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COLÉGIO CORAÇÃO DE MARIA INSTITUIÇÃO VERZERI ENSINO MÉDIO NÃO HÁ CURA, MAS HÁ ALTERNATIVAS ANDRÉA SANTIAGO PINTO ORIENTADORA: SOFIA ELISA LEUCHTENBERGER Esteio, setembro de 2010. 2 _____________________________________ Andréa Santiago Pinto NÃO HÁ CURA, MAS HÁ ALTERNATIVAS COLÉGIO CORAÇÃO DE MARIA INSTITUIÇÃO VERZERI ENSINO MÉDIO Esteio, setembro de 2010. ______________________________________ Sofia Elisa Leuchtenberger 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha orientadora Sofia Leuchtenberger por todo apoio que me ofereceu desde o início da pesquisa, pelos encontros todas as terças-feiras à tarde, pelas conversas no celular, pelas risadas que juntas demos. Não sei o que seria de mim se não a tivesse me apoiando, já nem a considero mais professora, orientadora e sim amiga. Agradeço a nega que me apoiou desde o início, correu atrás do tempo junto á mim e agradeço também a minha família, pelas noites sem dormir fazendo relatório, pelas tardes na escola, quando na verdade é o único tempo que tenho disponível para passar com estes. Agradeço também a Ana Paula Figliero pelas tardes que disponibilizou para me ajudar, agüentando os meus “pitis”, por tudo que ela fez desde que a conheci. Para finalizar, agradeço a minha “irmã” Gabriela (Binha), por ficar até tarde comigo, me auxiliando e fazendo de tudo para não me deixar dormir na frente do computador, porque eu tinha que terminar o relatório, então ela cantava para mim e com ela cantando é impossível de alguém dormir. Não posso deixar de agradecer a minha amiga Marjori (morzinhu MD´), por me ajudar e estar o tempo todo ao meu lado no decorrer desta pesquisa. E claro, de todas as pessoas que de alguma forma me auxiliaram, as pessoas entrevistadas, as que assinalaram os questionários e as que me disseram: “Vai fundo Déia, força, estamos contigo”. 4 “Juntando os pedaços e recomeçando, talvez o final feliz seja só seguir em frente... O que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta” (Elizabeth Gilbert livro: Comer, Rezar e Amar). 5 RESUMO Os deficientes intelectuais são bastante flexíveis em relação as ciências exatas. Pensando nisto o objetivo da pesquisa formulou-se no que as ciências exatas influenciam no cotidiano dos mesmos, se há a possibilidade de realizar operações básicas, classificações e quantidades. O importante de se pesquisar este tema é satisfazer a imensa curiosidade de saber um pouco mais sobre a vida dos deficientes intelectuais, a inclusão na sociedade e até mesmo de como eram vistos no passado. A pesquisadora, juntamente com a sua orientadora, iniciou o projeto no mês de abril e finalizaram-no no mês de setembro; a pesquisa foi realizada no estado do Rio Grande do Sul, que tem população aproximada a 10.187.798. A pesquisa é do tipo bibliográfica e obteve resultados esperados, ou seja, correspondendo a hipótese criada pela pesquisadora. No longo do projeto, ocorreram entrevistas e coleta de formulários e materiais bibliográficos em diversas bibliotecas do estado no qual foi realizada a pesquisa. O projeto trará resultados e relatos de grande importância. 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..........................................................................................10 1.1 Escolha do tema, delimitação e problema..........................................10 1.2 Justificativa............................................................................................10 1.3 Hipótese..................................................................................................12 1.4 Objetivos................................................................................................13 1.4.1 Objetivo Geral.....................................................................................13 1.4.2 Objetivos específicos.........................................................................13 2. REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................14 2.1 A Diferença de Doença Mental e Deficiência Mental- Intelectual.......15 2.2 O Conceito...............................................................................................15 2.2.1 Deficiência Intelectual..........................................................................16 2.3 Por Que Se Adota o Termo Pessoa Portadora de Deficiência ou Pessoa Com Deficiência? ............................................................................16 2.4 As Normas de Convivência na Escola e na Sociedade.......................16 2.4.1 Respeitando as Diferenças..................................................................17 2.4.2 Reflexão no Mundo................................................................................17 2.4.3 A Entrada Na Escola é Um Momento de Superação..........................18 2.4.3.1 Diagnóstico.........................................................................................18 2.4.3.2 O Desafio das Escolas Regulares.....................................................19 2.4.4 O Desafio do Professor..........................................................................20 7 2.4.5 O Que Diz a Lei.......................................................................................21 2.4.6 O Desejo de Aprender............................................................................21 2.5 Definição Necessidades Especiais..........................................................22 2.5.1 Escolas Inclusivas..................................................................................22 2.5.2 Lidar com Deficiências ..........................................................................22 2.5.3 A Principal Preocupação........................................................................22 2.5.4 Ajuda e Apoio..........................................................................................23 2.5.5 O Ponto de Vista Curricular...................................................................23 2.5.5.1 Ensino Especial...................................................................................23 2.5.5.2 Relacionando o Aprendizagem com Outros Assuntos....................24 2.5.5.3 As Ações Afirmativas..........................................................................25 2.5.5.4 As Cotas das Empresas......................................................................25 2.6 Deficiência Múltipla...................................................................................26 2.6.1 Deficiência Permanente.........................................................................26 2.6.2 Comprovação da Deficiência................................................................26 2.6.3 Discalculia: Transtorno Específico da Habilidade em Matemática....27 2.6.3.1 Os Cálculos Sempre Fizeram Parte do Cotidiano do Homem........27 2.6.3.2 Os Egípcios.........................................................................................28 2.6.3.3 Os Romanos........................................................................................28 2.6.3.4 Os Indus................................................................................................28 8 2.6.3.5 Os Árabes............................................................................................29 2.6.4 A Importância da Reeducação..............................................................29 2.6.4.1 O Cérebro, o Processamento Numérico e o Cálculo........................29 2.6.4.2 O Desenvolvimento das Habilidades em Matemática......................29 2.6.4.3 O Cérebro e a Matemática...................................................................30 2.6.4.4 A Fase Científica..................................................................................31 2.6.4.5 Distribuição Hemisférica de Habilidade no Processamento Numérico..........................................................................................................31 2.6.4.6 Imagem Cerebral e Cálculos...............................................................32 2.6.4.7 O Cérebro e as Dificuldades em Matemática....................................33 2.6.4.8 Acalculia e a Descalculia do Desenvolvimento................................33 2.6.4.9 Aprendizagem e Deficiência Mental..................................................34 2.6.5 Associação Americana de Deficiência Mental.....................................34 2.6.5.1 É cada vez maior o número de publicação sobre a inclusão social. Qual o objetivo?...............................................................................................36 2.7 Deficiência Mental (Intelectual), Síndrome de Down e Outras Causas..............................................................................................................36 2.7.1 Causas da Deficiência Intelectual.........................................................37 2.7.2 Síndrome de Down.................................................................................39 4.7.2.1 Sinais Típicos de Down......................................................................39 2.7.2.2 Proteção Contra Infecções................................................................40 2.7.2.3 Prevenção de Síndrome de Down......................................................41 2.7.2.4 Diferentes Comunidades Com Diferentes