Página | 20 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Se voltassem a usar-se as bacias de alumínio, haveria um aumento de emprego relacionado e as condições de higiene tenderiam a aumentar em virtude de se eliminarem da cadeia alimentar as bactérias existentes no material plástico. Venda de Pinchos Mulheres grelhando espetadas de carne acompanhada de cerveja. Página | 21 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de Bombó Assado e Banana Pã Mulheres vendendo nas esquinas acompanhando o produto de ginguba torrada. A uniformização de fogareiros permite uma melhor imagem da cidade. Salga de peixe Este negócio é praticado por mulheres e homens e consiste em salgar o peixe. É um negócio exercido na costa litoral. Página | 22 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Roulottes Consiste na venda de produtos alimentares, nomeadamente hambúrgueres, cachorros, bifanas, prego no pão bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Kitutes da Terra Negócio exercido por mulheres, vendem à porta das igrejas e dos estádios de futebol doce de coco e de ginguba, pedra moleque e kitaba muitas vezes em embalagens mais atractivas e seguras. Pela sua sofisticação relativa são um produto que pode atrair maior número de consumidores. Página | 23 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Ovos cozidos com gindungo Trata-se de um negócio exercido por mulheres que comercializam ovos cozidos com gindungo. Os consumidores, destes produtos, abrangem todas as faixas etárias. Janela aberta Um negócio que tem lugar em pequenos espaços que se dedicam à venda de bebidas alcoólicas, e estão situados em zonas suburbanas da capital. Página | 24 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Funcionam até altas horas da noite e mantém apenas a janela aberta, por motivos de segurança, para atendimento aos consumidores. Venda de gelados São gelados elaborados de forma artesanal, com sabores a frutos nacionais e outros. Este negócio é geralmente exercido, por mulheres e jovens do sexo masculino. O sabor mais vendido é o de múcua, fruto do imbondeiro. Página | 25 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de produtos da terra Caracteriza-se na Venda de feijão proveniente das lavras, mandioca, batata-doce, farinha de mandioca e abóbora. Cantinas Em finais de 1990, o povo angolano, começa a lidar com um novo conceito de lojas de proximidade. Assiste-se à transformação de quintais, arrendamento de pequenos espaços em zonas suburbanas e ao aproveitamento de espaços a entrada de edifícios urbanos para dar lugar a este novo negócio. Página | 26 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Estas lojas distanciam-se uma das outras por poucos metros e são negócios, geridos apenas homens, desrespeitando a Lei das actividades comerciais pois não cumprem os horários dos retalhistas, mantendo-se abertos 24 sobre 24 horas. A entrada destes operadores económicos, no País, pois na sua maioria são de origem Oeste africana nomeadamente da Mauritânia, Gambia, Guiné Conacri, Mali e Sudão, apelidados pelo nosso povo como papá ou mamadou, e que começam já a dialogar em português. Página | 27 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA São comercializados os seguintes produtos básicos: Cereais, arroz, fuba de milho, cerelac, flocos para o leite, massa, óleo, feijão (geralmente por ele embalados a 1 kilo, ficando as embalagens sem rotulagem), detergentes, rebuçados, pastilhas, ovos, frango, iogurte, leitem, caixa de fósforos, velas, sheltox dragão, entre outros. Venda de Mabanga e camarão Caracteriza-se por ser um negócio desenvolvido por mulheres Junto às zonas costeiras onde é frequente vermos senhoras a vendem estes produtos do mar, já cozinhados. Página | 28 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de Iogurtes Este negócio consiste na elaboração de iogurtes de forma artesanal, geralmente de sabor “natural” e que são vendidos geralmente em sacos plásticos, colocados numa caixa plástica de média dimensão e dispensados em comércio ambulante. Servem de fonte de nutrição para muitas crianças e adultos, sobretudo no início da manhã. Micates Venda de bolinhos fritos, feitos geralmente à porta dos consumidores no período da manhã e junto às zonas escolares. É consumido por crianças e adultos. Página | 29 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de kissangua Este é mais um negócio exercido por mulheres e que consiste na venda de kissangua, bebida feita de milho de arroz ou cevada. É vendida nas portas das escolas mercados e em esquinas de ruas acompanhada de cola e gengibre. Página | 30 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA ARMAZENAMENTO, LIMPEZA E HIGIENE Limpeza e Desinfecção As operações de limpeza e desinfecção, por vezes também designadas por higienização, têm por finalidade assegurar que nos locais onde se manipulam, preparam e confeccionam alimentos não existem microrganismos, ou que, se existirem, isso aconteça na menor quantidade possível. Princípios de uma boa limpeza e de uma desinfecção eficaz: Procurar limpar a fundo; Utilizar bons detergentes; Respeitar as dosagens e o tempo de acção prescritos; Enxaguar abundantemente com água e evacuar a água de enxaguamento; Quando for necessário escolher um bom desinfectante. Ter em conta a eficácia do produto e a sua forma de conservação; Página | 31 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Respeitar as indicações de dosagem, de tempo de contacto e o modo de aplicação do desinfectante; Enxaguar as superfícies e os aparelhos tratados com água limpa em quantidades suficientes para eliminar os restos de detergentes e de desinfectante; Desinfectar, após as actividades de lavagem, o material de limpeza e outros acessórios. O que é necessário desinfectar? Quando estamos a falar de alimentos é necessário desinfectar tudo o que estiver em contacto com as mãos, como por exemplo, facas, colheres, bancadas. Também todas as superfícies que contactam com os alimentos quer no armazém, quer durante a preparação ou confecção dos alimentos e todo o equipamento e