estudo de mortalidade em pacientes tratados na unidade de
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estudo de mortalidade em pacientes tratados na unidade de
ESTUDO DE MORTALIDADE EM PACIENTES TRATADOS NA UNIDADE DE QUEIMADOS NO HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO DE PORTO ALEGRE A STUDY OF MORTALITY IN A BURNS UNIT AT HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO DE PORTO ALEGRE BERVIAN, Fabrício1; MAINO, Marcelo Marafon1; SCHMIDT, Marcelo Kruel1; SILVA, Vera Beatriz Gonçalves da2; ARNT, Ricardo3; MARTINS, Pedro Djacir Escobar4 1 Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, 2Enfermeira Chefe da Unidade de Queimados do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre - HPS, 3Cirurgião Plástico da Unidade de Queimados do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre - HPS, 4Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS DR. MARCELO MARAFON MAINO Av. João Wallig, 1815/319 - Chácara das Pedras - Porto Alegre - RS - CEP 90340-001 [email protected] DESCRITORES queimados, mortalidade, prognóstico KEYWORDS burn, mortality, prognostic RESUMO Introdução: nos últimos 20 anos tem-se observado importante melhora nos índices de mortalidade de pacientes atendidos em centros de tratamento de queimados. Objetivo: analisar dados epidemiológicos de pacientes atendidos em centro regional de tratamento de queimados. Métodos: estudo retrospectivo sobre 956 pacientes atendidos entre janeiro e dezembro de 2006 na Unidade de Queimados do Hospital Pronto Socorro de Porto Alegre. Foram analisados dados demográficos, agente etiológico, extensão da queimadura, tempo de internação hospitalar e mortalidade. Resultados: dos 956 pacientes atendidos no ano de 2006, 201 necessitaram de internação hospitalar. Destes, 24 evoluíram para o óbito, com um índice de mortalidade de 11,94%. queimado continue sendo relevante, tem-se observado um aumento no índice de sobrevida em centros especializados para tratamento de queimados. Em meados dos anos 90, 50% a 80% dos pacientes com queimaduras envolvendo mais do que 50% da área de superfície corporal total (ASCT) evoluíam ao óbito em decorrência de sepse, choque e falência de múltiplos órgãos. Atualmente, mais de 90% destes pacientes apresentam evolução favorável1,2. Avanços no manejo destes pacientes através de medidas específicas de reanimação, melhoria no tratamento de lesões por inalação, avanço de técnicas cirúrgicas para cicatrização das áreas queimadas e emprego de equipe multidisciplinar tem propiciado uma redução significativa dos índices de mortalidade3. OBJETIVO ABSTRACT Introduction: Over the past 20 years, there has been remarkable improvement in the chances of survival of patients treated in burn centers.Objective: To evaluate the outcomes of severely burned patients treated at a regional burns unit. Methods: We conducted a retrospective review of 956 patients with acute burn injuries admitted from January to December of 2006 in the Burns Unit of Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Details of demographics, mechanism of burn, extent of burn, length of hospital stay, and mortality rate were recorded. Results: Of 956 burn patients evaluated in this 1-year period, 201 patients were admitted at the burn unit. From this group, 24 patients died from their injuries, yielding a mortality rate of 11,94%. INTRODUÇÃO Embora a mortalidade do paciente grande Análise epidemiológica dos pacientes atendidos na Unidade de Queimados do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. MÉTODOS Pesquisa retrospectiva dos pacientes atendidos na Unidade de Queimados do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre no período de Janeiro a Dezembro de 2006. Foram analisados sexo, idade, agente etiológico da queimadura, área de superfície corporal total queimada, tempo de internação e mortalidade. RESULTADOS No ano de 2006, foram atendidos 203.317 pacientes no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS), sendo que 956 pacientes (0,47%) apresentavam algum grau de queimadura. Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 36 - Suplemento 01 - 2007 173 Duzentos e um pacientes (21,02%) necessitaram de internação hospitalar na Unidade de Queimados (UQ). Em relação ao sexo, 140 (69,6%) eram homens e 61 (30,4%) mulheres, com idade média de 24 anos (21 dias a 80 anos). A porcentagem de ASCT queimada variou de 1% a 100% (média de 17,94%). A causa mais freqüente foi a térmica acometendo 167 pacientes (83,2%), seguido por lesão elétrica em 21 casos (10,6%), química em 4 casos (1,9%) e abrasiva em 1 caso (0,5%). Vinte e quatro pacientes (11,94%) evoluíram para o óbito. O principal agente causador foi o térmico em 83,4%. O tempo de internação hospitalar variou de menos de 24 horas a 229 dias, com média de 27 dias. Catorze pacientes (58,4%) eram do sexo masculino e 10 (41,6%) do sexo feminino, com media de idade de 45 anos (19 a 80 anos). Destes pacientes, 31,81% apresentavam 50% ou mais de ASCT queimada. DISCUSSÃO REFERÊNCIAS Um estudo retrospectivo baseado em coleta de informações de banco de dados permite apenas uma análise de prevalência de uma população. As características dos pacientes, os principais fatores etiológicos e o índice de mortalidade são semelhantes aos relatados na literatura4-6. A grande demanda de pacientes que necessitam de internação hospitalar na Unidade de Queimados do HPS instigou os residentes do Serviço de Cirurgia Plástica da PUCRS a elaborarem, junto com a Chefia da UQ do HPS, um protocolo para a identificação de critérios prognósticos de gravidade. Este protocolo será iniciado a partir de março de 2007, tendo como principais variáveis idade, sexo, área de superfície corporal total queimada, mecanismo de queimadura, injuria por inalação, assistência ventilatória, profundidade de queimadura, tempo de hospitalização, tempo cirúrgico, escarotomia, transfusão sanguínea e comorbidades 1 - Merrell SW, saffle JR, Sullivan JJ, et al. Increased survival after major thermal injury: a nine year review. Am J Surg 1987; 154:623-7. 2 - Herdon DN, Gore D, Cole M, et al. Determinants of mortality in pediatrics patients with greater than 70% full-thickness total body surface area thermal injury treated by early total excision and grafting. J Trauma 1987; 27:208-12. 3 - Baldesera EC, Prieto-Palomino MA, FernándezJiménez S et al. Epidemiología, manejo inicial y análisis de morbimortalidad del gran quemado. Med Intensiva. 2006;30(8):363-9. 4 - Wong K, Heaths T, Maitz P, Kennedy P. Early in hospital management of burn injuries in Australia. Ann J Surg. 2004;74:318-23. e Ryan CM, Schoenfeld DA, Torpe WP, Sheridan RL, Cassem EH, Tompkins RG. Objective estimates of the probability of death from burn injuries. N Engl J Med. 1998;338:362-8. 5 - Saffle JR, Davis B, Williams P. Recent outcomes in the treatment of burn injury in the United States: a report from the American Burn Association Patient Registry. J Burn Care Rehabil 1995;16:219-32. 6 - Monafo WW. Initial management of burns. N Engl J Med 1996;335:1581-6. CONCLUSÃO A instituição de um protocolo multidisciplinar que avalie e identifique o paciente grande queimado facilitará a adoção de medidas mais eficazes ao atendimento, com o objetivo reduzir o tempo de internação e os índices de morbimortalidade. 174 Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 36 - Suplemento 01 - 2007