Teorias...........................41 9 2.7.3 O Professor Que é Indiferente..............................................................41 2.7.3.1 Valores Indispensáveis.......................................................................42 2.7.3.2 O Processo de Avaliação....................................................................44 2.7.3.3 A Legislação........................................................................................44 2.7.4 A APAE....................................................................................................44 3. METODOLOGIA............................................................................................45 3.1 Início e término da pesquisa.....................................................................45 3.2 LOCAL DE PESQUISA E DESCRIÇÃO.....................................................45 3.3 PLANO DE PESQUISA...............................................................................45 3.3.2 Variáveis e definição operacional.............................................................46 3.3.3 População e sistema de amostragem......................................................46 3.3.4 Instrumentos de coletas de dados............................................................46 3.3.5 Descrição das etapas...............................................................................47 4.1 Resultados parciais do questionário aplicado com o público de diversas idades:...............................................................................................................50 CONCLUSÃO....................................................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................52 10 1. INTRODUÇÃO 1.1 Escolha do tema, delimitação e problema A deficiência intelectual existe desde a antiguidade, diferentes comunidades com diferentes teorias, costumes e crenças locais já existiam. Habitantes de algumas regiões acreditam que uma criança nasce deficiente ou deformada porque os pais ofenderam os deuses ou que as pessoas nasceram deficientes para pagar os pecados de vidas anteriores. Como a deficiência intelectual, as ciências exatas também vêm sendo utilizada desde a antiguidade. Então resolveu-se entender o significado das ciências exatas na vida dos deficientes intelectuais portadores de síndrome de down. Qual a influência do estudo das ciências exatas no cotidiano dos deficientes mentais? 1.2 Justificativa O tema escolhido quando concluído irá esclarecer curiosidades, nos proporcionando resultados que nos farão entender como as ciências exatas vêm sendo utilizadas pelos deficientes intelectuais e mostrará qual a influência que essa passa no cotidiano destas pessoas. É muito importante saber a diferença entre doente mental de deficiência mental-intelectual, um doente mental pode ter inteligência normal ou alta e pode ter um alto nível de escolaridade. Mas devido a experiências estressante ou a alguma doença afetando o cérebro, ele passa a se comportar de modo estranho. Quando um deficiente mental-intelectual se comporta estranhamente, é porque em geral ele não aprendeu o comportamento correto; ele necessita ser ensinado. Desde a antiguidade, diferentes comunidades com diferentes teorias, costumes e crenças locais já existiam como ainda existem. Ás vezes fazem com que as pessoas com deficiência sejam desprezadas. Por exemplo, os 11 habitantes de algumas regiões acreditam que uma criança nasce deficiente ou deformada porque os pais fizeram algum mal ou ofenderam os deuses. Outros acreditam que as pessoas nascem deficientes para pagar os pecados de vidas anteriores e muitas achavam que deficiência “pegava” que era contagioso. No século XIX, tratou-se de buscar os direitos sociais com ações estatais que compensassem as desigualdades, municiando os desvalidos com direitos implantados e construídos de forma coletiva, em prol da saúde, da educação, da moradia, do trabalho, do lazer e da cultura para todos. Apenas depois da Segunda Guerra Mundial, porém, que a afirmação da cidadania se completou, só então, percebeu-se a necessidade de valorizar a vontade da maioria, respeitando-se, sobretudo, as minorias, suas necessidades e suas peculiaridades. O primeiro fundamento das políticas em favor de quaisquer minorias. Quanto às pessoas com deficiência, estão superando o viés assistencialista e caridosamente excludente para possibilitar-lhes a inclusão efetiva. Passarão a ser sujeitos do próprio destino, não mais meros beneficiários de políticas de assistência social. “O direito de ir e vir, de trabalhar e de estudar é a molamestra da inclusão de qualquer cidadão e, para que se concretize em face das pessoas com deficiência, há que se exigir do estado a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, Constituição Federal)”. Não é fácil definir ou conceituar a deficiência mental-deficiência intelectual. A Associação Americana de Deficiência Mental (in Diament, 2005) a define como “todos os graus de defeito mental devido ou que levam a um desenvolvimento mental insuficientes, dando como resultante que o individuo é incapaz de competir, em termos de igualdade, com os companheiros normais, ou é incapaz de cuidar de si mesmo ou de seus negócios com a prudência normal”. O termo “deficiência mental” alterado em 2008 para “deficiência intelectual”, de acordo com o Decreto nº. 3.298/99, alterado pelo Decreto nº. 5.296/04, conceitua-se como deficiência mental - deficiência intelectual- o funcionamento intelectual significativa inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas como comunicação, cuidado pessoal, habilidades 12 sociais e etc. Segundo Aron Diament o conceito DM(Deficiente mental) – DI(Deficiente Intelectual) é fundamentado no déficit de inteligência, abrangendo variadas causas pré, peri e pós-natais. Os cálculos sempre fizeram parte do cotidiano do homem, ao caçar ou pescar, fazia-se marcas em ossos de animais ou em pedaços de madeira quantificando os resultados. Pensando-se nisso, qual a influência das ciências exatas no cotidiano dos deficientes mentais? Este projeto esclarecerá várias curiosidades a respeito deste assunto encantador de se pesquisar, a respeito das pessoas portadoras destas deficiências, mostrará que a deficiência que mais atinge a nossa população é a síndrome de down, e mesmo as pessoas contendo a mesma deficiência são umas diferentes das outras assim como nós os ditos “normais”. 1.3 Hipótese Alunos com deficiência intelectual tendem a apresentar dificuldades no aprendizado. Porém, acredita-se que esses alunos quando estimulados adquirem conhecimentos básicos e necessários para a sua vida cotidiana. 13 1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo Geral Verificar se os deficientes intelectuais possuem condições de desenvolver habilidades no aprendizado da matemática, sejam questões hipotéticas ou relacionadas com o seu cotidiano. 1.4.2 Objetivos específicos -Conhecer mais sobre o tema; -Verificar bibliografia que abordem o tema escolhido; -pesquisar na internet; -Iniciar o caderno de campo; -Preparar um roteiro para a realização de uma entrevista; -Elaborar uma entrevista que será aplicada a algum funcionário especializado na área da APAE (Associação de Pais, Amigos dos excepcionais); -Preparar 100 questionários que deverão ser aplicados com as pessoas, a respeito dos deficientes intelectuais; -Redigir o resultado final da pesquisa. 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A Diferença de Doença Mental e Deficiência Mental- Intelectual Segundo David Werner (1994), algumas pessoas confundem deficiência mental com a doença mental. Mas elas são bem diferentes. Um doente mental pode ter inteligência normal ou alta e pode ter um alto nível de escolaridade. Mas devido a experiências estressantes ou a alguma doença afetando o cérebro, ele passa a se comportar de modo estranho. Quando um deficiente mental se comporta estranhamente, é porque em geral ele não aprendeu o comportamento correto, ele necessita ser ensinado. A pessoa com doença mental precisa de ajuda especial, talvez de um conselheiro espiritual ou de psiquiatria. As pessoas com doença mental são como as pessoas com qualquer outra doença. Geralmente elas não conseguem controlar o próprio comportamento estranho. Não devemos culpá-los ou puni-los, mas sim darlhes “amor, proteção e compreensão”. 2.2 O Conceito Segundo Carlos Lupi (2007), o conceito de “pessoa com deficiência” que se contempla no art. 2º da convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência implica grande reversão para dogmática na concepção jurídica do sujeito a quem se destina o referido instrumento internacional. É que, além do aspecto clínico comumente utilizado para a definição em apreço, concernente à limitação física, intelectual ou sensorial, inclui-se a questão social, para estabelecer-se o alcance da maior ou menor possibilidade de participação dessas pessoas em sociedade. O documento diz que a convenção estabelece direitos à saúde, à educação inclusiva nas escolas comuns, ao transporte, crianças e mulheres com deficiência, atendimento em casa com calamidade, lazer, cultura, esporte, habilitação e reabilitação, trabalho e formação profissional, etc. No que diz respeito ao trabalho, reafirma a idéia de inclusão de todas as pessoas com deficiência, de forma digna e integral, reforçando as ações afirmativas para 15 tanto, conforme o “art. 27 do instrumento”. Afirma que vários países, por exemplo, Portugal Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Irlanda, Reino Unido, Argentina, Colômbia, El Salvador, Honduras, Panamá, Nicarágua, Peru, Uruguai, Venezuela, Estados Unidos da América, Japão e China, estabelecem uma cota de trabalhadores com deficiência aplicando-os em diversos setores com deficiência aplicando-os em diversos setores, como o público, privado e etc. Também é importante relatar que em 2008 o conceito de deficiente mental foi alterado para deficiente intelectual. 