utensílio, os quais deverão ser desinfectados periodicamente e não apenas após a sua utilização. Mas tenha em atenção que a desinfecção não deve ser feita a não ser que seja verdadeiramente necessária. Página | 32 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Pontos a observar na realização de uma desinfecção eficaz: O desinfectante deve ser o indicado para cada situação; O tempo de acção do produto deve ser o indicado; Antes de desinfectar, é necessário lavar convenientemente. Na presença de sujidade, a desinfecção não é eficaz e a acção do desinfectante será em grande parte desactivada; A quantidade de desinfectante a utilizar deve respeitar a dosagem prescrita para cada situação; A temperatura da água na qual o desinfectante é diluído não pode ser demasiado elevada para não desactivar o produto. Plano de limpeza e desinfecção Em cada estabelecimento deve haver um plano de limpeza e desinfecção, do qual conste: O que deve ser limpo e desinfectado; Quando deve ser limpo e desinfectado; Como deve ser limpo e desinfectado; Quem deve limpar e ou desinfectar. Página | 33 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Acondicionamento dos produtos alimentares A área de conservação deve ser adequadamente ventilada, de forma a prevenir o desenvolvimento de bolores e odores, além de serem mantidas com ambiente frio (ambiente fresco); No caso da exposição de alimentos preparados em áreas abertas (take way, Vitrinas de conservação de peixe e carne) as janelas de vidro devem ser usadas de maneira a proteger os alimentos da sujidade, e também da tosse e espirros, tanto dos trabalhadores como dos clientes; No caso do peixe não congelado e exposto para venda directa, este deve estar colocado sobre o gelo de escamas para garantir a sua conservação por mais tempo. Página | 34 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Acondicionamento dos produtos alimentares no armazém de retém:1 Os alimentos não devem ser armazenados em contacto com o pavimento, mas sim em paletes ou estrados e devem estar afastados da parede pelo menos 20 cm; Os produtos devem ser armazenados por lote ou espécie; Para controlar a entrada de insectos, roedores e aves nas áreas de armazenamento, as janelas devem estar protegidas com redes mosquiteiras; A desinfestação deve ser feita quinzenalmente; As substâncias perigosas (detergentes, desinfectantes, insecticidas) devem ser guardadas em áreas próprias. 1 José Amorim e Maria do Rosario Navais - Instituto Ricardo Jorge- 2006 Cristie, AB, Cristhie, C. Mary - Higiene Alimentar e Riscos da Alimentação, Livraria Lopes da Silva - 1973 Página | 35 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Capítulo II SAÚDE Página | 36 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA SAÚDE Os serviços de saúde exigem responsabilidade, afinal lidamos com vidas, doses mal quantificadas, provocam sérios problemas. A saúde, é um direito de todos a participação comunitária é importante mas é necessário que se cumpram as regras e que as pessoas envolvidas nestes serviços, tenham uma orientação, para a adopção de práticas no armazenamento dos produtos farmacêuticos e na melhoria das condições de trabalho. A inclusão comunitária nos serviços das administrações, permite a formação de valores e atitudes construtivas. Tipos de negócios: Vendedoras de produtos de medicina tradicional Este negócio exercido por mulheres, sobretudo na capital do País, consiste na venda de estimulantes sexuais, de origem vegetal não industrializados, principalmente junto as bombas de gasolina. Os principais consumidores são homens e mulheres adultos. Página | 37 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Dr. Trata tudo Oferta de serviços de saúde, nas zonas suburbanas, por “Doutores” oriundos de países oeste africanos, por métodos espirituais e outros. Dizem atrair sorte para negócios, afastar espíritos fazer os maridos voltar e tratamento de mulher estéril. Página | 38 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA HIGIENE NA MANIPULAÇÃO DOS ALIMENTOS Higiene Pessoal Todas as pessoas que trabalham com alimentos são consideradas “Manipuladores de Alimentos”, ou seja, aqueles que produzem, vendem, transportam, recebem, preparam e servem os alimentos. Os manipuladores podem contaminar os alimentos por serem portadores de microrganismos: Na parte externa do corpo (cabelo, mãos, pele...); Na parte interna (garganta, boca, nariz...); Nas suas secreções (suor, saliva, fezes...). Página | 39 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Podemos afirmar que os principais perigos de contaminação dos alimentos estão geralmente associados aos seguintes factores: O estado de saúde dos manipuladores; O trabalhador que manuseia os alimentos antes de iniciar a actividade deve submeter-se a um exame médico e manterse em constante vigilância médica, uma vez que cada indivíduo deve ser responsável pela sua saúde; É importante que o trabalhador tome as vacinas e que tenha em sua posse o boletim de sanidade (cartão que justifique que o trabalhador esta em condições de saúde para exercer a sua actividade) os bons hábitos higiénicos devem ser mantidos para que a atitude mental seja sã; As pessoas que trabalham com alimentos não podem sofrer de qualquer doença infecto-contagiosa, como por exemplo a tuberculose ou a hepatite. Página | 40 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA A higiene corporal e o vestuário utilizado (muitas vezes inadequado); Práticas e comportamentos profissionais incorrectos ou negligentes. Existem regras básicas que qualquer manipulador de alimentos deve aplicar diariamente e que se apresentam de seguida. Higiene das mãos As mãos são a principal fonte de contaminação bacteriana dos alimentos e, como tal merecem especial atenção. Como prevenção à contaminação dos alimentos, as mãos devem ser muito bem lavadas. As escoriações e cortes de pouca importância devem ser tratados e protegidos com pensos impermeáveis e, de preferência, de cores vivas. As unhas devem estar sempre limpas, curtas e sem verniz. Página | 41 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Quando deve lavar as mãos Antes, durante e no fim de qualquer tarefa; Depois de usar as instalações sanitárias; Quando mexer no cabelo, no nariz ou noutra parte do corpo, ou usar um lenço de assoar; Antes e depois de mexer nos alimentos crus-legumes, fruta, carne, ovos, etc. Depois de tocar nos objectos sujos- embalagens, lixos, superfícies sujas. Depois de fumar e comer. Sempre que considere necessário. Como deve lavar as mãos 1. Molhar as mãos; 2. Ensaboar bem, de preferência com sabão líquido antisséptico ou bactericida; Página | 42 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA 3. Esfregar bem as palmas das mãos, entre os dedos, e lavar o antebraço. (o processo de higienização das mãos e antebraço deverá durar pelo menos 30 segundos); 4. Enxaguar bem as mãos e antebraço com água corrente. 