Desenvolvimento social inclusivo na América Latina e a dimensão
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Desenvolvimento social inclusivo na América Latina e a dimensão
Desenvolvimento social inclusivo na América Latina e a dimensão territorial Laís Abramo Diretora da Divisão de Desenvolvimento Social - CEPAL Seminário Desenvolvimento e Governança Regional. Diagnósticos e Perspectivas a partir da RMSP São Bernardo do Campo, 8-9 de junho 2016 ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO 1. Desenvolvimento social inclusivo: avanços e desafios no período recente 2. A matriz da desigualdade social na América Latina e Caribe 3. A dimensão territorial 4. Considerações finais Desenvolvimento social inclusivo Notáveis avanços no período recente: a que se devem? Contexto político: objetivos de erradicar a pobreza, reduzir a desigualdade e promover a inclusão social adquirem um espacio inédito na agenda pública e nas estratégias de desenvolvimento Crítica à visão reducionista das políticas focalizadas (eficácia muito limitada) e contrapostas às políticas de caráter universal Fortalecimento de uma perspectiva de direitos e da universalidade das políticas sociais como um objetivo Contexto econômico favorável: ampliação do espaço fiscal Políticas ativas no âmbito social e do mercado de trabalho de caráter redistributivo e includente Expressiva redução da pobreza e da extrema pobreza entre 2002 e 2012; a partir daí as médias regionais não se alteram América Latina a/: Evolución de la pobreza y la indigencia, 1990 - 2015 b/ (Porcentaje de personas) 60 50 48.4 43.8 43.9 40 30 20 33.5 22.6 18.6 19.3 10 0 1990 1999 2002 31.1 29.7 28.2 28.1 28.2 29.2 12.9 12.1 11.7 11.3 11.9 11.8 12.4 2008 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Pobres Indigentes Fuente: CEPAL, sobre la base de tabulaciones especiales de las encuestas de hogares de los respectivos países. a Estimación correspondiente a 19 países (incluye Haití). b Las cifras 2015 corresponden a una proyección. Entre 2002 e 2014 a distribuição da renda melhorou na maioria dos países (Índice de Gini) América Latina (16 países). Variación anual del índice de Gini, 2002-2014 y 2010-2014 (En porcentajes) 1% 2002-2010 2010-2014 0% -1% -2% -3% Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de tabulaciones especiales de las encuestas de hogares de los respectivos países. a Área urbana b No se incluye información para el período 2002-2014 porque los datos no son estrictamente comparables. c Último año corresponde a 2014 excepto Argentina (2012), Bolivia , Chile, Honduras y Venezuela (2013) A vulnerabilidade à pobreza diminuiu significativamente, mas a metade da população continua nessa condição América Latina (promedio ponderado de 18 países y de 8 países): perfil de la vulnerabilidad por ingresos, alrededor de 1990, 2002, 2008 y 2013, y según origen étnico o racial, alrededor de 2011 (En porcentajes) Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), Desarrollo social inclusivo. Una nueva generación de políticas para superar la pobreza y reducir la desigualdad en América Latina y el Caribe, Santiago, Noviembre, 2015. a Promedio ponderado del Estado Plurinacional de Bolivia (2009), Brasil (2011), Chile (2011), Ecuador (2011), México (2010), Paraguay (2011), Perú (2011) y Uruguay (2011). Aumenta a cobertura educacional: via privilegiada para reduzir a pobreza e a desigualdade América Latina (18 países): jóvenes de 15 a 29 años que concluyen la educación primaria, secundaria y terciaria, según grupo etario, 1990- 2013 (En porcentajes) Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de tabulaciones especiales de las encuestas de hogares de los respectivos países, y CEPAL, Panorama Social de América Latina, 2014 (LC/G.2635-P), Santiago, 2014. Mas persistem importantes diferenças por nível de renda e entre países América Latina (18 países): Jóvenes de 20 a 24 años de edad del primer quintil y al quinto quintil que completaron la educación secundaria a/, 1997 a 2013 (En porcentaje) Em 1997, 63% dos jovens do quinto quintil (renda mais alta) e apenas 14% do primeiro quintil (renda mais baixa) tinham nível médio (estudos secundários) completo Em 2013 essas cifras haviam aumentado respectivamente para 80% (quinto quintil) e 34% (primeiro quintil) Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de tabulaciones especiales de las encuestas de hogares de los respectivos países. a/ Promedio simple de los países. Incluye las zonas urbanas de Argentina, Ecuador y Uruguay. Aumento significativo do gasto público social, mas possível estagnação em um quadro de escasso dinamismo econômico América Latina y el Caribe (promedio ponderado de 21 países): evolución del gasto público social y del gasto público total, 1991-1992 a 2013-2014 b (En porcentajes del PIB y del gasto público total) Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de información oficial de los países. a Argentina, Bolivia (Estado Plurinacional de), Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, Cuba, Ecuador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica, México, Nicaragua, Panamá, Paraguay, Perú, República