2.2.1 Deficiência Intelectual De acordo com o Decreto nº. 3.298/99, alterado pelo decreto nº.5.296/04, conceitua-se como deficiência mental – intelectual significativa inferior à medida, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a- Comunicação; b- Cuidado pessoal; c- Habilidades sociais; d- Utilização dos recursos da sociedade; e- Saúde e segurança; f- Habilidades econômicas; g- Lazer; e h- Trabalho. (Carlos Lupi, 2007). 16 2.3 Por Que Se Adota o Termo Pessoa Portadora de Deficiência ou Pessoa Com Deficiência? Carlos Lupi (2007) diz que a denominação utilizada para se referir as pessoas com alguma limitação física, mental ou sensorial assume várias formas ao longo dos anos. Utilizavam-se expressões como “inválidos”, “incapazes”, “excepcionais” e “ pessoas deficientes”, até que a Constituição de 1988, por influencia do Movimento Internacional de Pessoas com Deficiência, incorporou a expressão “pessoa portadora de deficiência”, “pessoas com necessidades especiais” ou “pessoa especial”. Todas elas demonstram uma transformação de tratamento que vai da invalidez e da incapacidade à tentativa de nomear a característica peculiar da pessoa, sem estigmatizá-la. A expressão “pessoas com necessidades especiais” é um gênero que contem as pessoas, com deficiência, mas também acolhe os idosos, as gestantes, enfim, qualquer situação que implique tratamento diferenciado. Igualmente se abandona à expressão “pessoa portadora de deficiência” com uma concordância em nível internacional, visto que as deficiências não se portam, está com a pessoa ou na pessoa, o que tem sido motivo para que se use; mais recentemente, conforme se fez ao longo de todo este texto, a forma “pessoa com deficiência”. Esta é a denominação internacionalmente mais freqüente. 2.4 As Normas de Convivência na Escola e na Sociedade A doutora em Educação, Maria da Graça Paiva na sua palestra, a educadora traz outro pensamento de Paulo Freire, que diz: “O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros (...) o professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia, o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que ‘ele se ponha em seu lugar’ ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quando o professor que se exime do cumprimento do seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do 17 educando transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência”. (Paulo Freire, 1997, p 66) 2.4.1 Respeitando as Diferenças A educação inclusiva das pessoas com necessidades especiais se constitui no mais recente discurso educacional. Não resta duvida de que esta linha de pensamento é a mais ética e correta, uma vez que procura preservar o respeito às diferenças. Mas é preciso entender também que a chamada exclusão não é restrita apenas às crianças ditas especiais na verdade, vivemos em uma sociedade em que todos que estão fora do dito “padrão” ideal: pobres, negros, gordos, homossexuais. Por isso, a discussão da “escola de inclusão” é muito mais ampla e talvez precise ser pensada não apenas quando recebe uma criança portadora de necessidades especiais, mas sempre que se prega a “Educação Para Todos”. (Vera Nunes, 2004, p 14 e 19). 2.4.2 Reflexão no Mundo A década de 90 trouxe novamente a discussão da inclusão escolar: o processo dos portadores de deficiências, ou que apresentam quadros psíquicos graves, como psicose e autismo, na escola, vem sendo objetivo de reflexão no mundo todo. Em um ponto, os educadores concordam: a amplitude do termo inclusão passa pela estrutura social da respectiva demanda. O processo de inclusão nos Estados Unidos, por exemplo, é pautado por programações onde a criança é considerada conforme os padrões de comportamento que apresenta. Há listas de programas pedagógicos, especialmente dirigidos à criança que apresenta transtornos alimentares, metabólicos, déficit de atenção com hiperatividade e outros. Na Ásia e na África o ingresso de meninas na escola é restrito, havendo uma campanha mundial liberada pela UNICEF E ONU, no sentido de incluir as meninas na rede escolar. No Brasil, hoje, a 18 discussão mesclando o social com a interação se dá no sentido de incluir a criança que trabalha à escola. A escola inclusiva trata de incluir o deficiente a um meio que a sociedade considera padrão. A criança, ao aprender, atravessa o contexto familiar e vai para o social. (Silva do Canto, 2004) 2.4.3 A Entrada Na Escola é Um Momento de Superação A entrada na escola, como se sabe, é um momento de separação, isso para qualquer criança. A mãe, ou substituta, a deixa na escola e ela é chamada ao social. As professoras, embora não sejam familiares, são chamadas de “tias” palavras que a escola encontrou para suportar a passagem no caminho da transferência que está sendo realizada pela criança. Aí se identifica a posição da criança que necessita de educação especial. Por apresentar uma realidade fragilizada, em sua constituição psíquica, não suportando realizar essa passagem, a criança passa a apresentar sintomas leves como inibição, pode até ser fóbica, ou mais grave, como a psicose. 2.4.3.1 Diagnóstico Atuando na área de educação especial, há mais de 25 anos, na cidade de Canoas (RS), a psicóloga Beatriz Lagranha identifica no diagnóstico errado um dos principais problemas na inclusão do ensino regular. A falta de acesso à rede pública, que ampliaria a possibilidade de diagnóstico correto, faz com que uma criança/aluno com problemas de inibição neurótica, ocasionada por maus tratos, ou falha na estrutura psíquica na relação com a mãe, seja diagnosticada como deficiente intelectual e passe a ser tratada como tal. Essa criança corre um sério risco de não permanecer na rede escola regular, por não encontrar ali, um lugar que leve em conta a sua subjetividade para além do sintoma que apresenta. 19 2.4.3.2 O Desafio das Escolas Regulares A escola enfrenta outro desafio, que é a preparação que deve ser dada ao professor. A fonoaudióloga Marlene Canarin Danesi, contrária ao técnismo, defende que as escolas precisam ouvir as técnicas para que o professor, que não pode se transformar num médico, possa fluir em sala. Ela considera que qualquer profissional humanista não pode ser contra a inclusão, mas a despreparação dos professores é um ponto a ser atacado. Destaca que incluir é interagir, o que pode ficar problemático para um surdo-mudo, por exemplo, que não encontra no ensino regular em seu igual. A fonoaudióloga que já escreveu o livro ”Admirável Mundo dos Surdos”, afirma que há muito a surdez deixou de ser considerada uma deficiência: “São pessoas que possuem uma linguagem própria, que é a dos sinais”. O professor Carlos Skliar, diretor da pós-graduação em Educação da UFRGS e da Coordenação de Educação Especial da cidade de Porto Alegre (RS), destaca “nós temos o cuidado de não criar uma política global onde todos os chamados deficientes façam o mesmo processo de inclusão”. “Temos que pensar em alguma forma de inter-relação, reconhecendo as especialidades que as comunidades fazem”, o que passa por uma discussão pedagógica para dar conta de uma diferença que requer um espaço diferenciado. Ele avalia que a educação especial tem uma relação com o sistema de ensino muito particular, ela passou de ser historicamente fechada, para, de repente, nos últimos anos, estar sendo considerada, praticamente, como algo que tem que desaparecer, como tipo de instituição, sobretudo a partir da idéia de educação inclusiva. Destaca que de alguma forma a tendência seria de não – necessidade de instituições especiais, pelo menos no sentido histórico, porque a inclusão, hipoteticamente, garante o acesso de todos à escola comum. Skliar afirma que em 1960 aconteceu um movimento interessante, chamado de desinstitucionalização do especial, não só da escola. Isso chega para nós a partir de 80, como um modelo de integração. 20 No Brasil, observa, a escola inclusiva está sendo pensada como a escola que já existia, com algumas crianças deficientes, “e está toda a distancia que nós temos do que significa educação para todos”. Uma coisa é colocar, pensar num projeto de educação para todos os tipos, todas as diferenças, e outra coisa é pensar na escola como é hoje, aonde algumas crianças deficientes vão se somar. “Não se pode articular uma política real de educação para todos, somente a partir da idéia de educação inclusiva”. Carlos Skliar finaliza elaborando uma pergunta: “De quem é o problema da criança deficiente? É da escola especial, da escola como um todo, da família? Enfim, temos muito que fazer e, sobretudo temos que fazer com que a escola para todos. Concluiu que a diferença não é negativa, todos temos e nos articulamos através disso, e a escola, porém, tem que se questionar sobre o quanto é excludente dentro do seu ambiente”. 