5. Secar (com toalhetes de papel ou secador). Apresentação adequada ao trabalho (Indumentaria) Diariamente e antes de se dirigirem ao local de trabalho, os manipuladores devem efectuar a sua higiene corporal. Adornos: Os manipuladores não devem utilizar adornos, tais como anéis, pulseiras, brincos, colares, piercings e outros. A maioria destes objectos possui ranhuras e orifícios que constituem locais de acumulação de resíduos, que poderão originar na contaminação dos alimentos. Além disso, os referidos objectos poderão soltar-se e cair sobre os alimentos sem que ninguém se aperceba, passando a ser um factor de contaminação e podendo causar danos ao cliente. Página | 43 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Fardas: Os manipuladores devem desenvolver as suas tarefas devidamente fardados, as senhoras podem optar por indumentarias feitas com tecido com cariz nacional de acordo com as funções exercidas, não devendo nunca usar a roupa que utilizam na rua, As fardas devem ser estar sempre limpas e usadas apenas no estabelecimento; As fardas dos manipuladores que trabalham nas zonas de preparação e de confecção devem ser de cor clara, de forma a pôr em evidência a sujidade. Cabelo: O cabelo deve estar totalmente coberto com touca ou barrete, sempre que as funções sejam exercidas na cozinha ou na copa, ou ainda quando a tarefa o justifique; No exercício de outras funções, o cabelo deve estar pelo menos preso. Página | 44 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Saúde nos manipuladores Os manipuladores, tal como os demais trabalhadores, devem efectuar um exame médico completo no início da sua actividade e, pelo menos, uma vez por ano ou uma vez de dois em dois anos. Este exame médico tem de ser feito por um médico do trabalho. Sempre que os manipuladores tenham contraído ou suspeitem ter contraído doenças contagiosas ou sofram de doenças de pele, ficam interditos de todas as actividades directamente relacionadas com os alimentos. Nesta situação, devem informar o seu superior hierárquico para que sejam tomadas as devidas providências. Sala de refeições As salas onde se presta o serviço de restauração e de bebidas, acompanhado do serviço de cafetaria, devem possuir equipamento e mobiliários adequados ao fim a que se destinam. Todos os materiais utilizados nas referidas salas devem ser resistentes, laváveis e de limpeza. Estes locais devem ser suficientemente iluminados e continuamente ventilados. Página | 45 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA VACINAS As vacinas recomendáveis para os manipuladores de alimentos são as que protegem contra a hepatite A e Hepatite B e a do tétano. Página | 46 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Capítulo III SERVIÇOS Página | 47 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA SERVIÇOS A prestação de serviços é transversal como podemos constatar. Roboteiro Consiste no transporte de mercadorias, quer de clientes quer de negociantes, em carros de madeira, executados por carpinteiros locais. Este trabalho é executado por jovens do sexo masculino, vindos geralmente das províncias, principalmente junto aos mercados. Página | 48 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Kinguilas Consiste na troca de moeda, no mercado informal. Este negócio é realizado nos mercados, pelos cidadãos nacionais e estrangeiros, nos estacionamentos dos carros, debaixo de edifícios. A moeda de troca é o Kwanza para dólar norte-americano. Página | 49 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Cartões de recarga Consiste na venda de cartões de recargas das operadoras existentes em Angola, no mercado informal, sem garantia de crédito ao consumo. Chamadas Consiste na cobrança de valores por chamadas efectuadas ao valor mínimo de 50 kwanzas. Usam-se diferentes redes de telefone, o uso no minuto, unitel, movicel ou telefone telo. Página | 50 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Vendedoras de fardo Consiste na revenda de roupa usada, este é um grande negócio de subsistência nos dias de hoje. As potenciais compradoras são jovens do sexo feminino, sobretudo as funcionárias públicas, por gostarem de andar sempre aperaltadas. Matraquilhos Consiste na cobrança de valores monetários pelos jogos, resultante da utilização de matraquilhos. Página | 51 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Zungueira As mulheres zungueira, geralmente, provenientes das províncias do Sul de Angola, são vistas como batalhadoras, pois carregam à cabeça muito peso e andam largas distâncias. Os produtos por elas comercializados, vão desde a fruta, legumes, peixe fresco, peixe seco, tachos, mochilas, livros, utensílios plásticos, como calçado, bacias, roupas, bijuterias, brinquedos, etc. Ficam na rua até tarde, no final consomem bebidas alcoólicas e falam dos companheiros e das suas experiências de vida. Como discipliná-las para depois de atingir o nível de satisfação, tratarem da casa, do marido e dos filhos? Página | 52 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Serviços de beleza Consiste na prestação de serviços de cabeleireiro, barbearia e estética. Estes trabalhos têm vindo a ganhar raízes, constituindose numa importante fonte de subsistência. Quem presta estes