Dominicana, Trinidad y Tabago, Uruguay y Venezuela (República Bolivariana de). Políticas públicas para garantir direitos sociais como educação, saúde e seguridade social não deveriam depender do ciclo econômico Gasto social em educação, saúde e seguridade social não deve depender do ciclo econômico Em épocas de prosperidade é necessário avançar na construção de um sistema de proteção social universal, ampliando o gasto social e o financiamento Gasto público associado a políticas de emprego e à luta contra a pobreza deveria ser contra-cíclico Em contextos de desaceleração econômica, como o atual, os países devem proteger o gasto social Trabalho Decente: chave mestra da igualdade Importância dos rendimentos do trabalho para o rendimento total das famílias: • 80% (total da população) • 74% (famílias pobres) • 64% (famílias extremamente pobres) 1 de cada 5 (20%) pessoas que estão trabalhando é pobre Foi fundamental para a redução da pobreza e da desigualdade entre 2012 e 2013: diminuição do desemprego aumento rendimentos, especialmente o salário mínimo aumento da participação das mulheres aumento da formalização (empresas e emprego) aumento da contribuição à previdência Trabalho: fundamental para a redução da pobreza e desigualdade entre 2002 e 2013 na A. Latina Taxa de desemprego diminuiu de 9% a 6,1% Taxa de participação das mulheres aumentou de 50,5% a 53,3% Rendimento médio do trabalho aumentou e 4,1 a 4,9 vezes a linha de pobreza Salários mínimos se valorizaram Aumentou a formalização do trabalho e a proteção social: Diminuiram os ocupados em setores de baixa produtividade (de 54% a 49,3%) Aumentou a proporção de assalariados com contrato (de 53,4% a 57,2%) Aumentou a porcentagem de ocupados que contribui à previdência social (de 42,3 a 53,9%) Mas persistem grandes problemas, que representam um obstáculo chave para avançar na superação da pobreza e da desigualdade Relação entre aumento do salário mínimo e redução da pobreza e da desigualdade América Latina (15 países): relação entre o salário mínimo e a incidência da pobreza (2000-2011) (Em razões e porcentagens) Fuente: OIT, sobre la base de información oficial los países y CEPAL, procesamientos especiales de encuestas de hogares . Rendimento médio real do trabalho principal das pessoas de 16 anos ou mais de idade, com rendimento - Brasil, 2004 - 2014 54% Fonte: IBGE - PNAD 52% 62% 54% 72% 76% A MATRIZ DA DESIGUALDADE SOCIAL Reduzir a desigualdade é condição indispensável para erradicar a pobreza Para enfrentar a pobreza é fundamental conferir uma importância central à luta contra a desigualdade Os avanços na redução da pobreza serão frágeis e reversíveis se não estiverem acompanhados pela geração estável de trabalho decente, mecanismos de proteção social e desenvolvimento sustentável A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é um desafio e uma oportunidade: metas mais ambiciosas relacionadas à pobreza incorpora explícitamente o tema da igualdade (Re)conhecer a matriz da desigualdade social na América Latina Eixos estruturantes dessa matriz: Renda e acesso a recursos produtivos Gênero Raça e Etnia Ciclo de vida (crianças, jovens, idosos) Desigualdades territoriais (rural-urbano; regiões; municípios; intra-municípios) Essas dimensões: frequentemente se entrecruzam e se potencializam devem ser consideradas na formulação, implementação e avaliação das políticas públicas Uma de cada três mulheres não tem renda própria e é econômicamente dependente América Latina (17 países): población sin ingresos propios, por quintiles de ingreso y sexo, 1997-2013 a b (En porcentajes de la población de 15 años y más) Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de tabulaciones especiales de las encuestas de hogares de los respectivos países. a Población de 15 años y más que no es perceptora de ingresos monetarios individuales y que no estudia (según su condición de actividad) en relación con el total de la población de 15 años y más que no estudia. b Promedios regionales ponderados. Isso evidencia a existência de um núcleo duro de exclusão do mercado de trabalho que afeta as mulheres mais pobres da região Desigualdades entrecruzadas: rendimentos do trabalho dos homens brancos são 4 vezes maiores que os das mulheres indígenas e 2 vezes maiores que o das mulheres negras América Latina (9 países): Ingresos laborales mensuales medios, según sexo, raza/etnia y años de escolaridad, total nacional, alrededor de 2013 (En múltiplos de la línea de pobreza) Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de tabulaciones especiales de las encuestas de hogares de los respectivos países a/ Promedio ponderado. 