2.4.4 O Desafio do Professor Segundo Sílvia Canto um processo de educação, tende como foco inicial o professor olhando para todos como “iguais”, bate de frente com as crianças que vão se revelando diferentes, com problemas no processo de aprendizagem e de socialização. A ausência de possibilidades que atendam as demandas pedagógicas é um novo caminho que está sendo perseguido no caminho da inclusão. Uma criança com um quadro de psicose, por exemplo, dificilmente vai responder o seu nome ao ser chamada, da mesma forma que os colegas. Vai ser mais incisiva ao marcar sua presença, vai ignorar o chamado ou vai entrar em crise ao ser convocado a ocupar um lugar no social. Conhecer a família do aluno, neste caso, é tarefa necessária. 21 A coordenadora de educação especial da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, Liliana Giordani, entende de forma abrangente o papel do professor num processo de inclusão. O movimento necessário segundo Liliane, é a necessidade de saída das paredes da educação especial e fazer a discussão como um todo, tomar a educação como um diagnostico de diferença em todos os espaços. Formar um professor que veja que a sua sala de aula é uma diferença. Isso a pedagogia tende a negar, adverte. A pedagogia fala que as diferenças são negativas as que não aprendem ou que aprendem de outra forma. “O papel do professor é articular essa diferença“ conclui a coordenadora. 2.4.5 O Que Diz a Lei A Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/96, organizada nos moldes da Constituição Federativa do Brasil de 1988, fez uma nova leitura sobre a Educação Especial, no artigo 58, onde diz ser esta a “modalidade de educação escolar”, oferecida preferencialmente na rede regular do ensino, para educandos portadores de necessidades especiais assegurando o direito de matricula para pessoas com deficiência nas escolas regulares. “Nós vivemos numa sociedade excludente, onde todos os diferentes são vistos com restrição, como os pobres, os índios e o s negros”. “Com relação aos portadores de necessidades especiais, é preciso valorizar o que eles sabem fazer, e não o que não sabem”. (Sílvia Canto, 2001). 2.4.6 O Desejo de Aprender Em meio a tantas diferenças, a aprendizagem de um deficiente passa pelo mesmo caminho, num determinado momento, dos ditos “normais”. Ferramenta indispensável neste processo é o desejo, o forte desejo de 22 aprender. Isto deve ser trabalhado desde cedo na família, que passa por diversos processos, desde a negação da doença até o momento em que se conscientiza de que deve buscar ajuda. Sílvia Canto relata que uma criança com síndrome de “down” chega a alfabetizar-se porque aí está presente o desejo da família de não vê-la mais como minoria, mas como alguém com identidade própria. 2.5 Definição Necessidades Especiais Segundo Ana Maria da Silva, as necessidades especiais são consideradas como resultado da interação de uma grande variedade de fatores, uns inerentes à criança outros ao meio e outros, muito importantes, relacionados à maneira como a escola encara a criança. 2.5.1 Escolas Inclusivas Em varias partes do mundo se encontram exemplos de escolas que conseguem lidar com sucesso com a diversidade de alunos. O estudo dessas escolas pode ajudar a compreender melhor possibilidades existentes. (Ana Maria da Silva, 1998). 2.5.2 Lidar com Deficiências As necessidades especiais se verificam quando as escolas são incapazes de lidar com as dificuldades das crianças. A partir de estudos de caso, analizam-se estratégias para lidar com as dificuldades na escola. (Ana Maria da Silva, 1998). 2.5.3 A Principal Preocupação 23 Segundo Ana Maria da Silva, a principal preocupação é atender cada aluno dentro do currículo geral, em vez de organizarem programas separados. Há uma ênfase que é posta na aprendizagem a partir da experiência, sem esquecer que também é muito importante que a escola adote uma política global que apóie cada um dos professores. 2.5.4 Ajuda e Apoio Ana Maria diz que “ajuda e apoio” é necessário em todos os sentidos, porque tendo isso as escolas crescem em processos de colaboração como meio de criar condições positivas de aprendizagem para alunos e professores. 2.5.5 O Ponto de Vista Curricular As dificuldades educativas são definidas em termos de tarefas e atividades proporcionadas aos alunos e das condições criadas na sala de aula. Tradicionalmente, as abordagens adaptados em muitos países fundamentavam-se na perspectiva dos problemas do aluno. Começa agora a ser reconhecida que essa forma de definir as dificuldades educativas tem numerosas desvantagens. Consequentemente tem-se demonstrado um interesse crescente pela perspectiva curricular. Considerem-se mais por “menorizamente” essas duas formas de definir dificuldades educativas. 2.5.5.1 Ensino Especial Ana Maria diz que essas crianças precisam de ensino especial como resposta para seus problemas. A educação especial tem a tendência para ser tudo ou nada, ou a criança é identificada como especial ou não é, ficando nesse caso na turma regular sem nenhuma atenção especial. Desse modo, o processo de identificação tornou-se 24 crucial e desenvolveu-se todo um conjunto de serviços técnicos relacionados com esse processo de classificação e de colaboração, frequentemente excluindo o professor. Também acontece muitas vezes, que os alunos só são considerados especiais se existem serviços para atendê-los. 2.5.5.2 Relacionando a Aprendizagem com Outros Assuntos Ensinamentos as diferentes materiais como se eles fossem completamente distintos umas das outras. No entanto, muitas vezes estão inter-relacionadas e interdependentes. Para que o aluno não fique com um conhecimento compartimentado, o professor deve mostrar, sempre que possível, como uma coisa nova está relacionada com outros aspectos que já aprenderam antes. Por exemplo: o conceito de coordenada é usado em matemática para localizar um ponto num plano e, do mesmo modo, as latitudes e longitudes são usadas em geografia para localizar um determinado lugar num mapa. Os gráficos não são só usados em matemática, mas também em ciências, estudos sociais e variados aspectos da vida. As formas geométricas podem ser utilizadas em artes para fazer decorações e padrões. Também se pode mencionar o seu uso como base certas escolas das belas arte. Pode tornar-se muito mais interessante o estudo das descobertas cientificas quando se relacionam com a sua influência no desenvolvimento histórico, tal como o efeito que teve a descoberta de máquina a vapor na revolução industrial. Os conceitos de matemática e de ciências podem ser facilmente evocados quando a classe participa na confecção de algum tipo de comida: medida das quantidades segundo as receitas, valor nutritivo dos ingredientes e quantidades de coloridas dos alimentos. 25 O estudo da luz em ciências pode relacionar-se como estudo das cores em arte. Ana Maria fala muito em “rotular” as crianças com deficiência, diz que é mais fácil de estabelecer uma estratégia, como aplicar tarefas a práticas com os alunos. (Ana Maria da Silva,1998) 2.5.5.3 As Ações Afirmativas São assim, medidas que visam à plantação de providencias obrigatórias ou facultativas, oriundas de órgãos públicos ou privados, cuja finalidade é a de promover a inclusão de grupos, notoriamente discriminados, possibilitando-lhe o acesso aos espaços sociais e “fruição” de direitos fundamentais, com vistas a realização da efetiva igualdade constitucional. 2.5.5.4 As Cotas das Empresas Segundo Carlos Lupi,o art. 93 da Lei nº.8.213/91, ao fixar, empresas com 100 (cem) ou mais empregados, o percentual de 2% a 5% de contratação obrigatório de pessoas com deficiência habilitadas, ou reabilitadas, está a exercer ação afirmativa decorrente da Lei, cuja implementação depende das empresas. Trata-se de programar uma iniciativa de combinação de esforços entre o estado e sociedade civil. Quantas pessoas com deficiência a empresa precisa manter contratada? A cota depende do nº. geral de empregados que a empresa tem no seu quadro, no seu quadro, na seguinte proposição, conforme estabeleceu art. 93 da Lei nº.8.213/91. (Carlos Lupi, 2007). 1- de 100 a 200 empregados.......2% 2- de 201 a 500...........................3% 26 3- de 501 a 1.000......................4% 4- de 1001 em diante.................5% 2.6 Deficiência Múltipla De acordo com o Decreto nº. 3.298/99, conceitua-se como deficiência múltipla a associação de duas ou mais deficiências. 2.6.1 Deficiência Permanente Considera-se deficiência permanente aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de nocos tratamentos. 2.6.2 Comprovação da Deficiência A condição da pessoa com deficiência pode ser comprovada por meio de: a- Laudo médico, que pode ser omitido por médico do trabalho de empresa a outro médico, atestando enquadramento legal do(a) empregado(a) para integrar a cota, de acordo com as definições estabelecidas na convenção nº. 159 da OIT, parte I, art.1; Decreto nº.3.298/99 arts. 3º e 4º. O laudo devera especificar o tipo de deficiência e ter a autorização expressada do(a) empregado(a) para a utilização do mesmo pela empresa; tornando pública a sua condição; b- Certificado de reabilitação profissional emitido pelo INES. 27 Deixando bem claro que os empregados com deficiência não podem ficar em um setor isolado. Por isso que na Lei consta que os deficientes devem ficar em todos os setores, na medida do possível. Art.2º da recomendação nº.168 OIT. Lema do ano Internacional das Pessoas com Deficiência 2004: “Nada Sobre Nós, Sem Nós”. 