serviços são jovens de ambos os sexos, muitas vezes sem qualquer tipo de formação. É importante realçar que também são prestados serviços ambulantes de pédicure e manicure. São verdadeiros artistas, que precisam de ser formados para que adquiram boas práticas e cumpram com o calendário de vacinas. Página | 53 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Lavadores de carro É um negócio que persiste, é executado por jovens do sexo masculino, muitas vezes na via pública em horários, em que os órgãos de fiscalização estão dormentes. Página | 54 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Arrumadores de carro Consiste na arrumação dos carros, dando lugar a um outro condutor, mediante pagamento. Fotografia e Fotocópia de Documentos (KONICA) Estes negócios, liderado por chineses, encontram-se localizados em quase todo o território nacional. Página | 55 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Raves (festas de bairro) É frequente vermos nas zonas suburbanas a publicidade de raves, Rave da saia curta, Rave da T-shirt molhada, rave da espuma são na realidade, festas, em que as entradas, são pagas, mediante acesso a duas bebidas grátis e poderão assistir aos espectáculos, desfile de strep tease. Seguem os nomes de algumas festas: Festa do Chuchuado Festa do Tschuna Baby Festa do Aroma Festa da Saia Curta Arrendamento de quartos Este é um negócio que garante a subsistência a muitos angolanos, sobretudo nas zonas periféricas. Página | 56 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Armazéns de processo Consiste em guardar os produtos resultantes da venda do dia em arcas domésticas nos quintais, geralmente os produtos frescos. Página | 57 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de medicamentos Consiste na venda de medicamentos de forma ambulante, este negócio tem sido fortemente combatido, mas ainda é persiste. Página | 58 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Boutique ambulante Venda de roupas, nos locais de trabalho, cujo fitting, são geralmente as casas de banho das instituições ou empresas e tendas nas ruas. Quitanda Consiste num negócio desempenhado por mulheres muitas vezes à porta de casa. Comercializa-se geralmente produtos frescos, como a cebola, tomate, folhas, produtos da terra, como a farinha, feijão, carvão e outros. Página | 59 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Erradamente vemos igualmente a venda produtos frescos, como carne e peixe sem obedecerem os padrões de conservação. Venda de cabelo importado Venda de cabelo humano importado para revenda em salões de beleza, proveniente, geralmente do Brasil, Índia, China e Tailândia. Este negócio é geralmente, transaccionado por mulheres. Página | 60 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de resíduos sólidos (extracto jornal) Milhares de famílias do cazenga e dos municípios limítrofes encontram na venda de resíduos sólidos no posto de transferência Kalawenda, uma forma de sustento. Esta é uma nova oportunidade de negócio, que contribuirá certamente para a redução da pobreza em Angola. Promovido pelo governo provincial de Luanda, o projecto “ LUANDA LIMPA” ajuda a manter as ruas mais asseadas e organizadas, ao mesmo tempo que beneficia quem vende o lixo. A secção de recepção de resíduos sólidos é reservada ao registo dos vendedores e à facturação. Aqui, os vendedores apresentam o recibo da quantidade dos sacos comercializados e élhes passada a factura, para depois receberem o dinheiro correspondente no BPC. O lixo é um negócio lucrativo e positivo para o meio ambiente se for correctamente tratado. Dina Bernado, moradora no município do cazenga, considera a venda do lixo rentável e afirma que encontrou nesta actividade a melhor forma de conseguir dinheiro para sustentar os filhos. “Com o dinheiro que arrecado na comercialização do lixo, consigo comprar Página | 61 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA comida, material escolar, e outros bem para casa”, explica, ao mesmo tempo que esclarece ter iniciado esta actividade no segundo dia do início do projecto. Segundo ela, a grande vantagem do “LUANDA LIMPA” é o pagamento ser efectuado na dependência do BPC, o que permite às pessoas poderem fazer poupança. Lutemuca da costa, outra comerciante de resíduos sólidos, referiu que a decisão do governo provincial em comprar lixo à população vai ajudar muitas pessoas a libertarem- se da pobreza que aflige muitas famílias e a ter uma cidade cada vez mais limpa. “Sinto me orgulhosa daquilo que faço”, frisou. Página | 62 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA O lixo que vende resulta da produção diária da sua residência e na recolha que faz durante o dia. “ O pouco que consigo amealhar ajuda a minimizar algumas carências existentes em casa”, referiu. Cecília Domingos está no posto do kalawenda a vender lixo. Humildemente, disse que para, conseguir um pouco mais de dinheiro, tem de recolher quantidade para vender. “O preço estipulado na compra é muito baixo para o esforço que é feito e isso tem criado alguma desmotivação por parte dos vendedores”, adiantou. “Dinheiro no banco”: Depositar dinheiro na agência bancária é uma forma comum de investimento, mas serve como suporte para a realização de sonhos pessoais e para casos de emergências. Cecília Domingos, garante que tem mantido os valores de venda do lixo no banco. “Lá fica mais seguro e só levanto quando necessito. É uma poupança que faço”, afirmou. Para Gertudes Tomas, este tipo de negócio, que é menosprezado por muitos, é rentável e está a ajudar muita gente. “Com paciência, a vender o lixo a 100 kwanzas, em cinco dias Página | 63 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA consigo 500 kwanzas. Para mim já é muito, reconheceu, acreditando que antigamente o lixo não tinha valor e que esta medida foi bem tomada. Proibição às crianças: As pessoas menores de 18 anos estão proibidas de vender lixo em qualquer posto de transferência de resíduos sólidos espalhados na cidade de Luanda. Gertudes Domingos regozija-se com esta medida tomada pelo governo de