22% dos jovens não estão estudando nem ocupados no mercado de trabalho; 70% são mulheres que se dedicam ao trabalho doméstico não remunerado América Latina (18 países): situación de actividad de jóvenes de 15 a 29 años, alrededor de 2012 (%) 22,0 10,5 26,5 40,9 América Latina (18 países): condición de actividad de jóvenes de 15 a 29 años que no estudian ni están empleados. Alrededor de 2012 (%) Buscan trabajo por primera vez 5% Discapacitado permanente para trabajar 5% Otros inactivos Cesantes Estudia y trabaja Solo trabaja Solo estudia No estudia ni trabaja Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), Panorama Social de América Latina, 2012 (LC/G.2557-P), Santiago. Trabajo domestico y de cuidados no remunerado 15% 20% 70% mujeres 55% Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), Panorama Social de América Latina, 2012 (LC/G.2557-P), Santiago. A IMPORTÂNCIA DO TERRITÓRIO E DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL 1. Território • • 2. • • • • Do que estamos falando? Rural x urbano Regiões do país Cidades (metrópoles, cidades médias, pequenas cidades) O território: Não é apenas um espaço geográfico; é conformado por atores e instituições é um dos eixos da matriz da desigualdade social as outras dimensões/eixos dessa desigualdade também se reproduzem no território Pode e deve ser um agente de um desenvolvimento sustentável e inclusivo, com a igualdade no centro Igualdade: não apenas de renda, mas de direitos, capacidades, autonomias 4. Informação, políticas e diálogo social 3. 23 Importância da análise em termos municipais (SMITD – OIT; Brasil, Censo 2010) Em um contexto de aumento da formalidade do trabalho no Brasil entre 2004 (46,7%) e 2014 (60,2%) - (2011: 57,2%).... • grande variabilidade entre municípios (mínimo: 2,9% - • em 60% dos municípios a informalidade era superior a 50%; a metade destes se localizava no Nordeste (em especial na Bahia, Piauí, Paraíba e Maranhão) mesmo com níveis inferiores de informalidade, as capitais abrigavam 20% do total de trabalhadores/as informais 24 • Juruá, AM; máximo: 90,1% -Saudades, SC) Um esforço concentrado em 24 municípios poderia reduzir significativamente o número de trabalhadores/as informais 1. 2. diversas capitais e grandes centros urbanos cada um com mais de 100 mil trabalhadores/as na informalidade concentram 20% do total nacional de trabalhadores/as informais O censo também permite analisar (e georeferenciar) as desigualdades ao interior dos municípios 3. Características desses 24 municípios: e, a depender do tamanho da população, desagregar os dados por sexo, idade, raça/cor e outras variáveis No caso do Brasil, a PED é outra fonte muito importante para analisar as regiões metropolitanas 25 Taxa de formalidade - 2010 Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2010. Elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU)/Deinfo 7 11 Proporção de jovens que não estudam e não estão ocupados no mercado de trabalho - 2010. Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2010. Elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU)/Deinfo. Trabalho infantil: porcentagem de crianças e adolescentes ocupadas/total da população na faixa etária - 2010 Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2010. Elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU)/Deinfo 8 PROTEGER AVANÇOS E IMPEDIR RETROCESSOS EM UM CENÁRIO DE ESCASSO DINAMISMO ECONÔMICO Proteger avanços e evitar retrocessos como em crises anteriores AMÉRICA LATINA E CARIBE: COMPARAÇÃO ENTRE O PIB PER CÁPITA E A INCIDÊNCIA DA POBREZA, 1980-2015 48,4 5.523 4.570 35 Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de información oficial. 2016 2010 2014 29,7 29,2 28,228,1 28,2 2008 2006 2004 40 31,1 PIB per cápita 2000 1998 1996 5.390 34,0 33,5 Pobreza 1994 1992 4.038 1990 1988 1986 1984 4.085 42,0 4.802 4.657 Recuperação PIB per cápita: 4.533 15 anos 4.339 1982 1980 1978 4.339 42,5 5.156 Recuperação nivel de pobreza: 25 anos versus 4800 3800 43,5 2012 40,5 44,2 2002 43,3 5300 4300 45,7 30 25 Incidencia de la pobreza PIB per cápita 5800 50 6.053 6.053 5.962 5.852 45 5.654 Conceber os programas de combate à pobreza como parte de uma política integrada de proteção social Ampliar a cobertura dos programas de transferência de renda (busca ativa) para chegar à totalidade das pessoas em situação de pobreza Ampliar o valor das transferências para que sejam suficientes para pelo menos superar a extrema pobreza Articular os programas de transferência de renda com: oferta universal e de qualidade de serviços de saúde e educação políticas de inclusão laboral e produtiva e de promoção do trabalho decente melhorias da infraestrutura rural e urbana (eletricidade, água potável, saneamento, habitação e transporte) Incorporar a dimensão de gênero e de políticas/ações pertinentes para jovens e populações indígenas e afro-descendentes Um olhar a partir do território/cidades/metrópoles Proteger avanços e impedir retrocessos: a igualdade no centro Proteger o gasto público social Gasto publico em saúde e educação não deveria depender do ciclo econômico Importância das políticas anticíclicas em momentos de crise Frente à deterioração do mercado de trabalho, proteger o emprego e os salários, especialmente o salário mínimo Além de erradicar a pobreza, redistribuir a riqueza – fiscalidade e sistema tributário Promover a participação social e pactos pela igualdade (ex:PPA participativo; agendas de Trabalho Decente) Transitar de uma cultura do privilégio para uma cultura da igualdade