2.6.3 Discalculia: Transtorno Específico da Habilidade em Matemática José Alexandre Bastos diz que em um mundo cada vez mais competitivo, o aprendizado de leitura da escrita e da matemática é fundamental para que o indivíduo participe do mercado de trabalho. Os temas implicavam o envolvimento de profissionais de diversas áreas, tais como medicina, psicologia, fonoaudióloga, pedagogia, além do interesse por parte dos professores, dos pais e do governo. Segundo José Alexandre Bastos, não saber matemática parece “incomodar” menos do que ter dificuldades em leitura e escrita. Parece ser um privilegio de poucos. Não levar em conta o pensamento de Aristóteles: “Os inábeis na manipulação das pedras são enganados pelos hábeis no cálculo”. O acesso a matemática, de forma mais abrangente, só aconteceu há pouco tempo; no entanto, em países com grandes desníveis sociais como o Brasil, esse aprendizado é muito comprometido, sendo sendo uma causa importante de retenção escolar. A neuropsicologia avançou para seu melhor entendimento, colaborando no diagnostico e no tratamento das diversas situações que dificultam o seu aprendizado. 2.6.3.1 Os Cálculos Sempre Fizeram Parte do Cotidiano do Homem 28 Os cálculos sempre fizeram parte do cotidiano do homem. Ao caçar ou pescar, faziam-se marcas em ossos de animais ou em pedaços de madeira quantificando os resultados. Com a evolução e a organização das comunidades, houve o desenvolvimento da agropecuária, com conseqüentes “sobras” de produtos, surgindo o comércio. Estes fatores tornaram necessária a criação de métodos de cálculos mais práticos; controlar o rebanho de ovelhas “contando pedras”, em que cada pedra corresponda a uma ovelha, já não era suficiente. Houve a contribuição de vários povos para a evolução dos números e cálculos. 2.6.3.2 Os Egípcios Aproximadamente no ano 1.650 a.C, um escriba egípcio chamado Aahmeru escreveu um papiro, conhecido como papiro “AHMES”, contendo 80 problemas matemáticas resolvidas, relacionados ao dia- a – dia das pessoas. (José Alexandre Bastos,2006) 2.6.3.3 Os Romanos Segundo Jóse Bastos desenvolveram um sistema numérico aproveitando as próprias letras do alfabeto, contendo sete números – chaves: I: 1; V:5; X: 10; L: 50; C:100; D:500, M:1.000. que é um desenvolvimento utilizado até os dias de hoje. 2.6.3.4 Os Indus Na Síria, no ano 662, em uma reunião em um clube científico, o bispo sírio Severus Sebokt faz a seguinte afirmação: “Existem outros povos que 29 também sabem alguma coisa; os indus, por exemplo, têm valiosos métodos de cálculos. São métodos fantásticos”. Relata José Alexandre Bastos. 2.6.3.5 Os Árabes Uma característica árabe era a sua capacidade em absorver, aperfeiçoar e divulgar as descobertas de outras civilizações. Com a matemática não foi diferente. Al – Mamun, Califa de Bagdá, fundou a “casa da sabedoria” convidando vários para participar,entre eles Al – Khwarizimi, que escreveu o livro “sobre a arte hindu de calcular” no ano de 809. Os árabes tiveram um papel importante na cultura e na matemática, aperfeiçoando a aritmética, originaria da Índia, a álgebra, de fontes gregas, hindus e babilônicos; e a geometria, da Grécia. 2.6.4 A Importância da Reeducação Segundo José Alexandre Bastos, Séguim, neurologista que durante muitos anos se dedica ao estudo do deficiente mental, funda, 1845, a primeira escola de reeducação para surdos-mudos, em Paris, e, em 1850, vai para a América, onde continua a sua obra. nos trabalhos de Séguim, principalmente " Traitment Moral des Idiots et des autes Enfants Arriérres", destaca-se a importância da observação individual da criança, da reunião em pequenos grupos e do treinamento dos sentidos como fundamentais para a aprendizagem do deficiente, fundamentando o planejamento no diagnóstico de cada caso. Ao mesmo tempo que envolve uma teoria neurofisiológica para a deficiência mental, salienta a importância da reeducação. Pela estimulação intensa dos sentidos não-comprometidos, espera conseguir um adestramento do deficiente mental grave. 2.6.4.1 O Cérebro, o Processamento Numérico e o Cálculo 30 José Bastos diz que a aritmética é uma habilidade básica do cérebro humano. Os números fazem parte do nosso cotidiano: números telefônicos, senhas e outros. É uma das mais importantes invenções da humanidade, sem eles a ciência e a sociedade provavelmente não teriam evoluído. Existem argumentos afirmando que habilidade numérica é determinada biologicamente, sendo uma categoria científica de domínio do conhecimento. O sistema cerebral para números é comparável ás outras áreas cerebrais especializadas, com os responsáveis pelo conhecimento das cores, pela audição, entre outras. 2.6.4.2 O Desenvolvimento das Habilidades em Matemática José Bastos diz que existem hoje fortes evidencias de que as crianças já possuem habilidades básicas para o desenvolvimento de matemática. Wynn (1992) demonstrou que crianças podem realizar cálculos simples em torno dos seis meses de idade. Segundo Lefévre(1989), Piaget, em 1952, criou a teoria do conceito numérico da criança, demonstrando que no período operatório (6 a 7 anos) a criança desenvolve pensamento lógico-matemática. Este é o resultado das fases anteriores: período sensório-motor (até 2 anos) e período pré-conceptual intuitivo (2 a 5 anos). 2.6.4.3 O Cérebro e a Matemática A fase especulativa - A teoria frenológica de Gall Galeno, no ano de 200 d C, afirmou que existiam áreas cerebrais especializadas em diversas funções, entretanto, como domínio romano e cristianismo. Tornando-se religião oficial do Império romano, o pensamento de Santo Agostinho prevaleceu por 1.400 anos, atribuindo essas funções à existência de uma alma imortal. Segundo Sabbatini (2002, no séc. XVIII), as funções cerebrais podiam somente ser imaginados; não existiam métodos comprovadamente científicos, 31 a não ser a algumas observações em pacientes com distúrbios neurológicos. Os estudos de Gall foram completados por seu discípulo Johann Spurzheim, que colaborou também na sua divulgação. É surpreendente que, quase 200 anos após,uma das area cerebrais envolvidas no cálculo matemático foi confirmada pelos estudos com automografia com emissão de pósitrons (pét): Esta registrou o envolvimento do cortex pré-frontal do hemisfério, dominante durante a realização de cálculos, na localização comparável aquela que Gall e Spurzheim propuseram. 2.6.4.4 A Fase Científica Dois estudos considerados como os iniciadores desta fase: em 1861, Branca demonstrou a área responsável pela função expressiva da fala e, em 1874, Wernick demonstrou a área responsável pela sua função perspectiva. Na criança, têm sido relatados estudos com a denominação de síndrome de Gerstmann do desenvolvimento. Recentemente, Suresh e Sebastion (2000) estudaram 10 crianças com os sintomas da síndrome de Gerstmann: sinais neurológicos sutis, distúrbio de comportamento e distúrbio da linguagem, propondo intervenção cognitiva intensa com bons resultados. (José Alexandre Bastos, 2006, p.480). 2.6.4.5 Distribuição Hemisférica de Habilidade no Processamento Numérico Enquanto a representação cerebral para quantidades é conhecida desde 1970, apenas recentemente os estudos neuropsicológicos começaram a investigar a organização cerebral do processamento numérico no cérebro humano. Em 1984, Gazzaniga e colaboradores estudaram pacientes com lesão de corpo colosso ou seccionando cirurgicamente, mostrando que ambos os hemisférios têm áreas disponíveis para quantidade e cálculos. 32 Entre os 6 e 12 anos de idade são necessários os seguintes requisitos para o aprendizado adequado de matemática: a- Ter capacidade de agrupar objetos de 10 em 10; b- Ler e escrever de 0 e 99; c- Saber a hora; d- Resolver problemas com elementos desconhecidos; e- Compreender meios e quartos; f- Medir objetos; g- Nomear o valor do dinheiro; h- Medir volume; i- Contar em 2 em 2,5 em 5,10 em 10; j- Compreender números ordinais; k- Completar problemas mentais simples; l- Executar operações matemáticas básicas. (José Alexandre Bastos, 2006) 2.6.4.6 Imagem Cerebral e Cálculos Segundo José Bastos em 1985, Roland e Friberg foram os primeiros a o fluxo sanguíneo regional durante a execução de cálculos matemáticos, demonstrando que as áreas parietais inferiores e o cortex pré-frontal são ativados neste processo. Os estudos com tomografia com emissão de pósitrons (PET) também mostram a ativação das mesmas regiões. Estas localizações foram magnética funcional (RMF). confirmadas usando-se a ressonância 33 2.6.4.7 O Cérebro e as Dificuldades em Matemática O manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM – IV), no item 315.5, define o transtorno da matemática como: “Uma capacidade para a realização de operações aritméticas” (medida por testes padronizados individualmente administrados, de cálculos e raciocínio matemático) acentuadamente abaixo da esperada para a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo (critério A). A perturbação na matemática interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida diária que exigem habilidades em matemática (critério B). Em presença de um déficit sensorial, as dificuldades na capacidade matemática excedem aquelas geralmente associadas a estas (critério C). Caso esteja presente uma condição neurológica, outra condição médica geral ou déficit sensorial, isto deve ser codificado no eixo III. Diferentes habilidades podem estar prejudicadas no transtorno da matemática, incluindo habilidades lingüísticas e perceptuais (por exemplo, reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e agrupar objetos em conjunto), habilidades de atenção (por exemplo: copiar corretamente números ‘levados’ a observar sinais de operações) e habilidades matemáticos (por exemplo: seguir seqüências de etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas multiplicação). (José Alexandre Bastos, 2006). 