Luanda, por considerar que assim as crianças não abandonam os estudos para venderem lixo. “ Muitas crianças estão viciadas em arranjar dinheiro. Com esta oportunidade, muitas delas podiam fugir da escola para procurar lixo para vender, por isso a proibição foi bem tomada”, considerou. “Adesão”: O gestor do ponto de transferência do lixo de Kalawenda, no município do cazenga, Agostinho Kiosa, garante que a adeão é grande, embora no início as pessoas estivessem cépticos. Página | 64 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Este posto recebe diariamente mais de 500 sacos de lixo. Os preços são uniformizados, uma vez que os resíduos sólidos não são pesados. Agostinho Koisa afirmou ainda que por cada saco de 50 ou 100 litros é paga a quantia de cem kwanzas. Os pontos de transferência compram todo o tipo de lixo doméstico. Não são aceites pedra, areia cimento, entulho, carcaças, electrodomésticos, líquidos, lixo hospitalar, pilhas, baterias, óleos, ou seja, materiais em decomposição e tudo o que seja perigoso para a saúde. O lixo de ser entregue em sacos de apropriados de 50 a 100 litros. “Transporte de resíduos”: A distância e a falta de meios para transporte de lixo têm sido o grande calcanhar de aquiles. Agostinho kiosa explicou que é obrigação dos vendedores levarem o lixo até ao ponto de transferência e depois receberem as suas gratificações. Inicialmente o projecto foi concebido para encorajar as pessoas a não guardarem o lixo em casa. O gestor do posto de transferência de Kalawenda, acrescenta ainda que os cidadãos que Página | 65 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA vivem distantes do ponto de transferência e que não têm a possibilidade de transportar o lixo, têm os camiões, que recolhem e depositam no aterro sanitário dos Mulenvos. Todo o lixo que é transportado pelos nossos meios, de casa dos cidadãos até ao aterro, não é comercializado, referiu. O projecto é de âmbito provincial e pode expandir-se a outras províncias. Em Luanda, estão em funcionamento três pontos de transferência: o de Kalawenda, no cazenga; embondeiro rasta, no Kilamba kiaxi; e zango, em viana.2 2 Fonte: Jornal de Angola Página | 66 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Agostinho Kiosa adiantou que está para breve a inauguração de mais cinco pontos no cazenga e um no tunga ngó, município do rangel, para dar maior abrangência à venda dos resíduos sólidos por parte dos munícipes, referiu. O meu apelo vai no sentido de os munícipes do cazenga não guardarem o lixo em casa levando-o ao posto para a sua comercialização, salientou. Aos que vivem longe sugere que optem por alugar motorizadas de três rodas, “Kupapata”. “Colaborem para melhor manter luanda limpa”, concluiu Agostinho Kiosa. Em breve, vai dar-se início ao processo de reciclagem do lixo para a sua valorização. Página | 67 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de combustível e petróleo Venda de combustível, de forma avulsa em bidons ou em garrafas pequenas. Colocam nos carros ou em motorizadas, através de mangueiras. Intermediários Consiste na intermediação de assuntos mediante pagamento, pela prestação de serviços, desde o tratamento de documentos a assuntos ligados a imobiliária. É um trabalho realizado essencialmente por jovens de sexo masculino. Página | 68 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Engraxador de Sapatos Esta actividade é exercida por garotos, isto é, crianças ainda em idade escolar, nas esquinas debaixo dos edifícios na baixa de Luanda. Biscateiro Homens que realizam esporadicamente pequenos serviços, como trabalhos de canalização, sanitários, mudança de lâmpadas nas viaturas, entre outros. Casa de tranças Negócio que consiste na realização de tranças, geralmente a crianças, esta actividade surge do agrupamento de jovens do sexo feminino. Página | 69 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de vernizes Venda de vernizes de forma ambulante. Este negócio é exercido por homens, que também fornecem os produtos a salões de beleza. Ardinas Venda ambulante de jornais por parte de jovens rapazes. Alfaiate e Costureira (trajes africanos) Criação e venda de diferentes peças de roupa, geralmente com tecidos africanos a baixo custo. Página | 70 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de disco Venda ambulante de discos piratas, isto é, discos gravados em estúdios piradas sem a permissão dos artistas. Recauchutagem Reparação de pneus ao longo das vias. Este trabalho é realizado por jovens rapazes e trata-se de um serviço útil que necessita de expansão e organização. Página | 71 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Barbearia Trata-se de uma actividade em que as pessoas cortam o cabelo ou fazem a barba aos clientes. Este negócio encontra-se em franca expansão sobretudo nas zonas suburbanas. Salões de beleza É uma actividade cuja especialidade é lidar com tratamentos de cosmética que aprimorem a aparência das pessoas, este negócio geralmente é exercido por jovens na maioria dos casos sem formação. Ajuda a carregar os sacos de compras Este é um trabalho exercido por jovens geralmente menores de idade, oriundos das províncias, em que ajudam os consumidores a transportarem as suas compras, quando vão aos mercados e/ou supermercados. Página | 72 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de vasilhame Esta actividade consiste na recolha de garrafas de cerveja estrangeiras (e outras), nas ruas e quintais. Quem desenvolve esta actividade, são sobretudo jovens desempregados que pernoitam perto das cantinas, roulottes e restaurantes da cidade, onde os clientes consomem cervejas. Vendem a grade de duas dúzias de garrafas a 25 kwanzas. “Clínicas” para Reparar Avarias de Telemóveis (Negócio Moderno em Luanda)3 Negócio executado principalmente por homens numa “clínica” de rua, em que reparam telemóveis avariados, fazendo de tudo um pouco, troca de visor, bactéria, teclados, entre outros. Encomendam as suas peças de substituição da China, Dubai ou Namíbia. Muitos deles afirmam que já conseguem viver apenas deste Trabalho. As peças para garantir este tipo de trabalho vêm de peças 3 Fonte: Jornal de Angola Página | 73 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA sobressalentes retirada de outros telemóveis fora de uso que compra aos clientes. Por dia contam em média com 10 clientes e chegam a lucrar 300 usd por mês. Todos os técnicos das “Clínicas” têm um ajudante no negócio. Muitas vezes porque um sozinho não consegue o dinheiro diário suficiente para pagar o local onde montam a banca. Mas também é importante trabalhar a dois, sobretudo quando é necessário procurar um na clínica. Página | 74 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Venda de carvão Construção civil Este negócio passa pela elaboração e venda de blocos, bem com a venda de areia e burgalho. Página | 75 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Ensino Esta actividade passa por dar explicações, sobretudo a crianças de ensino primário, em casas privadas, quintais ou em áreas abertas. Hotelaria Os PH/ por hora Negócio realizado em pensões que consiste no arrendamento de quartos, por hora. Venda de galinhas vivas Página | 76 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Capítulo IV TRANSPORTE Página | 77 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA TRANSPORTE Transportar pessoas exige o cumprimento de regras de domínio rodoviário e também do domínio urbanístico e cívico. Exige responsabilidade e segurança. Os kupapatas Consiste no transporte de pessoas em motorizadas sem licença e muitas vezes sem capacete, é um trabalho que ocupa principalmente os jovens, das zonas suburbanas, em toda a extensão do País. Página | 78 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Candongueiros Transporte de pessoas e bens, em toda extensão territorial, entre municípios e muitas vezes entre províncias, são geralmente identificados com denominações criativas, com por exemplo: “20te buscar, os gostosos”. Venda de carros: Consiste nos serviços de carros de táxi nas zonas urbanas de forma informal. É um negócio que ainda persiste, embora a interdição de entrada de carros com mais de 5 anos. Página | 79 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Capítulo V ECONOMIA SOCIAL Página | 80 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA ECONOMIA SOCIAL Impactos: Social: contribuir para o desenvolvimento da comunidade. Económico: São fonte de renda de muitas famílias, pois permite a satisfação das necessidades básicas. Ambiental: Objectivo: redução da pobreza Página | 81 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Capítulo VI CRÉDITO Página | 82 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA CRÉDITO Hoje em dia o microcrédito, é uma ferramenta financeira que serve para tirar do informal, alguns negócios. Em Angola foi criado, o Balcão único do empreendedor, abreviadamente, designado por BUE 2012. Requisitos necessários para abertura do negócio 1. Declaração da comissão de moradores 2. Atestado de residência para efeito de abertura e legalização do meu negócio junto ao bué. 3. Fotocópia do Bilhete de Identidade 4. Uma fotografia tipo passe 5. Factura proforma 6. Estatísticas de microcrédito, a conceder, pelos Bancos: Requisitos para abertura do negócio Banco 1. Duas fotografias 2. Fotocópia do Bilhete de Identidade Página | 83 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA 3. Documento da localização do negócio (crockis de localização) 4. Duas testemunhas para credibilidade. Banco microfinanças Documentos para ter acesso ao financiamento Projecto de Negocio Eu Graça, filha -----------, e de-------Nascida, aos ------Natural de ----Bilhete nº----p/ indentif/-------- luanda ----. Eu pretendo manter----- Página | 84 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA POUPANÇA Quando falamos, em poupança, a nossa mente remete-nos para uma renda considerável, um salário grandioso, que após os compromissos familiares ainda nos restam reservas para satisfazermos as nossas necessidades, comprando produtos prazerosos e experimentando, novas emoções. A premissa que se coloca é saber realmente quem consegue poupar, num Mundo em que cada vez mais o nível de vida se revela assustador em termos de subida de preços de produtos e serviços para as necessidades básicas. Mas quem realmente pode poupar, pobres, ricos? Desde que não nos encontremos, numa situação de extrema pobreza, é possível poupar, quer diariamente, semanalmente ou mensalmente, não interessa quanto, mas a verdade é que grão a grão, se faz uma montanha. O que significa poupar afinal? Poupar significa, gastar melhor. Página | 85 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Quando devemos começar a desenvolver hábitos de poupança? As crianças devem ser incentivadas a poupar, devem ser ensinadas a fazer escolhas, devem aprender a comprar o que necessitam e não aquilo que querem. Fazer poupança, garante um futuro melhor. Podemos pensar numa ideia e pensar em materializa-la, a implementação de um investimento implica recursos financeiros, ou seja dinheiro, por isso poupar agora, proporcionará o bem-estar amanhã. A sensibilização das crianças em particular, para as questões de poupança, bem como a explicação do que é o dinheiro, é de extrema importância, no entanto as acções interactivas com vista a contribuir para um crescimento responsável, devem ser exercidas de forma regular. As dificuldades que hoje os Países atravessam, face as crises económicas, são motivo de reflexão. Aconselhar a colocar de lado uma pequena poupança, nestas adversidades, não é tarefa fácil, mas possível. Página | 86 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Incentivar as crianças a terem um mealheiro, elaborado mesmo em escolas com material reciclado, é um bom começo. Saber gerir a semanada e mesada, são tarefas que devem aprender desde cedo, aqueles que dela beneficiam. Aos encarregados de educação que têm a possibilidade de atribuir mesadas e semanadas, estejam certos de que desta forma estão a estimular várias competências, nomeadamente, a ganhar autonomia. A mesada ou semanada deve constituir um ganho e não motivo de