2.6.4.8 Acalculia e a Descalculia do Desenvolvimento Estes são basicamente os dois tipos de anormalidades em matemática. Segundo Rosselli e Ardilla, o termo acalculia foi introduzido por Henshen em 1925, significando a perda da capacidade de executar cálculos e desenvolver o raciocínio aritmético. Em 1961, Hecaen e colaboradores estudaram 183 pacientes com lesões cerebrais e reconheceram três subtipos de calculia: 1) Alexia e agrafia para números, em que existem dificuldades para ler e escrever quantidades, com o comprometimento no hemisfério cerebral esquerdo. 34 2) Acalculia especial, em que há dificuldades na orientação especial, impossibilitando a colocação dos números em posições adequadas para se executar cálculos, com comprometimento do hemisfério direito. 3) Anaritmetia, que corresponde à acalculia primária e implica inabilidade em conduzir operações aritméticas, em conseqüência de lesões em ambos hemisféricos. 4) Classificação das dificuldades. 2.6.4.9 Aprendizagem e Deficiência Mental Aron Diament conta que quando nos referimos à aprendizagem na pessoa com deficiência intelectual (DI), não estamos abordando somente a aprendizagem escolar, como também temos que ater aos aprendizados das atividades da vida (AVDs) e das atividades da vida prática (AVPs). O conceito de deficiência intelectual no déficit de inteligência, abrangendo variadas causas pré, peri e pós natais. Entretanto, a variação da inteligência entre os componentes de uma população não depende somente de seu genótipo, mas também das diferenças ambientais, como se provou pelo peso e altura dos indivíduos. Por outro lado, os estudos populacionais com base em testes que pretendem medir a inteligência, mostram (in Diament,2005) que: ♦ Não há um limite nítido entre a inteligência normal e subnormal; o limite tem de ser arbitário. Tal conclusão está calculada justamente na dificuldade em conceituar a inteligência. ♦ A distribuição se aproxima muito de curva dita normal(ou curva de Gauss), com ligeiro predomínio dos valores muito baixos. Concluí-se daí que o componente genético da inteligência não dava para depender de um único par de genes, e sim de muitos pares de genes. Trata-se, portanto, de herança poligência atuando em diversas variáveis ambientais. (in Diament,2005). 2.6.5 Associação Americana de Deficiência Mental 35 Não é fácil definir ou conceituar a deficiência mental. A Associação Americana de Deficiência Mental (in Diament, 2005), a define como: “Todos os graus de defeito mental insuficiente, dando como resultante que o indivíduo é incapaz de competir, em termos de igualdade, com os companheiros normais, ou é incapaz de cuidar de si mesmo ou de seus negócios com a prudência normal”. Passou-se a medir a inteligência com testes de nível mental para se caracterizar a pessoa com testes de nível mental para se caracterizar a pessoa com deficiência mental. Binet e Simon estabeleceram, pela primeira vez, o conceito de quociente intelectual (QI), mediante provas que relacionavam a idade cronológica e a mental, introduzindo os termos clássicos (in Diament,2005): - Débeis mentais: com QI de 50 a 75; - Inbecis: com QI entre 25 e 50; - Idiotas com QI a baixo de 25. Entre tais termos, pelas conotações pejorativas, caíram em desuso e, em 1968, a OMS introduziu quatro níveis para a deficiência mental (intelectual) e que o DSM- IV- TR modificou, como segue: ♦ I- Profunda- QI abaixo de 20 ou 25; ♦ II- Grave- QI entre 20-25 e 35-40; ♦ III- Moderada- QI entre 35-40 e 50-55; ♦ IV- Leve- QI entre 50-55 até aproximadamente 70. Testes mentais para se determinar o nível de pessoas com deficiência mental ainda são utilizadas, embora se reconheça que o importante é verificar quais as potencialidades de cada pessoa com deficiência intelectual, e assim determinar se há possibilidade de alfabetização ou não, e em que nível; não havendo essa possibilidade, devem ser determinadas quais as capacidades 36 que a pessoa com deficiência intelectual é capaz de aprender e, claro, procurar profissionalizá-la. Porém, nos casos de deficiência intelectual grave e profunda pode não haver nem essa possibilidade. Tarnapol (1980) define tais distúrbios em crianças que não apresentam retardamento mental (SIC) ou com “disfunção cerebral mínima” (DCM), conceito este amplamente divulgado entre as décadas de 1960 e 1980 do século passado e atualmente com desuso. 2.6.5.1 É cada vez maior o número de publicação sobre a inclusão social. Qual o objetivo? Conscientizar os profissionais que lidam com a pessoa deficiente (PD, quaisquer que seja) e a sociedade incluí-la na vida societária normal. Segundo o Diament, pensa que a idéia de inclusão social é a ideal, porém devemos ter uma solução para a PD (portador da deficiência) que não tem condições de seguir sua vida, em todos os seus aspectos, quando morrem seus pais ou cuidadores mais próximos. É ainda necessário um grande trabalho de todas as entidades que lidam o portador de deficiência, qualquer que seja, para esclarecimentos que possam abolir os preconceitos e tornar a aceitação do PD na sociedade, como um todo. 2.7 Deficiência Mental (Intelectual), Síndrome de Down e Outras Causas A deficiência mental é um atraso ou uma lentidão no desenvolvimento mental da criança. A criança aprende mais lentamente que as outras da mesma idade. Ela pode demorar para começar a se mover, sorrir, demonstrar interesse pelas coisas, usar as mãos, sentar-se, caminhar, falar ou entender. Ou podem desenvolver habilidades mais rapidamente, mas ser mais lenta nas outras. 37 O grau de deficiência mental (intelectual) varia de leve a profunda. A criança com Deficiência Mental (Intelectual) leve necessita mais tempo para adquirir certas habilidades. Mas, com a ajuda, ela pode vir a cuidar de si mesma e ocupar uma posição ativa e responsável na comunidade. A criança com deficiência mental(intelectual) profunda, ao ir crescendo, pode ficar com a idade mental de um bebê ou de uma criança pequena. Ela sempre precisará ser cuidada em alguns aspectos. A deficiência mental (intelectual) não tem cura. Mas, todas as crianças com deficiência mental podem ser ajudadas a progredir mais rapidamente. Quanto mais cedo tiverem ajuda especial ou “estimulação”, mais habilidades poderão adquirir. A deficiência mental (intelectual) é somente uma das possíveis razões para o desenvolvimento lento da criança. Uma criança cega demorará a aprender a pegar objetos e a se mover-se de um lugar para o outro se não tiver auxílio e estímulos externos. Uma criança surda demorará a aprender e se comunicar se não for ajudada a “dizer” as coisas de outras maneiras que não através da fala. Uma criança que tem deficiência física grave geralmente demora em desenvolver o uso do corpo e da mente. Como o “atraso no desenvolvimento” é comum a muitas deficiências. “Com a ajuda, algumas crianças deficientes mentais podem aprender a ler, escrever e fazer muitas das coisas que outras crianças fazem”. “com a ajuda, algumas crianças deficientes mentais podem aprender a ler, escrever e fazer muitas das coisas que outras crianças fazem. (Davis Werner, 1994, p.666). 2.7.1 Causas da Deficiência Intelectual ♦ Muitas vezes a causa é conhecida; 38 ♦ Algumas crianças nascem com o cérebro muito pequeno; ou o cérebro não cresce ou não funciona normalmente; ♦ Algumas vezes há um “erro” nos “cromossomos”, que são pequenas mensagens químicas que determinam como a criança será (hereditariedade). É isso que acontece na síndrome de down; ♦ Em alguns casos, a mãe não recebeu quantidades suficientes de um determinado alimento ou mineral durante a gravidez; ♦ Pode ocorrer lesões cerebrais antes, durante ou após o parto. Além de serem deficientes mentais (intelectuais), essas crianças podem também ter paralisia cerebral, cegueira, surdez ou convulsões. As causas mais comuns das deficiências mentais (intelectuais) incluem-se em: ● Rubéola: No inicio da gravidez; ● Meningite (infecção cerebral): Causadas pó bactérias, tuberculose ou malaria, mais comum durante a primeira infância; ● Hidrocefalia: Geralmente com espinha bífida; ● Lesões cranianas; ● Outras causas: Incluem tumor cerebral, envenenamento por chumbo, pesticidas, certos remédios e alimentos e algumas formas de distrofia ou atrofia muscular. Em muitas partes do mundo, as causas mais comuns da deficiência mental é a lesão cerebral e a síndrome de down. Mas em algumas regiões montanhosas, é muito comum que ela seja causada pela falta de iodo nos alimentos e na água. Em geral, não existe tratamento para deficiência intelectual. Portanto é desnecessário saber qual é a causa. Em vez disso, precisamos ajudar a criança a se desenvolver da melhor forma que ela puder. Mas, certos remédios, alterações na alimentação ou a prevenção de um envenenamento maior 39 podem fazer uma grande diferença em alguns casos. Se uma criança tem algum sinal de cretinismo ou parece estar perdendo aos poucos a capacidade mental, tende obter orientação médica. (David Werner, 1994, p.666) 2.7.2 Síndrome de Down Segundo David Werner em muitas regiões, a síndrome de down – ou “mongolismo” – é a forma mais comum de lentidão ou deficiência mental. As crianças com síndrome de down demoram mais que as outras para aprenderem usar o próprio corpo e a mente. Existem também alguns sinais de problemas físicos. (Essa combinação de vários sinais é chamada de síndrome). O bebê não se desenvolve normalmente no útero devido a um erro nos “cromossomos” (material existente em todas as células do corpo e que determina de como vai ser o bebê). 