ostentação. Cada pai deve conhecer, o nível de responsabilidade de cada filho, para decidir quanto pode delegar. Para umas crianças a mesada, serve apenas para gerir refeições para outros constitui uns extras. É prioritário passar a mensagem desde cedo, que não é fácil ganhar dinheiro por isso devemos poupar para garantirmos o nosso futuro. Para as nossas mulheres, um recado as financeiramente independentes. Página | 87 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA O nosso marketing pessoal é importante, o uso de produtos de luxo, dá-nos a imagem de possuirmos um certo poder financeiro, mas é necessário pensarmos no futuro, mas a chave para o investimento, é a poupança. O mundo precisa de cidadãos financeiramente responsáveis. Poupar é construir, um futuro seguro melhor. Micro crédito - até 1.000.000 Akz/ usd 10.000 Carta de solicitação de credito dirigida a direcção comercial Cartão de contribuinte Cartão de Sanidade Balanço patrimonial e demostração de resultados Plano de investimento (plano de negócio), Declaração de dividas Estrato bancário dos últimos 6 meses Comprovante de pagamento de serviço de telecomunicação, impostos, eletricidade e água. Documentação legal caso seja (Empresa) 2 fotografias Atestado de residência Página | 88 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Registo criminal Fotocópia do B.I Carta dirigida ao Balcão Bué O projecto Comprovativo da Comissão de bairro que atesta a residência ou da administração do condomínio. Factura proforma dos produtos p/ abertura do negócio. TERMOS E CONDIÇÕES Pelo presente termo o banco informa que: a) O prazo para análise e aceitação ou recusa da concessão do crédito é de oito (8) dias úteis, a contar da data de entrega completa da documentação; b) A solicitação do crédito só será considerada valida e aceite após a entrega completa de todos os documentos exigidos pelo banco e com o cumprimento de todas as formalidades; c) O não cumprimento destas exigências reserva o banco no direito de recusar o recebimento da documentação; Página | 89 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA O solicitante declara que entendeu e aceita os termos e condições apresentados pelo banco para a abertura da solicitação do crédito. O solicitante Banco Entreguei Recebi Luanda---------,--------,201 Página | 90 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Página | 91 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Responsabilidade dos fornecedores Os actores destes serviços, têm a responsabilidade de prestar aos consumidores um serviço seguro, que não coloque em risco a segurança dos cidadãos. Emitir facturas; Dar os trocos em dinheiro e não espécie; Respeitar os prazos de garantia, estipulados por Lei; Comercializar os produtos dentro do prazo de validade; Cumprir com as temperaturas para conservação de cada produto, tecnicamente adoptado; Responsabilizar-se pela higienização da área circundante; Manter o espaço higienizado; Acondicionar perfeitamente as mercadorias, não permitindo que estejam em contacto com o chão e mantê-las afastadas da parede. Página | 92 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA GRÁFICOS DOS NEGÓCIOS POPULARES Abaixo podem ser consultados os gráficos que apresentam a proporção dos homens e mulheres que são arrumadores de carros, kínguilas, zungueiros e estéticos. KÍNGUILAS 15% 75% HOMENS 15% MULHERES 75% ARRUMADORES DE CARROS HOMENS 100% MULHERES 0% Página | 93 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA ZUNGUEIROS 1 MULHERES 99% HOMENS 1% 99 ESTÉTICA 100% 80% 60% 40% 20% 0% HOMENS MULHERES HOMENS MULHERES ESTÉTICA PROFISSIONAL 40% ESTÉTICA AMBULANTE 100% 60% 0% NOTA: Os serviços de estética ambulante são maioritariamente exercidos por homens. Página | 94 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Segue o mapa dos arrumadores Controladores de Carro na rua Estacionar Mín, 200, 00Kz Máx. 500,0 0Kz 350,0 0Kz Vagas Mín. 10 Rotatividade Máx . 20 1a2 15 1,5 Total médio Control 7,875,0Kz Lavagem de carro Mín. 500,0 0Kz 1200, 00Kz 850,0 0Kz Freq. lavagem Equipa controlares Min. Máx. Mín. Má x 5 10 3 5 Total médio Lavagem Total médio por dia Dias por mês Total médio por mês por Equipa Total médio por mês por Elemento 7,5 6,375,0 Kz 14,250,0Kz 22,0Kz 313,500,0Kz 78,375,0Kz Considerações: 1 - Este trabalho é desenvolvido, em grupo de 3 a 5 indivíduos, por quarteirão, com abordagem directa aos condutores do carro, sendo estes responsáveis pela arrumação e controlo da viatura, até que o condutor deixe o lugar reservado, pelos arrumadores; Página | 95 4 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA 2 - A rotatividade, por troca de cliente anda a volta de 4 horas, poderá no entanto diminuir ou aumentar, depende da necessidade de cada um, muitas vezes em resolver assuntos ou serve mesmo como reserva de lugar, durante as horas de trabalho; 3 - A lavagem de carros, actualmente mais cuidada, devido às restrições impostas, pelos governos provinciais no que toca a lavagem de carros na via pública, ainda que limpa quase a seco, constitui um valor acrescentado ao negócio de arrumadores de carros. QUAL ‘BASE DA PIRÂMIDE’? Artigo Elaborado pelo Eugenio Viassa Monteiro 4 Quando a crise arrefece a fúria de comprar; quando as multinacionais saturadas, vendem cada vez menos no seu segmento rico; quando os lucros declinam ou passam para o vermelho; há quem comece a vislumbrar que há ‘vida’ para além dos ricos. 4 Professor da AESE e presidente da AAPI Página | 96 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA E que os pobres têm as mesmas necessidades, de satisfazer a fome, ter saúde e desfrutar de um mínimo de comodidades. Mesmo sem conhecerem termos glamorosos como a ‘riqueza na base da pirâmide’, os operadores indianos de telefonia móvel constataram que em cada baixa de preço da comunicação entrava uma catadupa de novos assinantes. Assim, o fenómeno uma vez descoberto só precisava de ser alimentado com sucessivas reduções, até o telefone móvel alcançar mesmo os mais destituídos. É por isso que, com a liberalização das telecomunicações, se passou de pouco mais de 5 milhões de linhas de rede fixas, em 1995, para as actuais 950 milhões de linhas de rede móvel a acrescentar às 36 milhões de linhas de rede fixa! Admite-se que das 950 milhões, estarão ativas mais de 780 milhões. Num estudo realizado por uma grande instituição financeira, concluía-se que o simples facto de se estar conectado acrescentava $51 dólares ao PIB per capita, cada ano. Interesante, não é? E o Governo Indiano, nos tempos do negro socialismo, que espalhou pobreza durante 43 anos, considerava o telefone um produto de luxo! E o benefício quer para o rico, mas sobretudo para o pobre, é notável: qualquer artesão, agricultor ou pescador tem, quando Página | 97 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA está conectado, mais solicitações de trabalho, que pode ir gerindo dentro da sua ‘agenda’ de trabalho. Desta forma todos ganham: quem fornece um produto ou serviço e quem o compra; e também as operadoras de telefones. E evita-se ‘perder tempo’, tanto para vender, como para comparar preços, ou dar um recado. Tudo vantagens… Contava-me pessoa amiga que muito antes de certos conceitos, como o 2 em 1 ou o 3 em 1, aparecerem em Lisboa –em produtos de higiene ou de cuidado do cabelo ou da pele, que juntavam vários ingredientes para fazer um produto multifunções, mais económico e acessível–, ela já o vira, mais de um ano antes, em Calcutá… Como resultado desta nova mindset, as multinacionais estão a apostar em centros de I&D na India (já são mais de 1031 e só em 2012 foram novas 25 multinacionais), em busca do que se chamou a frugal innovation, com poucos meios, que põe a imaginação a funcionar com grande foco, para criar melhorias na robustez e performance acompanhadas de forte redução de custos; e fazendo assim penetrar os produtos até estratos de população muito pobres. Por exemplo, a GE tem um centro I&D em Bangalore que está a lançar novos produtos, muito mais em conta, que depois são Página | 98 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA vendidos nos EUA. Fez isso com o electrocardiógrafo, agora vendido por $500, 1/10 do preço anterior. Mais recentemente uma incubadora para prematuros, que vai vender por 50.000 rupias ($850), ¼ do preço anterior. Há toda a vantagem de ampliar a base de compradores, para obter economias de escala, com redução de custos, obrigando-se a inovar. E, apesar de se ganhar muito pouco com cada cliente, ao serem muitos, o resultado é bastante satisfatório. Este parece o caminho certo: apontar para as grandes massas de potenciais consumidores que foram desprezados. Os ‘ricos’ continuem a consumir ‘aquela sua marca’, pagando uma cara ‘exclusividade’. Seria importante que empresas farmacêuticas aprendessem isso depressa. Vender caro e com altas margens para pagar a investigação parece algo terrível e obsoleto, quando estão em jogo vidas humanas. Em lugar de vender a altos preços, para uns ricos ou com comparticipações, deveriam pensar na imensa população do globo, potencial compradora, sempre que os preços fossem acessíveis. Página | 99 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA RUMO À FORMALIDADE João Candimga, era Roboteiro estudou até a sexta classe. Um dia conversando com um amigo, que tinha uma janela aberta com alvará, contou-lhe o seu passado, pois tinha sido, também roboteiro, mas conseguiu um espaço, onde montou um contentor e foi a administração legalizar. Obteve o alvará e tem mais um trabalhador. Hoje é um agente económico e cumpre com todas as formalidades, João Candimga, já está no sector formal. SABIA QUE… As administrações Municipais competem licenciar as actividades de comércio feirante, ambulante, vendedores de mercados municipais urbanos, suburbanos e rurais; Aos governos provinciais, compete licenciar, o comércio geral, comércio precário, prestação de serviços mercantis, através de estabelecimentos de pequena dimensão. Página | 100 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA CONCEITOS Comércio a retalho – É a actividade comercial que consiste na aquisição de produtos de determinado ramo de actividade, directamente aos consumidores em estabelecimentos apropriados, ou em lugares permitidos por lei. Comércio precário - É a actividade e a retalho, em estabelecimento de construção convencional nas zonas rurais ou suburbanas. Agente económico – Toda a pessoa jurídica, que exerce actividade comercial e económica proporcionando a outrem certo resultado do seu trabalho. Estabelecimento comercial – É a instalação de carácter fixo e permanente, destinado ao exercício regular da actividade comercial. Venda ambulante – É aquela que se realiza fora do estabelecimento comercial permanente, de forma habitual, ocasional, periódica ou continuada, em perímetros ou locais devidamente autorizados, instalações desmontáveis e transportáveis, incluindo roullotes. Fonte: Lei das actividades comerciais, Lei 1/07 de 14 de Abril de 2007. Página | 101 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Alvará comercial - É um documento que garante a autorização para o funcionamento de qualquer empresa comercial. GLOSSÁRIO Kixiquila - Clube de poupança informal. Consiste em agrupar várias pessoas para contribuição de um valor harmonizado em que cada um recebe o mesmo valor de forma sequencial. Funciona como um clube d poupança e serve para resolver, muitos problemas de ordem social. Nas classes mais baixas, a prioridade, vai geralmente para a compra de blocos, cimento. Kilape - Compra em regime de fiado, ou seja o pagamento e efectuado em data a acordar após a obtenção do produto Jaba - Dinheiro Kinguila - Trocador informal de moeda Cantinas - lojas de proximidade, de pequena dimensão, vulgarmente geridas por MAMADOS. Arreiou - baixa de preços Roboteiro - Carregador de mercadoria Kupapata - Motorista " moto táxi" Página | 102 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS EM ANGOLA Roboteiro - Carregador de mercadorias, funcionam geralmente junto aos mercados. Bilo - Luta Kandongueiro - Táxi colectivo Bifeiro - Intermediário de negócios em armazéns, nas zonas suburbanas. Página | 103