4.7.2.1 Sinais Típicos de Down ♦ Ao nascer, o bebê parece mole e fraco; ♦ O bebê não chora; ♦ O bebê demora mais que os outros da mesma idade para se virar, segurar objetos, falar e andar; ♦ Quando é abaixado de repente, o bebê reage abrindo os olhos; ♦ A íris do olho tem tantas manchinhas brancas, como grãos de areia. Geralmente desaparecem por volta de 12 meses de idade; ♦ Cabeça curta ou pequena, larga e achatada na nuca; ♦ As vezes quadris deslocados; ♦ Boca pequena, sempre aberta; céu da boca alto e estreito, língua dependurada para fora; 40 ♦ Pescoço curto; ♦ Ombros arredondados; ♦ Rótula dos joelhos desliza para baixo; ♦ Pés direcionados para dentro e achatados; ♦ Dedo do pé bem separados dos outros dedos. ♦ Qualquer infecção prejudica mais ainda.(David Werner, 1994, p.666). 2.7.2.2 Proteção Contra Infecções As crianças com síndrome de down ficam doentes mais frequentemente que as outras crianças. Elas têm facilidades para pegar resfriados, bronquite, pneumonia e outras infecções. Portanto é muito importante proteger a saúde delas. ♦ Amamentar a criança pelo maior tempo possível. O leite materno tem “anticorpos” que ajudam a criança a combater as infecções. ♦ Como se faz com qualquer bebê, aos 5 meses começar a dar outros alimentos, como frutos, feijão, arroz e ovos, mas continuando também a mamentar. ♦ As vacinas podem protegê-la contra muitas doenças infantis. Uma criança com síndrome de down que pega sarampo ou coqueluche pode contrair pneumonia facilmente. ♦ Atenção médica precoce. Quando ela tiver dor de garganta, dor de ouvido ou tosse forte, leve-a a um agente de saúde o mais cedo possível. (David Werner, 1994, p.666). 41 2.7.2.3 Prevenção de Síndrome de Down Segundo David Werner uma em cada 800 crianças nasce com síndrome de down. Isto ocorre com maior freqüência quando a mãe tem menos de 20 ou mais de 35 anos de idade. Em alguns países é possível fazer um teste (amniócentese), a os 4 meses de gravidez para ver se a criança terá síndrome de down. Se for sim, a família pode considerar um aborto (nas sociedades onde é permitido). 2.7.2.4 Diferentes Comunidades Com Diferentes Teorias ♦ Costumes e crenças locais. Às vezes fazem com que as pessoas deficientes sejam desprezadas. Por exemplo, os habitantes de algumas regiões acreditam que uma criança nasce deficiente ou deformado porque os pais fizeram algum mal ou ofenderam os deuses. Outros acreditam que as pessoas nascem deficientes para pagar os pecados de vidas anteriores. ♦ A falta de informações corretas provoca mal-entendidos frequentemente. Por exemplo, algumas pessoas acreditam que deficiência “pega” (é contagiosa) e não deixam que os filhos se aproximem de crianças deficientes. ♦ Em muitas sociedades, acreditá-se que as crianças que tem convulsões ou doenças mentais estão possuídas pelo demônio ou por espíritos malignos. Essas crianças costumam ser temidos, trancados ou espancados. ♦ muitas crianças são abandonadas pelos pais, deixando-as com os avós. (Quando crescem cuidam dos avós com grande devoção). . (David Werner, 1994, p.666). 2.7.3 O Professor Que é Indiferente Segundo Mantoan Apud Gil (1997), o professor que é indiferente, não pode ser chamado de educador. Não quer se dizer que é fácil ou que ter crianças que necessitam de cuidados especiais em sala de aula é totalmente 42 tranqüilo de trabalhar, que todos sabem lidar perfeitamente, não é isso. Mas o que não se pode aceitar é o docente que se deixa abater diante das dificuldades, que não busca ajuda, esse sim é um fracassado, pois preferi o erro (e muitas vezes bitolar e acabar com a vida de uma criança) do que ter a humildade de pedir ajuda. 2.7.3.1 Valores Indispensáveis Segundo Graziela Alves, o mundo está em constante evolução, tudo muda, tudo acontece, mas o problema que ocorre é que, com tudo isso acabou-se por esquecer certos valores indispensáveis à vida dos cidadãos. Muita coisa evoluiu, mas às vezes o básico foi esquecido, direitos como: Todos terem condições para ter uma vida digna, de qualidade em todos os seus aspectos,... Tudo isso ficou para um segundo plano, as desigualdades e injustiças sociais cresceram assustadoramente. Aranha (2004) salienta que uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer a cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação. Ele diz que um ensino significativo, é aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados. Mantoan diz que de nada adianta colocar a criança especial dentro de uma classe comum, “se a deixarem segregada, exclusa, vegetando em sala de aula”. A pessoa com deficiência tem que sentir-se valorizada, importante, inteligente, capaz igual aos de mais estudantes. Cada um possui limites até os ditos “normais” também possui, o que o professor não pode é enfatizar a limitação das pessoas e sim mostrar-lhes que são capazes de evoluir sempre, que cada conquista não é o ponto final, é apenas o estímulo para buscar cada vez mais. Aranha diz: 43 “Escola inclusiva é, aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com as suas potencialidades e necessidades”. 2.7.3.2 O Processo de Avaliação O processo de avaliação deverá ser todo reformulado, ao se lidar com crianças com deficiência, não se pode julgar todos iguais, cada qual tem seus talentos, suas habilidades e capacidades próprias; trabalha-las, desenvolvê-las é o mais importante do que um simples número que restringe, bitola e constrange uma pessoa. 2.7.3.3 A Legislação A legislação é bem clara quando relata que se deve oferecer estudo gratuito a todas as crianças de 0 a 14 anos, mas o que ocorre muitas vezes são os pais (principalmente de pessoas com necessidades especiais) não saberem disso, de que tem direito de colocar seus filhos na escola. Cabe não só aos pais a responsabilidade de procurar matricula, mas também da escola e da comunidade, reconhecer e ir à busca dessas crianças e leva-las a escola. Aranha diz “que a escola deve buscar refletir sobre a sua pratica, questionar seu projeto pedagógico e verificar se ele esta voltado para a diversidade”. 2.7.4 A APAE Há o desafio de colocar os alunos em escolas regulares, que não são especializadas para tratar deficientes intelectuais. No entanto, há alunos que estudam nas duas escolas na – na regular e na especializada-, ou que estudam na regular e possuem atendimentos clínicos na especializada. 44 A APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), foi fundada em 21 de abril de 1996, tem como missão promover e articular ações na Defesa de Direitos, incentivar a presença, orientar, prestar serviços, dar apoio à família, direcionar a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência. A APAE é uma entidade filantrópica sem fins lucrativos. A Instituição participa do Conselho Municipal de Assistência Social e Conselho Municipal de Saúde. A escola oferece atendimento clínico e não limita a idade para o usufruto do lugar. 45 3. METODOLOGIA 3.1 Início e término da pesquisa A pesquisa iniciou-se no mês de abril de 2010 e finalizou-se no mês de setembro do mesmo ano, conforme o caderno de campo e o cronograma. (ANEXO A). 3.2 LOCAL DE PESQUISA E DESCRIÇÃO A pesquisa foi feita na cidade de Esteio, mas durante algumas pesquisas bibliográficas, a pesquisadora procurou fontes em diversas bibliotecas da região, havendo uma entrevista na cidade de São Leopoldo. 3.3 PLANO DE PESQUISA 3.3.1 Delineamento da pesquisa Este é um projeto que envolve pesquisas bibliográficas e entrevistas com profissionais da área de deficiência especial. Onde as pesquisas levantaram dados importantes sobre o projeto em questão. 3.3.2 Variáveis e definição operacional Qual a influência do estudo das ciências exatas no cotidiano dos deficientes intelectuais? ► As Variáveis: ► Ciências Exatas: Variável dependente. ► Deficientes Intelectuais: Variável independente. 46 ♦ Ciências: conjunto de conhecimentos sistematizados relativos a um determinado objeto de estudo. ♦ Exatas: que tem grande rigor ou precisão. ♦ Deficientes intelectuais: área no cérebro afetada. Atraso ou lentidão mental. 3.3.3 População e sistema de amostragem Com a idéia de fazer uma comparação entre opiniões, foram distribuídos cem questionários para habitantes de várias regiões do estado de Rio Grande do Sul, que contém uma população em cerca de 10.187.798. A amostragem foi escolhida intencionalmente, buscando-se a diversidade de conceitos de pessoas de várias idades, e, também saber se as mesmas estão informadas e se possuem interesse pelo assunto. 3.3.4 Instrumentos de coletas de dados Foi feita uma entrevista na área da deficiência intelectual com a diretora da APAE de São Leopoldo e com a fonoaudióloga da APAE de Esteio, com objetivo de compreender melhor o uso das ciências exatas nesta área e analisar de que forma as ciências exatas são utilizadas no cotidiano dos deficientes intelectuais. (ANEXO B e C) Foram aplicados questionários com pessoas de diversas idades, para que, posteriormente, pudesse ser feita uma comparação entre o que pensam sobre os deficientes intelectuais, e, sobre no que as ciências exatas podem influenciar no cotidiano dos mesmos. 47 Cada questionário continha dez questões objetivas de duas a quatro alternativas, sendo anônimos, para não expor o nome e a opinião de cada pessoa (ANEXO C). 3.3.5 Descrição das etapas Abaixo, encontram-se nove etapas, com todos os procedimentos pelos qual o projeto sofreu exatamente na ordem dos acontecimentos: - Primeira etapa A familiarização com o assunto: Foi preciso a familiarização do assunto para que a pesquisadora iniciasse o projeto, desde a familiarização dos deficientes intelectuais até a aplicação das ciências exatas no cotidiano dos mesmos. - Segunda etapa Levantamento de dados bibliográficos: Neste período, foram procurados livros, artigos e publicações em geral que falassem sobre o assunto. - Terceira etapa Leitura e análise dos dados levantados: Depois da pesquisa inicial feita, veio a seleção dos materiais recolhidos para que o referencial teórico não ficasse com conteúdos desnecessários. 48 - Quarta etapa Organização dos dados bibliográficos que foram utilizados: Neste momento foram colocados em ordem o que realmente seria usado no decorrer do projeto, e, posteriormente, no relatório final. - Quinta etapa Conclusão a partir das informações obtidas: Nesta etapa, foram finalmente postos no projeto os dados obtidos a partir das referências bibliográficas selecionadas. - Sexta etapa Entrega de questionários: Cem questionários foram entregues pela professora Sofia Leuchtenberger (orientadora do projeto) e pela a pesquisadora, para pessoas de todas as idades. - Sétima etapa Transcrição dos instrumentos de coleta de dados: Como ocorreram à formulação dos questionários aplicados e as entrevistas realizadas para melhor esclarecimento do tema pesquisado. - Oitava etapa 49 Levantamento de resultados: De que maneira foi tabulada os dados obtidos, como foram feitos os gráficos e as discussões sobre os resultados. - Nona etapa Conclusão com base nos instrumentos de coleta de dados utilizados: Aproximação do término do projeto, neste momento a hipótese se confirma errada ou correta. 50 4.1 Resultados parciais do questionário aplicado com o público de diversas idades: Questão 1: Sim 51 Não 49 Questão 2 Sim 43 Não 57 Questão 3 Especial 59 Regular 9 Especial e 7 Regular Não Sei 25 51 Questão 4: Sim 56 Não 44 Questão 5: Sim 16 Não 15 Não Sei 69 Questão 6: Sim 30 Não 52 Não Sei 18 Questão 7: Sim 89 Não 11 52 Questão 8: Sim 80 Não 20 Questão 9: Sim 11 Não 89 Questão 10: Sim 83 Não 17 Provavelmente este resultado tenha se dado pelas experiências vividas pelas pessoas que assinalaram o questionário e pelo que costumam ouvir através da mídia, em casa, ou tenham estudado e refletido o assunto em outros lugares. As tabelas demonstrativas dos resultados obtidos através da entrega de questionários pode ser melhor representada a partir dos gráficos elaborados com o objetivo de explicar o percentual dado pelas respostas: Questão 1: (ANEXO D) 53 Questão 2: (ANEXO E) Questão 3: (ANEXO F) Questão 4: (ANEXO G) Questão 5: (ANEXO H) Questão 6: (ANEXO I) Questão 7: (ANEXO J) Questão 8: (ANEXO L) Questão 9: (ANEXO M) Questão 10: (ANEXO N). 54 CONCLUSÃO A analise qualitativa dos questionários distribuídos para diferentes públicos possibilitou a pesquisadora concluir que muitas pessoas já viram ou conheceram deficientes intelectuais, mas que uma quantidade maior não tem contato social com as mesmas. Com a finalização da pesquisa pode-se concluir que a hipótese formulada pela pesquisadora estava correta. Através de fontes bibliográficas, entrevistas, questionários e visitação em escolas especiais, é correto afirmar que se os deficientes intelectuais forem estimulados os próprios adquirem conhecimentos básicos e necessários para a sua vida cotidiana. Os deficientes intelectuais utilizam as ciências exatas na sua vida quase todo o tempo, mas é necessário lembrar que tudo é muito relativo e que muitos progressos na vida dos mesmos, dependem do grau da deficiência. Muitas dessas pessoas trabalham, vão em mercados, trocam e recebem dinheiro; usam o telefone aplicando corretamente os números; dominam quantidades quando trabalham, estudam e segundo a diretora da APAE Soraina Rodrigues da Rocha, até mesmo quando estão nas oficinas, como por exemplo, na cozinha. Conclui-se que se estimulados desde cedo os deficientes intelectuais desenvolvem habilidades incríveis não somente em relação às ciências exatas, mas também em diversas áreas como esporte e dança. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ► SILVA, Ana Maria. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental Necessidades Especiais em Sala de Aula. 2 ed. Brasília: MEC/SEESP. 1998. 335p. ►BEE, Helen. O Ciclo Vital. 2 ed. Porto Alegre: Artmed. 1997. 656p. ► LUPI, Carlos. A Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho. 2 ed. Brasília: TEM, SIT.2007.100 p. ►ROTA. Newra Tellecha, Transtornos de Aprendizagem Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. 2 ed. Porto Alegre: Artmed. 2006.480p. ►WERNER, Davis. Guia de Deficiência e Reabilitação Simplificada. 2 ed. Brasília: corde. 1994. 666p. ► NUNES, Vera. Educação em Revista. 44 ed. Porto Alegre: Sinepe. 2004. 37.p. ►CANTO, Sílvia. Educação- A Escola da Inclusão. 26 ed. Porto Alegre: Sinepe. 2001. 48p. ►http:/ qqq.ensinoafrobrasil.org.br/portal/. 56 ►http:/sinepe-rs.org.br ►http://www.profala .com/arteducesp.103.htm ► http://www.ensinoafobrasil.gomes,nilma.org.br ► http://esteio.apaebrasil.org.br/noticiaphtm/n.31192 ►http://www.apaers.org.br/artigo.phtml.a.8943 57 ANEXO 58 ANEXO A Cronograma Atividade 1 Pesquisa Bibliográfica X Entrega de questionários Tabular dados Analisar resultados Elaborar relatório final Abril a julho 2 3 4 X X 1 Agosto 2 3 X X 4 Setembro 1 2 3 X X X X X X X X X 4 59 ANEXO B Entrevista 1- Quanto tempo trabalha com esta modalidade? 2- Quantos alunos a escola possui? 3- Como é o comportamento dos alunos em geral? 4- Existe diferença entre os alunos na questão da aprendizagem? 5- Quantos profissionais atuam na escola? 6- Quais são as especialidades dos profissionais que atuam na APAE? 7- Todos os profissionais são capacitados? 8- Como é feita a divisão das turmas? 9- Qual a faixa etária dos alunos que estudam na APAE? 10- Quais os conceitos de matemática aprendidos por eles? 60 ANEXO C 1-Você conhece alguma pessoa com deficiência mental? ( ) Sim; ( ) Não; 2- Você tem contato social com esta pessoa? ( ) Sim; ( ) Não; 3- Essa pessoa freqüenta escola especial ou regular? ( ( ( ( ) Especial; ) Regular; ) Especial e Regular; ) Não sei; 4- Essa pessoa consegue se expressar “ comunicar” bem? ( ) Sim; ( ) Não; 5- E questões matemáticas, consegue resolver? ( ) Sim; ( ) Não; ( ) Não sei; 6-Essa pessoa é independente? Vai ao mercado, escola, etc. Sozinha? ( ) Sim; ( ) Não; ( ) Não sei; 7- Você acredita que uma pessoa com deficiência intelectual possa ter uma vida normal? ( ) Sim; ( ) Não; 8- Você acredita que uma pessoa com deficiência intelectual possa trabalhar? ( ) Sim; ( ) Não; 61 9- Você conhece os níveis de deficiência intelectual? ( ) Sim; ( ) Não; 10- Você acha que ainda existe algum tipo de preconceito contra deficientes intelectuais na sociedade? ( ) Sim; ( ) Não; 62 ANEXO D GRÁFICOS Você conhece alguma pessoa com deficiência intelectual? 49% Sim 51% Não ANEXO E Você tem contato social com esta pessoa? 43% Sim Não 57% 63 ANEXO F Esta pessoa frequenta escola especial ou regular? 25% Especial Regular 7% 59% 9% Especial/Regular Não sei ANEXO G Esta pessoa consegue se expressar "comunicar" bem? 44% Sim Não 56% 64 ANEXO H E questões matemáticas, consegue resolver? 16% 15% Sim Não Não sei 69% ANEXO I Esta pessoa é independente? Vai ao mercado, escola, etc. sozinha? 18% 30% Sim Não Não sei 52% 65 ANEXO J Você acredita que uma pessoa com deficiência intelectual possa ter uma vida normal? 11% Sim Não 89% ANEXO L Você acredita que uma pessoa com deficiência intelectual possa trabalhar? 20% Sim Não 80% 66 ANEXO M Você conhece os níveis de deficiência intelectual? 11% Sim Não 89% ANEXO N Você acha que ainda existe algum tipo de preconceito contra deficientes intelectuais na sociedade? 17% Sim Não 83% 67 Entrevista Nome: Cidade: Escola: 1- Quanto tempo trabalha nesta modalidade? 2- Quantos alunos a escola possui? 3- Como é o comportamento dos alunos em geral? 4- Existe diferença entre os alunos na questão da aprendizagem? 5- Quantos profissionais atuam na escola? 6- Quais são as especialidades dos profissionais que atuam na APAE? 7- Todos os profissionais são capacitados? 8- Como é feita a divisão das turmas? 9- Qual a faixa etária dos alunos que estudam na APAE? 10- Quais os conceitos de matemática aprendidos por eles?